Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 26 MAR 2019 - 12H50

A nós descei divina Luz!

Santíssima Trindade

Homilia Santíssima Trindade - Ano C

João, 16,12-15

 Celebramos no calendário cristão a festa da Santíssima Trindade. Congrega-nos o ensino da fé cristã sobre a Unidade e a Trindade de Deus. Contemplando esse mistério partilhamos uma alegria muito profunda que vem de uma certeza absoluta, a maior de todas! É a certeza de nossa comunhão, nossa inserção no mistério de Deus. Na sua realidade divina. Este é o ensino mais profundo da Bíblia. Inimaginável para a religião judaica, Jesus o revelou plenamente no Novo Testamento. Os apóstolos e comunidades do início souberam formular, traduzir em fórmula teológica esta fé só após a Ascensão do Senhor. De todo o modo a fraca luz da inteligência humana precisa ser robustecida com a luz da revelação divina, tentando compreender o que for possível daquilo que Deus é em si, no íntimo de sua realidade.

Sendo um só Deus, único em sua natureza divina, age em relação a nós de três maneiras diferentes. Ou seja, na Criação age como Pai. Na Redenção age como Filho. Na santificação do homem, age como Espírito Santo. A melhor expressão sobre esse mistério é dizer: Deus é uma comunidade de amor. Ele se revelou dessa forma: um amor que é comunhão perfeitíssima transbordou-se para nós na maravilha da Criação, e na maravilha da Redenção. E continua a se transbordar nos dons do Espírito santificador. Melhor ainda do que falar qualquer coisa sobre sua misteriosa realidade, é contemplá-lo, é adorá-lo, é viver totalmente Nele. Ou seja, viver no nome (no ser) do Pai, do Filho, do Espírito Santo. Essa é a vida humana: cristianizada (divinizada) desde o Batismo, confirmada na Crisma, realimentada na Eucaristia; recuperada na Confissão e em todos os Sacramentos.

Deus é uma comunidade de amor. Um Deus que não está só, não é solidão. Um Deus que derrama seu amor sobre nós comunicando-nos seu espírito de vida. Tudo isso foi a revelação de Jesus à sua Igreja, aos apóstolos. O desejo de nosso coração, o esforço da nossa mente é aprofundar mais e mais a relação filial com nosso Deus e seu mistério. Ser conduzidos à plena verdade pelo sopro do seu Espírito. Conforme relata o evangelho de São João, Jesus repartiu com os discípulos, até onde podiam compreender, os segredos de sua união misteriosa com o Pai através do Espírito. Na última ceia, véspera de sua morte na cruz, prometeu enviar-lhes o Espírito Santo que os instruiria na verdade total. Leia: João, 16,12-15.

O texto supõe um cenário e um clima. O cenário é a última ceia: Jesus celebrava a Páscoa com os seus. O clima é o de certa tristeza e desconsolo por parte dos apóstolos que de algum modo pressentiam a separação do Mestre. O que seria depois disso? Ele prometeu que não abandonaria e até ficaria com eles ensinando-os. Como? Por meio de um dom especial, de uma presença diferente: o sopro de uma vida nova e divina. Jesus a chamou com o nome: Espírito Santo! Ou a sabedoria de Deus, a sua luz. Os apóstolos e discípulos seriam ensinados pela verdade do Espírito Santo. A luz auxiliar dada por Jesus a eles a fim de conhecer a verdade. Qual verdade? Aquela sobre a pessoa de Jesus, a sua missão em relação a nós e ao mundo. Jesus a recebera do Pai. Logo ele está revelando sua comunhão de vida com Deus. Comunhão de vida jamais imaginada desse modo pelos homens religiosos ou não. Seus discípulos formariam no mundo uma comunidade unida ao Espírito Santo, constituída na vida divina por seus dons. Encarregada de propagá-la no mundo. Com isso não ensinava propriamente uma “religião”. Oferecia um sentido pleno à vida humana!

Esse conhecimento íntimo, essa experiência do Deus infinito e invisível pelo dom do Espírito Santo, nós o vamos tendo no caminho da fé. Fé compartilhada numa comunidade movida, animada, revitalizada e inspirada pelo amor trinitário. Temos e vivemos uma convicção: a fé em Deus não foi nem será ameaçada pelo progresso das ciências. E nem a chave da sabedoria sobre Deus será dada pelas ciências e pelo progresso humano. A não ser que sejam iluminados pela luz da fé e pelo amor que vem do Deus uno e trino. A comunidade cristã é feliz porque nela o Espírito Santo de Jesus age, faz maravilhas e nos liberta da ignorância espiritual e da fraqueza moral. Enfim, a comunidade-igreja, apesar de suas fraquezas que são muitas, deve ser a projeção terrena da comunhão de vida existente na comunidade eterna.

Logo, a festa da Santíssima Trindade é festa nossa. Festa da comunidade cristã, unida em Cristo pelo seu Espírito de amor e verdade. Celebrá-la é um momento especial da nossa vivência comunitária, desde o Batismo que nos introduziu e ligou de modo vital ao mistério mesmo de Deus. Batizados, somos a sua família. E tudo fazemos ‘em nome’, isto é: o Pai, o Filho e o Espírito Santo agem por meio de nós!

 

Deus desejou para si uma família terrena: escolheu Maria e São José para dela cuidarem e serem exemplos perfeitos

Deus desejou para si uma família terrena: escolheu Maria e São José para dela cuidarem e serem exemplos perfeitos em todos os sentidos. Por isso, partilhemos os bens da família divino-humana com todos. Amor, justiça, respeito, dignidade, a santidade! Nela abre-se um projeto infinito em nossa passagem pelo mundo. Ser feliz e fazer os outros felizes na felicidade de Deus.

 

 

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