Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 02 OUT 2017 - 13H06

Advento: a salvação de Deus age por modos ocultos

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Homilia - 2º Domingo do Advento - ANO C

Vivemos um período marcante do calendário cristão: o Advento. Ele renova em nós os anseios espirituais e a expectativa do povo bíblico antes da vinda de Jesus Cristo. O Messias prometido no passado distante era uma expectativa ardentemente desejada nas incertezas da hora. Se pesavam as injustiças, a opressão, a dominação em dado momento, mais viva se fazia a expectativa dos “tempos messiânicos”. Neles o Messias viria também como juiz contra os injustos, os aproveitadores corrompidos do povo aliado de Deus, e contra seus inimigos.

Hoje, após a vinda de Jesus, nós cultivamos a espera messiânica em outra chave histórica, mas até com mais consciência, compreensão religiosa e convicções. O povo bíblico do A.T. vivia a pré-história de Jesus Cristo. Nós, povo bíblico do NT, vivemos e construímos com ele a sua pós-história. Já conhecemos a sua mensagem. Acolhida no coração e ainda não vivida na vida pessoal e social. A fé vai nos aclarando nos caminhos da justiça de Deus e preservando-nos da multiforme corrupção humana. Sem dúvida é-nos difícil manter o impulso da conversão, o esforço próprio do compromisso coerente e sincero. Ressoa oportunamente aos nossos ouvidos hoje também a voz enérgica do profeta João Batista proclamada há dois mil anos atrás: “Preparai o caminho do Senhor! Endireitai suas veredas” (Lc.3,4). Ouvindo os apelos espirituais do Advento, ligando-nos à nossa comunidade, cresceremos na consciência cristã sobre o momento presente. Saberemos descobrir os sinais de Deus, porque são sinais de sua salvação para nós, em Jesus Cristo.

O Natal de Jesus não foi espetáculo de poder e sim de amor de um Deus, nossa salvação. A única possível, logo é urgente tomar consciência e esperá-la conforme o figurino bíblico-evangélico. Preservar o conteúdo espiritual-salvífico do Natal e não só as emoções habituais e passageiras. Elas não incentivam tanto a fé na vinda de Jesus, mas apenas as compras, os presentes, o comer, o beber. Encontramos no evangelho de Lucas as coordenadas históricas da vinda de Jesus. De um lado o Senhor veio ao mundo sujeito aos poderes terrenos. De outro, sua vinda é a libertação de Deus inaugurando um projeto novo de vida, início de uma nova história.

Leia: Lucas, 3, 1-6.

Aparentemente o foco da narrativa é o ministério de João Batista como mensageiro do Messias. Mas a intenção do evangelista Lucas é mais profunda. É teológica. Ele divide a História em duas: a dos homens e a de

A seguir, no texto, Lucas lembra o papel do profeta Isaías. Lá no passado, durante o exílio, Isaías animava o povo prestes a voltar para a Pátria. Ora, João Batista também repetia a mensagem do profeta indicando a vinda do Messias. João era “a voz que gritava no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas”. E assim todas as pessoas verão a salvação de Deus!

 

Olhando para Maria, a Virgem da espera!

A linguagem figurada do profeta João é sugestiva ainda para a nossa cultura. Sem nos preparar, sem nossa acolhida e colaboração, não acontece a hora de Deus em nossa história. E Jesus não nos salvará. Maria acolheu em primeira mão, antes de todos os mortais, o Messias. Mais! Pode-se dizer que nela começaram os “tempos messiânicos” para toda a humanidade. Ela, aliás, é a mulher típica da expectativa, na passagem do AT para o NT! É a mãe do Advento! Esse tem um apelo provocativo num ambiente de descrença e desinteresse espiritual. Quem ficar alheio à fé ficará preso às ocupações, fantasias e emoções do natal comercial. Com o auxílio materno de Maria, preparemo-nos para saborear a alegria e a paz de um encontro pessoal com Jesus, o Salvador. Quem sabe a “Novena de Natal” não seria um meio de retificar nossas “passagens tortuosas”?

                                                                                          

 

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