Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 26 MAR 2019 - 12H51

Quaresma: a justiça e misericórdia de Deus se entrelaçam

Videira plantada pelo padre Vítor embeleza Memorial Redentorista

3º DOMINGO DE QUARESMA Lucas 13, 1-9

            Quaresma, opção de conversão em vista da Páscoa. O mistério pascal, ou seja, a vitória de Jesus sobre o pecado e a morte, é o fundo luminoso da Quaresma. Caminhamos para uma vida humana fraterna, libertada do egoísmo e da ambição, vitoriosa sobre as injustiças, glorificada pelo perdão divino no sangue misericordioso de Cristo. Entretanto, os 40 dias são um “tempo bíblico”, isto é, estão passando! Deus nos dá “um tempo” que é oportunidade preciosa de graça e amor! Agora, temos o seu favor, temos tudo para nos corrigir, nos emendar de nossos erros, abandonar nossos pecados e transgressões e mudar verdadeiramente o comportamento injusto ou reprovável. A liturgia nos inspira a rezar; a Igreja nos motiva para o esforço de fraternidade concentrando nossa responsabilidade no Saneamento básico da “Casa comum”; a comunidade cristã reparte a Palavra de Deus. Enfim, estamos conscientes: a conversão é necessária. Trata-se de um processo, um contínuo retomar a caminhada. Sabemos que Deus é solidário conosco, é paciente e misericordioso em nos ajudar. Na Quaresma, tempo mais favorável de mudança, nos dá um espaço santo, uma espécie de “chão sagrado”, onde pisamos como Moisés ao fazer a sua experiência do Deus libertador, atraído por um espinheiro em chamas lá no deserto. O “chão sagrado” do contato com a misericórdia e a justiça divinas se transforma em “envio ou missão”. E aí a conversão nos encaixa no Projeto libertador como foi o caso de Moisés: enviado por Deus ao povo que sob a dureza da opressão, clamou por ele. “Eu vi a aflição do meu povo... Sim, conheço os seus sofrimentos. Desci para libertá-lo...” (Ex 3,7). Assim, estamos no: “caminho de Jesus”, na sua Páscoa, no seu itinerário para Jerusalém onde a cruz o esperava como passagem para a ressurreição. Leia Lc.13, 1-9.

            Jesus havia tomado a decisão de ir até o fim na sua consagração a Deus, custasse dele o que custasse. Compreendeu que Jerusalém, o Templo, centro do poder religioso, seria também a meta final de sua vida. Ali se cumpriria o projeto libertador do Pai através do sacrifício do Filho, rejeitado pelos chefes do povo. A rejeição, porém, acarretaria o Juízo de Deus sobre a raça humana e seu pecado. Vencido ficaria o pecado na carne e no corpo de Jesus, o inocente cordeiro imolado, mas ressuscitado!  Então, o “caminho de Jesus para Jerusalém” é, na pena e na intenção de Lucas, um ensino teológico sobre o mistério pascal! Enquanto narra os episódios dessa viagem, Lucas vai apresentando ao seu leitor os temas, as condições e as exigências de como ser seguidor e discípulo de Jesus. Se Jerusalém, com o seu significado de juízo de Deus sobre o pecado, é a meta da vida de Jesus, então o discípulo seu deve estar também nesse caminho.

            O juízo de Deus vai condenar o Filho inocente para salvar o pecador culpado, mas é preciso viver atento às chances dessa salvação. Do contrário serão inúteis a misericórdia e a paciência de Deus. Na mentalidade da época, as desgraças e calamidades eram vistas como castigos dos pecados. As pessoas atingidas mereciam a tragédia por causa de suas culpas. Estavam pagando o que deviam. Assim pensava o povo bíblico antigo. Jesus não aprova nem desaprova esse modo de pensar, mas aproveita para advertir: quem sofre uma desgraça ou tragédia não é mais pecador do que todos os outros homens. Se esses não se converterem vão morrer do mesmo modo, não vão escapar da desgraça funal! Julgar-se bom e sem culpa comparando-se aos demais, é perigoso. Deus está dando oportunidade a todos. Por enquanto ele tem paciência e é solidário conosco, ensina Jesus ao falar da figueira que não dava frutos. Deus é paciente e misericordioso com todos. Espera que produzamos os frutos de uma vida segundo suas leis, vida justa e santa. Se de um lado, o tempo da vida mostra a paciência de Deus conosco; de outro lado ninguém pode desperdiçar esse tempo. Ele é único! É um risco sério vivê-lo sem a preocupação de servir a Deus em todos os momentos e situações.

            A figueira que não produzia frutos durante três anos sinaliza para o leitor os 3 anos do ministério público de Jesus na terra. O dono do terreno em que estava plantada a figueira resolveu cortá-la. O empregado pediu um tempo: iria adubá-la melhor, dar-lhe um cuidado especial. Se mesmo assim, ela não desse frutos, o dono a cortaria.

            Tudo isso é imagem bíblica do procedimento paciente de Deus conosco. Ele espera colher os frutos de conversão e mudança de vida e não os encontrando em nós vai nos condenar. Jesus, o empregado da parábola da figueira, intervém em nosso favor e afasta o juízo de Deus. Fará por nós um último esforço dedicando-nos um cuidado especial, com um amor até o extremo! Jesus é, de fato, a última chance de conversão para Deus que nós temos!

                                   Maria no caminho pascal de Jesus

            O espírito do tempo Quaresmal nos ajuda a fazer a reviravolta radical em nossos valores. Mas, esse tempo favorável da graça está passando. Será que estamos caminhando no caminho de Jesus, para a sua Páscoa? É bom valermo-nos da ajuda especial e materna de Maria, mãe do Verbo. O seu “sim” a Deus não é só admirável, mas é representativo do nosso sim de conversão e renúncia.  Sem dúvida a piedosa virgem rezava o salmo que a Igreja proclama neste domingo da quaresma: “Escutemos hoje e sempre a Palavra do Senhor. Ele educa o seu povo na verdade e no amor”.

 

Pe. Antonio Clayton Sant'Anna, CSsR

 

 

 

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