Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 26 MAR 2019 - 12H46

Festa de Cristo Rei

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Festa de Cristo Rei - Lucas, 23,35-43

A festa de Jesus Cristo, rei do universo fecha o ciclo litúrgico de mais um ano. No calendário cristão o tempo começa e finaliza-se em Jesus Cristo. Ele é o “alfa” e o “ômega”; o início e o fim, Senhor do tempo e da história. Está em foco o papel bíblico de Jesus, o Messias-Rei, o ungido por Deus, o seu Cristo. Deus havia prometido um Messias à dinastia real de Daví, o rei mais famoso da Bíblia. E nas profecias antepassado real de Jesus. O anjo anunciara a Maria: “Darás a luz um filho... e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; ele reinará para sempre... e seu reino não terá fim!” (Lc 1, 31ss).

Foto de: https://imagensbiblicas.wordpress.com/tag/crucificacao

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Somente os caminhos da humildade, do serviço, do respeito à vida digna
para todos é que vão salvar os povos das guerras, terrorismos e do ódio.

Jesus veio inaugurar a realeza do serviço na fraternidade. Falou do Reino de Deus não com a fama, poder e glória dos tronos humanos, mas como dinamismo transformador que constrói em todo o mundo a verdadeira paz fruto da justiça e do amor. Armas de guerra supersofisticadas, exércitos, canhões, aviões e bombardeiros dominando o céu e a terra destroem e matam. Jamais implantaram paz e justiça em nenhum lugar do mundo. A ambição do dinheiro, a prepotência, o orgulho do saber e da vaidade, a corrupção política nada disso vai produzir um mundo melhor nem garantir o bem e a verdade nas relações sociais e pessoais. Somente os caminhos da humildade, do serviço, do respeito à vida digna para todos é que vão salvar os povos das guerras, terrorismos e do ódio. E vão preservar a natureza o ar, a água, o solo fértil, o progresso das nações.

A festa de Cristo Rei não visa o prestígio da Igreja. Menos ainda cultivar o carreirismo dentro dela. Não! Seu objetivo é apregoar aos homens a misericórdia de Deus manifestada no jeito de ser e na doutrina de Jesus. Quanto mais desprezado e odiado, tanto mais ele perdoava e amava a todos, incluindo os investidos de poder seus adversários. Ele acolhia e perdoava todos quantos sofriam por serem pobres, humildes ou vítimas da prepotência e das injustiças. Foi o bom pastor à procura das ovelhas desgarradas. Até na agonia do Calvário, oferecia a misericórdia a seus algozes. A cruz foi seu trono real. Por ela tomou posse da realeza plena sobre todos e tudo. Cabe a nós proclamar e afirmar a soberania de Jesus Cristo, enfrentar do jeito que for preciso a descrença, a zombaria dos intelectuais cheios de seu próprio saber, a intolerância da esquerda e da direita políticas.

 

Não podemos confundir a realeza de Cristo com poderes mundanos: político, econômico, ideológico. 

Não podemos confundir a realeza de Cristo com poderes mundanos: político, econômico, ideológico. O conceito de rei do universo é dado a Jesus na História da Salvação. A unção real dele aconteceu na cruz onde o amor o pregou e no túmulo glorioso de sua ressurreição. Leia: Lucas, 23, 35-43

O texto deixa clara a ausência do triunfalismo humano no título real atribuído a Cristo. Primeiro menciona as zombarias dos chefes ao crucificado: “A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo se de fato é o Cristo de Deus, o Escolhido”!

 (v.35). Mesmo assim ofendido Jesus de Nazaré era o “rei dos judeus” conforme o letreiro à sua cabeça na cruz, contrastando-se às caçoadas: “Acima dele havia um letreiro: ‘Este é o rei dos judeus”. As zombarias retratavam o espírito dominador e opressor dos chefes, e o letreiro sinalizava a prepotência de Pilatos. Ora, os líderes e dirigentes religiosos judeus bem conheciam as promessas bíblicas sobre a vinda do Messias como rei de Israel. Também os textos proféticos que insistiam no caráter religioso libertador do Messias. Mas interpretaram as profecias com expectativas nacionalistas. Ele viria como um guerreiro, um novo rei com a fama de Davi, para restaurar o orgulho nacional ferido por invasores mais fortes e no tempo de Jesus humilhado pelos romanos. A ambição do poder gera o poder da força que arma os soldados. No Calvário eles eram o braço opressor da tirania que destrói a dignidade da pessoa. Também eles repetiram a voz dos chefes e ofenderam a Jesus.

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Maria, a mãe do Nazareno crucificado,
acompanhou sua agonia bem ao seu lado.

Entretanto foi exatamente alguém rebaixado em sua dignidade humana que intuiu a realeza de Jesus e a chance de crer nele. Um dos dois bandidos crucificados ao seu lado ouviu os insultos do seu parceiro criminoso e o reprovou: “Nem agora na cruz temes a Deus? Nós pagamos o que merecemos, mas ele não é um dos nossos.” Era o arrependimento da vida criminosa. Era a confiança no poder daquele rei sem trono e sem coroa, julgado malfeitor como eles, embora inocente. Pediu- lhe: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. Na sua resposta imediata o crucificado deu mais um sinal da sua realeza divina: “Ainda hoje estarás comigo no Paraíso”. Sim, ele possuía o exercício supremo da misericórdia de Deus. Misericórdia que é o perdão e a justiça do reinado de Deus à disposição de quem o invoca arrependido de suas próprias culpas. A salvação acontecia ali quando um bandido se entregou ao poder do Rei Messias.

Maria, a mãe do Nazareno crucificado, acompanhou sua agonia bem ao seu lado. Presenciou e ouviu tudo. Não se revoltou. Abandonou-se nas mãos de Deus. Confirmou, agora com lágrimas e indizível sofrimento, o “sim” da encarnação. Que por sua intercessão maternal nosso coração se abra ao poder da misericórdia divina pelos méritos do seu Filho, nosso rei. Seja este o propósito que guardaremos no fim do ano jubilar da misericórdia. “Venha a nós o vosso Reino!”.

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