Ele não se separou de nós: foi à frente garantir o nosso destino!
As celebrações festivas do calendário litúrgico cristão, rezado a partir da Bíblia, nos leva a participar do mistério de Jesus Cristo. Estamos finalizando os 50 dias bíblicos da Páscoa que vai terminar na festa de Pentecostes. Há muitos séculos a Igreja inseriu no calendário uma celebração referente à despedida de Jesus. Ao “adeus” ou à separação definitiva dele em relação aos apóstolos. É a festa da Ascensão do Senhor. Ou seja, a elevação do corpo glorificado de Jesus de Nazaré à realidade divina, ao seio da Trindade! Isso aconteceu no instante mesmo da ressurreição, mas houve um tempo pós-pascal em que apóstolos e discípulos presenciaram aparições do Mestre. É claro que a glória divina ficava escondida na visibilidade das aparências normais do corpo humano. Diz o livro Atos dos Apóstolos: “Após a sua paixão Jesus apresentou-se vivo com muitas provas, aparecendo aos apóstolos durante quarenta dias e falando-lhes do Reino de Deus” (1,3). “Depois... Jesus foi se elevando à vista deles, e uma nuvem escondeu-o a seus olhos. E enquanto ele partia, ficaram olhando para o céu.” (At.1,9-10). A nuvem na Bíblia simboliza a realidade divina.
A Ascensão de Jesus, dentro do sentido catequético do Novo Testamento, marca a entrada da condição humana de Jesus no domínio de Deus. Lá ela está escondida no divino até sua segunda vinda. É o que ensina o artigo 6º do Credo: Subiu aos céus e está sentado à direita de Deus Pai todo poderoso! Aqui, Jesus permanece junto a todos os seus discípulos através do dom da fé. Fé que reúne a comunidade animada pelo Espírito Santo dele, e assim movida para continuar sua missão. Leia: Marcos, 16,15-20.
Muitos foram e são os estudiosos do Evangelho. As pesquisas e estudos vão a fundo. Hoje a maioria desses estudiosos acha que esta passagem foi escrita mais tarde e aditada ao texto já conhecido como ‘Evangelho de São Marcos’. Ou seja, outra pessoa fez aí um acréscimo. Este revela o estágio posterior da fé vivida pelos cristãos. Ao que parece resume as aparições de Jesus ressuscitado relatadas nos outros três evangelhos.
A presença de Jesus se manifestará sempre na sua Igreja
O mais importante no texto é que ele documenta a fé progressiva em que a Igreja nascente foi assimilando a nova presença de Jesus no meio dos seus seguidores. Os cristãos foram amadurecendo esta fé que os unia e os abria a uma dimensão missionária. Se Jesus estava plenamente glorificado junto ao Pai e se ele não iria aparecer mais, caberia aos seus discípulos anunciar a sua vida e obras. Testemunhar o Evangelho como projeto de vida. A presença de Jesus se manifestará sempre na sua Igreja enquanto ela proclamar em todos os tempos e lugares o Reino de Deus. “Ide pelo mundo inteiro e proclamai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado.” (Jo. 16,15-16).
Esse mandato de envio nos revela como os cristãos das primeiras gerações entenderam sua ligação com Jesus. O batismo em nome dele não era um compromisso simbólico. Era participar daquilo que Jesus é. Como batizado o discípulo anuncia o Reino mediante sua fé em Jesus. Uma fé viva, ativa, operante e transformadora. Onde existir a vivência e o anúncio dessa fé, aí haverá também os sinais do reino celeste do qual Jesus tomou posse. Os sinais de seu poder, da sua presença ativa e transformadora continuarão acontecendo dentro da comunidade cristã. Tudo aquilo que Jesus fizera tornava-se a herança dele para os seus discípulos: vencer o poder do mal, sofrer sem ser destruído ou vencido, comunicar vida nova, a vida pascal aos pobres, oprimidos e doentes. Enfim, um novo projeto social fundado na fraternidade, no amor do Mestre.
Maria, ícone do discipulado-missionário
Maria animou a igreja nascente a “por mãos à obra” nas tarefas comuns que constituíram o discipulado missionário. Além do carinho e da veneração à sua figura de mãe, ela passou a ser vista como a testemunha mais fiel de tudo o que acontecera com Jesus. Ela vivera todo o drama final da “hora de Jesus” e acompanhou a comunidade nascente. Silenciosa e contemplativa dava apoio a todas as interrogações e expectativas do grupo. A Ascensão iniciou a nova presença de Jesus com os seus. A comunidade ia descobrindo o ‘Jesus da fé’: partilhando experiências, lembranças e orações. Faziam a releitura do Antigo Testamento, ligando os fatos da vida e ministério de Jesus aos anúncios proféticos da vinda do Messias. Descobriam o sentido tipológico que estava pré-figurado no sentido literal das narrativas e apontava para algo que a vinda de Jesus realizara. Melhor que os apóstolos e todos os demais, Maria foi então a “primeira intérprete” das Escrituras aplicadas a prática de Jesus.
O texto final do evangelho de Marcos é um mandato missionário. Assim sugere que recebido o envio os discípulos o cumpriram de imediato. “Os apóstolos partiram e pregaram por toda a parte. O Senhor cooperava com eles e confirmava a Palavra com os sinais que a acompanhava”. (v.20) Que a festa da Ascensão incentive também o nosso ardor missionário! Vivamos a alegria da fé em Jesus. Ame-o na sua Igreja e nunca a deixe!
EVANGELHO
(Mc 16,15-20)
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