Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 26 MAR 2019 - 12H50

Igreja: comunhão que faz irmãos; comunidade em missão

jesus_pescadores Homilia  - 3º Domingo da Páscoa - Ano C   

Jo 21,1-19       

A Palavra nos anuncia hoje a catequese básica da Igreja primitiva desde o século 1º sobre a fé pascal, a fé no Cristo Senhor. Senhor, porque vitorioso sobre as forças da morte e do pecado. Foi o primeiro anúncio evangelizador! É intitulado: anúncio kerigmático! Razão de ser da Igreja! Ela é formada por aqueles que, acreditando na ressurreição, caminham para ela e a fazem acontecer no mundo inteiro em todos os tempos. Por que nós cristãos, amamos Jesus, aceitamos sua doutrina e a pregamos? Por que ele foi um grande sábio, um líder humanista, uma personalidade carismática e tal? Não. Seria muito pouco para entregar-Lhe mente e coração. Cremos porque Ele é o Senhor! Só Deus é o Senhor, no sentido bíblico. Jesus possui a vida divina. Na sua humanidade esconde-se a maravilhosa realidade do ser de Deus. Ele é o Senhor porque venceu o domínio do mal e do pecado. Conquistou para todo corpo humano um novo modo de existir. Tudo que de mais grandioso e bonito fosse atribuído a Jesus de nada valeria se não pudéssemos afirmar: Jesus Cristo está vivo. Ele ressuscitou! Essa é a fé que pereniza a Igreja em todos os tempos e culturas!

Cremos com toda a alegria! A fé na ressurreição nos reúne, irmana no sentido existencial comum e reabastece sempre o trabalho da Igreja: o religioso e evangelizador, o social, beneficente, e cultural. Sem Jesus a Igreja fracassa! Ela sempre o “descobrirá” ao soprar as brasas de sua vida ressuscitada sob as cinzas da morte vencida. São João narra a aparição definitiva dele aos apóstolos. Leia: João, 21, 1-19.

 

A comunidade cristã - representada no grupo de pescadores reunidos com Pedro na barca - será útil e necessária se anunciar aos povos a vida nova de Jesus.

A aparição acontece ao ar livre e no contexto do trabalho diário: a pesca no lago. Pedro vai pescar e sete discípulos decidem ir juntos. Seria reconhecimento de sua liderança? Os detalhes são simbólicos. Por que sete? Os apóstolos eram doze. Com a traição de Judas entregando Jesus ficaram 11. Apareceu apenas a 7? Na linguagem bíblica sete indica totalidade, coisa completa e acabada; a perfeição. A semana tem sete dias, é uma divisão completa do tempo. A comunidade cristã perfeita está aberta para o futuro. Não apenas os 12 que lembravam as 12 tribos de um povo só, o de Israel. Sendo sete os discípulos unidos na tarefa da pesca, representam aqui toda a humanidade. Todos os povos. Sob a liderança de Pedro trabalharam a noite toda com resultado nulo. Pescaria falha (v.3). O que significa isso? Significa o trabalho da comunidade cristã sem a fé pascal; sem anunciá-la ao mundo. Aí entra a catequese sobre o Cristo da Páscoa. A comunidade cristã - representada no grupo de pescadores reunidos com Pedro na barca - será útil e necessária se anunciar aos povos a vida nova de Jesus. Se não viver e agir com essa fé na morte e ressurreição de Jesus, será inútil e estéril. Sem a luz da ressurreição só haverá a noite no trabalho da Igreja, inútil como uma pesca frustrada.

Eis que ao amanhecer vindos da pescaria noturna com as redes vazias, os pescadores são recebidos por alguém na praia. Era Jesus, mas não o reconheceram. Isso parece aludir à sua nova condição de ressuscitado. Os pescadores entristecidos foram aconselhados pelo “desconhecido” a tentarem mais uma vez jogando a rede à direita da barca. Na Bíblia, a expressão “à direita” sugere honraria e poder. O Cristo por ter sido obediente a Deus até a morte está à direita do Pai celeste que o ressuscitou e lhe deu o máximo poder (Ef 1,9-21). Aqui sinaliza-se que se a comunidade escutar a palavra do Senhor, terá um lugar “à sua direita”. Tendo acolhido a Palavra os pescadores encheram a rede de peixes. Simboliza-se a ação missionária da Igreja. Se ela trabalhar e evangelizar sempre em sintonia com o projeto de Jesus, aí o seu trabalho será fecundo e abundante.

Na segunda tentativa a pesca foi bem sucedida. São convidados por Jesus a desembarcarem e virem comer. Estranhamente já havia na praia “brasas acesas com peixe em cima e pão” (v.9). Já sabem que era Jesus quando ele os convida a acrescentarem sobre as brasas alguns dos peixes que pescaram. Aqui a narrativa parece referir-se à eucaristia, à comunidade reunida à mesa da ceia do Senhor pascal. Isto é, fazendo a memória viva da morte e ressurreição de Jesus.

Aos domingos temos a chance de nos reunir na comunidade cristã e fazer a refeição com o Jesus ressuscitado. Na comunhão recebemos a carne dele, a mesma que Maria gerou no seu próprio corpo sob o sopro do Espírito de Deus. Mas, revestindo-se da nossa experiência humana, a carne de Jesus, filho de Maria e do Altíssimo, foi divinizada e glorificada para ser alimento como “Pão do Céu”, semente de vida eterna para os peregrinos a caminho.

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