Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 26 MAR 2019 - 13H14

José, o justo; Maria, a virgem; Jesus, o Deus conosco!

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4º Dom.Adv. A

Mt 1,18-24

Iluminemos com o anúncio da Palavra de Deus a preparação do Natal! O primeiro passo é ficar no clima espiritual do Advento que nos defende contra o afã do consumismo. O rolo compressor do marketing nos sufoca e nos faz ver o natal como uma lista de compras a fazer para festar e nada mais. A propaganda procura apenas alavancar os interesses e os lucros do comércio de ocasião. Nada a ver com o espírito e o sentido do Natal. Todo cristão deve se precaver contra essa armadilha. Se não o fizer terá um natal vazio, um natal sem o seu dono: Jesus, o Emanuel: Deus conosco!

            Como advertência salutar à preparação, o Advento convida à vigilância e à fidelidade! Na celebração do seu mistério Jesus conta conosco para mudarmos a nossa própria história, eivada de egoísmo e sujeita a todo o tipo de injustiças. Para muitas pessoas pobres, o Natal, ao menos nas aparências sociais, traz tristeza e certa revolta. Se talvez ouviram falar em Jesus Cristo não perceberam ainda ao redor de si, o testemunho de fé, a prática viva do amor, da fraternidade, da partilha ensinados por esse Jesus, conhecido quando muito nos símbolos natalinos! É nossa responsabilidade anunciar o verdadeiro Natal com atos concretos de fé, com gestos de amor sincero, com a prática desinteressada da caridade. Em comunidade precisamos ser para o mundo hoje o que foram José e Maria na expectativa de Jesus. José primou pela honradez e confiança na Palavra. Maria foi a virgem gestante, grávida da salvação que vinha de Deus! Se Jesus é “Deus conosco”, ele é isso em cada um de nós! De certo modo, cada um de nós está gerando Jesus, o Salvador, para o nosso tempo.

            Logo no capítulo 1.º do seu Evangelho, São Mateus nos dá o significado messiânico da pessoa de Jesus para todos os homens. Ele será: “Deus conosco”. O nascimento de Jesus concretiza a solidariedade total de Deus com a vida. Ele mesmo gera um salvador humano no seio de uma virgem: Maria. Leia Mateus 1,18-25.

            Desde o início os cristãos viveram essa fé: Cristo Jesus, o salvador-messias, é o Filho de Deus nascido de mãe humana. Mateus salienta que Jesus nasceu de uma virgem, isto é, uma mulher solteira já prometida em casamento na cultura judaica. Era uma noiva e seu noivo chamava-se José. José e Maria fizeram a promessa mútua de casamento perante duas testemunhas como exigia o costume legal judaico. Um ano depois o noivado dava-lhes direito a morar junto. José conhecia a honestidade de sua noiva Maria. Colhido pela surpresa da sua gravidez imprevista e sem saber o que pensar não quis denunciá-la por adultério, como seria a saída honrosa para ele. Resolveu intimamente abandoná-la. O texto bíblico assume de modo expresso a situação pré-matrimonial de José e Maria.

            Mas, a gravidez de Maria era misteriosa. José inspirado no íntimo por Deus descobriu o que estava acontecendo e qual seria o seu papel em relação a Jesus e Maria: colaborar com a iniciativa libertadora divina em favor da humanidade. São Mateus recorre ainda à profecia de Isaías ao explicar a origem humana de Jesus. Ele será o “Emanuel”, citado no profeta. Isto é, um “Deus conosco”, tão solidário a ponto de se revestir da nossa própria carne. Maria, a virgem que se torna mãe sem ato sexual, representa em sua virgindade a humanidade justificada porque recebe a maravilhosa intervenção divina que lhe dá uma vida nova. Graças à disponibilidade total de Maria, Deus se faz um de nós. O texto ensina que Deus faz coisas novas – vida nova – onde sua iniciativa é acolhida por pessoas justas, como José e Maria, abertos e disponíveis a estar com o “Deus-conosco”. Logo, o importante mesmo no Natal é cuidar da festa interior, da alegria de sentir-se salvo. Muitos parecem nem experimentar esta alegria e nem se dar a chance. Não refletem no mistério de Cristo, nem se interessam por entrar numa igreja, ir à missa, ouvir uma pregação. Talvez nem rezam no dia de Natal pois dele só experimentam o que a propaganda, o comércio, os hábitos de consumo oferecem. Seria uma pena!

            A Virgem conceberá e dará à luz! “Se para a mãe, o filho sempre lembra o pai, para Maria, Jesus não lembra uma experiência vivida com o marido, mas Deus, que a quis. Seu amor ao Filho não passa pelo amor do marido, mas vai direto ao Filho” (Pe. José Luiz Gonzaga do Prado” in Vida Pastoral, ano 57, número 312, pg. 58) . Isabel proclamou em Maria a mulher da fé, porque soube acreditar nas promessas divinas. Na fé superou Abraão, chamado o “pai dos crentes na Bíblia”. Ninguém acreditou mais e melhor do que ela. Por isso, no seu rosto encontramos a ternura e o amor de Deus e vemos refletida a mensagem essencial do Evangelho. (Documento de Aparecida, nº265).

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