Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 26 MAR 2019 - 12H46

O futuro dos “últimos dias” já está presente!

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No calendário da Igreja marcando tempo do Advento reiniciamos o ano, jornada anual cristã. Esse passo inicial na caminhada levanta nosso olhar cheio de esperança até o horizonte final, como se fosse iminente a chegada lá adiante. E é! Todo dia é vida de ‘último dia, já que traz a possibilidade do encontro final com o Senhor. Sinais, avisos, premonições surgem no quotidiano alertando-nos sobre o caráter rotineiro da passagem rumo à meta final. Se o viver terreno não passa de sucessão rotineira das tarefas, devemos estar sempre atentos às chances de acertar o caminho e não perder o “fim da linha”. Os ‘sinais’ estão por ai: vão acompanhando nossas pegadas. E não se limitam à velhice, às doenças graves, às tragédias, acidentes ocasionais, perigos e sérias ameaças à convivência social. Cada dia está apontando o fim!

O final do evangelho de São Mateus é uma promessa de Jesus aos seus: “Eu estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt.28,20). A presença viva de Jesus -o vivente- em nosso meio é um ato de fé dinâmico. Um ato de fé que projeta nosso olhar para o final da História. Caminhamos com Jesus, na certeza absoluta da meta decisiva e final. A meta é a manifestação definitiva dele. Na sua segunda vinda ele virá fechar o tempo da história. Selar os caminhos dos homens na glorificação de Deus. A segunda vinda de Jesus diz respeito antes ao encontro pessoal com o Cristo da glória: no juízo particular após a morte. Esse mistério se prolonga no juízo final. Deus pronunciará a palavra final da história através de seu Filho eterno. Então a justiça divina triunfará sobre as injustiças cometidas pelos homens porque seu amor é mais forte que o pecado e a morte. (Catecismo católico, nº 1. 040). A Igreja professa esta fé há mais de dois mil anos: Creio em Jesus Cristo que ressuscitou e tem o poder de Deus. Ele virá julgar os vivos e os mortos e ressuscitará aos discípulos fiéis.

 À nossa volta o mundo não crê. Mundo é o conjunto de forças e esquemas de vida contrários ao Evangelho, aos seus valores, ao projeto de Jesus. Logo cabe a nós dar sempre à prática religiosa um “toque escatológico”, isto é, ajudar quem amamos a não perder de vista o fim, a morte, o juízo infinitamente justo de Deus em Cristo. Quem de fato quer ser cristão (ã) precisa ser prevenido e pensar cada dia no encontro final com o Senhor. Manter o “olhar escatológico”, tensionado para a meta, como um atleta correndo na raia olímpica. Ao iniciar mais um ano é bom ler os capítulos 24 e 25 de São Mateus. São uma catequese sobre a segunda vinda de Jesus. A atitude certa então é a vigilância. Leia: Mateus 24, 37-44.

 A leitura deixa o aviso insistente: o último dia é certo, mas é imprevisível.

Ninguém sabe quando será. O cristão seja discípulo-missionário sábio e esperto, mantendo-se fiel e vigilante à sua espera, pois desde agora estamos sujeitos ao encontro decisivo com o Senhor. Daí a insistência, a ênfase do texto na idéia de vigilância ativa. O que ela é? Não é mera tensão psicológica. Não é preocupante, apenas. É mais! É um modo de ser, uma atitude interior ligando experiências, vivências humanas e terrenas ao encontro final com o Cristo. Vigilância ativa no conceito do Evangelho é estar sempre preparado. Em estado de alerta como uma sentinela. Jesus virá! É certíssimo. Mas, a vinda é imprevisível e inesperada considerando nosso modo de ser e pensar.

A vigilância é, pois, uma questão de fé. A comunidade cristã vive num mundo alheio à fé e entregue ao consumo de prazeres e bens imediatos. Aí ela deve manter-se sempre ligada ao fim da estrada e deste mundo. Se estamos aqui de passagem, viver despreocupado quanto ao fim é trágico. Jesus menciona a tragédia do dilúvio. Opõe a vigilância de Noé ao comportamento dos outros. Noé estava preparado. Os outros comiam, bebiam, faziam festas como se nada fosse alterar a rotina da vida. O dilúvio os afogou e Noé se salvou na arca. Assim também o fim da vida e do tempo é uma ameaça contínua. Será a salvação só para quem estiver à espera. Esse é o sentido das comparações feitas por Jesus: “dois homens estarão no campo (em trabalho), um será levado e outro será deixado” (v.40). Se o proprietário de uma casa quer precaver seus bens contra o ladrão, o único meio é uma vigilância constante.

O advento de Maria

 

No Advento sobressai exatamente a espera de Maria, virgem fiel, grávida de Jesus.

No Advento sobressai exatamente a espera de Maria, virgem fiel, grávida de Jesus. Ela é sua primeira testemunha e para nós tem tudo a ver com o estado de vigilância. Que neste final de ano sintamos seu amor maternal acalentando os nossos passos trôpegos nos caminhos da fé. Que o alerta de Jesus: “ficai preparados também vós, porque na hora que não pensais o Filho do homem virá” (v.44), dirija nossas opções. Não nos descuidemos jamais do fim!

 

 

 

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No Advento sobressai exatamente a espera de Maria, virgem fiel, grávida de Jesus.
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