Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 25 MAR 2019 - 17H25

São Pedro e São Paulo

São Pedro e São Paulo_Foto: Victor Hugo Barros

SÃO PEDRO E SÃO PAULO, APÓSTOLOS

No primeiro domingo de julho as comunidades cristãs invocam dois campeões ou colunas da fé: Pedro e Paulo. Inseparáveis na liturgia, a festa deles é mais antiga na história da Igreja que o próprio Natal. Já era celebrada em Roma lá pelo século IV da era cristã. Com eles sentimos a união da fé contra a descrença. Em meio à competição feroz de poder, dinheiro, fama, prazer e dominação em que se debatem grupos e organizações, nós discípulos-missionários de Jesus, formamos sua Igreja visível. Visibilizada não pela disputa de espaço, prestígio ou poder, e sim por nosso testemunho de fé nos valores do Evangelho.

Os apóstolos fundamentam nossa unidade eclesial. Jesus deu a Pedro e ao grupo que ele escolheu as chaves da Igreja. Chave é símbolo desse poder misterioso que reúne e organiza a comunhão dos fiéis num só coração e numa só alma. Toda vida eclesial comunitária existe em vista desse poder. Até mesmo na menor ou na mais pobre das comunidades. A vida eclesial persiste mundo afora em todos os países, raças e culturas sem o apoio dos poderosos do mundo. A unidade visível da Igreja não é imposta por meio de dogmas, ritos, normas e proibições emanadas de do Papa, das Dioceses e Paróquias. Somos uma só Igreja: una, santa, católica, e apostólica. Nela se agregam milhões e milhões de fiéis de todas as raças, países e culturas há mais de dois mil anos. Há uma só fé em Cristo na Igreja que ele iniciou sendo sua cabeça porque Ele mesmo deu esse fundamento e o tornou visível sob o magistério chamado: a cátedra de Pedro. Os apóstolos formaram entre si a primeira comunidade cristã. E cada um deles se dispersou para reunir, educar e orientar grupos de pessoas convertidas ao Senhor Jesus. As comunidades foram surgindo e se espalhando. Primeiro na Judéia e Samaria e logo depois nas cidades do Império Romano. Na raiz de nossa árvore genealógica cristã está um dos apóstolos. Na verdade, está todo o colégio apostólico junto com Pedro, o porta-voz reconhecido do grupo e designado pelo próprio Mestre conforme a passagem de Mateus 16,18: “Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la.”.Cátedra de Pedro -  Foto: shutterstock.com

Cátedra de Pedro - Foto: Shutterstock.com

Cabe à Igreja católica o mandato de ensinar o evangelho, conferido por Jesus. Por isso, o papa ajudado pelos bispos, sacerdotes e leigos guardam o “depósito da fé”, sob a inspiração do Espírito Santo. Assim acreditamos. O papa é humano. É falível: pode se enganar. É uma pessoa limitada. Mas sobre ele repousa a responsabilidade da função de pastor do rebanho de Cristo no mundo todo. Ele é o irmão mais velho que orienta, aconselha, ensina. Ensinar, segundo o mandato de Cristo, é orientar a consciência dos fiéis. Assim como o piloto guia o navio em alto mar, o Papa deve ter a mão firme na barca da Igreja, guiando-a em meio às tormentas, aos problemas, às divergências de um mundo conturbado. O Papa é o timoneiro da paz! Pedro e Paulo merecem nossa veneração porque o Novo Testamento atesta o nome deles chamados por Jesus, com destaque. O nome de Pedro vem em 1º lugar nas três listas. E em diversas outras passagens Pedro é sempre o 1º nome de um grupo. Foi constituído por Jesus como o líder dos outros. Recebeu o primado de modo explícito. Ele, depois os papas até hoje, estão no lugar de Jesus na função de governar, ensinar e santificar. Leia: Mt 16,13-19.

O texto nos apresenta Pedro reconhecendo Jesus como o Filho de Deus. O primeiro dos apóstolos a fazer tal ato de fé. Embora esta fé não fosse ainda plena antes da ressurreição do Senhor. Como recompensa por sua entrega na fé, Jesus elogiou seu apóstolo pescador. Disse que era um homem feliz porque tinha a sabedoria e os critérios de Deus no coração. E prometeu fazer dele o alicerce da Igreja dando-lhe as chaves do Reino do Céu.

Por essas palavras simbólicas ficou expresso, segundo a interpretação comum, o poder de reunir e organizar a comunhão dos fiéis sob o primado do Papa. A nossa vida eclesial, a nossa unidade e presença entre os homens, não é garantida por um poder armado. Ou por uma coerção exterior a nós. A Igreja católica é católica, isto é: universal, presente no mundo inteiro há 20 séculos, é Una desde os apóstolos porque seu fundamento visível é a cátedra de Pedro. É a palavra, é a orientação moral do Papa unido aos bispos, sentindo e tentando perceber o sopro do Espírito Santo que fala na vida dos fiéis. No exercício do seu Magistério, a Igreja e o Papa jamais poderão instrumentalizar a prática religiosa! Não nos reunimos somente para os ritos religiosos exteriores. Missas, sacramentos e celebrações da comunidade não visam satisfazer nossas emoções, responder aos sentimentos, às conveniências ou mesmo necessidades de ordem mística. A presença da Igreja no mundo e a voz do Papa falando por ela aos homens decorrem do mandato de Cristo: ide e ensinai... E batizai a todos os povos para que creiam!

 

Celebramos Pedro e Paulo não só porque são nossos antepassados gloriosos, mas para reavaliar a fé em Jesus Cristo e o amor à Igreja.

Pedro e os apóstolos souberam distinguir a personalidade de Jesus, identificar o seu mistério: “Quem dizem os homens que é o Filho do homem” “Quem dizeis vós que eu sou?” Em nome do grupo, Pedro deu a resposta certa: fez a verdadeira profissão de fé cristã. Não expressou a mentalidade da época, nem foi condescendente com as opiniões da sociedade. Hoje também o ato de fé católica, o seguimento de Cristo não pode ser banalizado por interesses humanos, expectativas temporais passageiras, apoio ao progresso técnico ou às opiniões dos cientistas e governantes. Celebramos Pedro e Paulo não só porque são nossos antepassados gloriosos, mas para reavaliar a fé em Jesus Cristo e o amor à Igreja. A pergunta: quem é Jesus Cristo está posta hoje para nós. Primeiro foi posta a Maria antes dela concordar com a encarnação do Verbo em seu seio. Por isso, na profissão de fé no Filho, a mãe é intermediária no exemplo e intercessão. Que neste Ano Mariano, o Brasil todo contemple com todo o carinho o grande presente que Deus nos deu na imagem da Senhora Aparecida.

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