Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 26 MAR 2019 - 12H47

Só quem vive com Deus, em Deus sabe rezar

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   29 º Domingo do Tempo Comum - Ano C - Lc. 18,1-8 -        

A oração nunca é inútil. É atitude fundamental na fé cristã. Ela é a água viva que sacia a sede infinita de viver com Deus, na certeza do seu amor cheio de misericórdia. Precisamos radicalmente de Deus. No Cristo, homem de Nazaré, revelou-se o humano orante por excelência, que nos ensina a rezar com filial confiança, humildade e perseverança. Jesus continua sendo o ‘senhor’ da vida e da história em todos os séculos da Igreja. A sua vitória sobre a morte e o pecado alcançada uma vez para sempre, sustenta a nossa luta por justiça, na busca da verdade, no anseio por dignidade. O peregrinar da Igreja fundada por ele está em suas mãos. Sua graça faz a unidade e anima as pastorais da comunidade cristã em todas as raças, povos e culturas. Leva-nos descobrir os sinais do Reino de Deus na trama dos acontecimentos e a separar o trigo do joio nos projetos que nos envolvem e talvez enganem. O hábito de rezar nos torna mais conscientes das propostas do Evangelho e refaz as esperanças onde tudo parecia perdido e triste.

Esta fé decidida é um presente do Senhor ressuscitado. Sem ela a Igreja nem sequer existiria mais. Não haveria mais cristãos.O sufoco do materialismo e consumismo programa e impõe caprichos e modas através da mídia e dos hábitos de convivência. A lei do mercado pode sim “comprar ou vender” nossa omissão quanto às coisas de Deus. Pode banalizar a convivência social com mil e uma ofertas de lazer e diversão. Por outro lado, contamos sempre com o recurso à oração humilde, confiante e perseverante. Ela recupera-nos a espiritualidade e preserva do prejuízo moral e religioso a comunidade em escuta à Palavra. Por isso, São Paulo escreve a Timóteo: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, argumentar, corrigir e educar na justiça, afim de que o homem de Deus seja perfeito e qualificado para toda boa obra”. (2ª Tm, 3,16). E no texto do evangelho narrado por Lucas, Jesus insiste no valor da oração filial, confiante e perseverante, inculcada na parábola da viúva pobre. Leia: Lucas, 18,1-8.

 

A parábola põe em evidência o valor, a força, a necessidade da oração cristã.

A parábola põe em evidência o valor, a força, a necessidade da oração cristã. O rejeitado e oprimido entre os homens alcançará de Deus a justiça. Será atendido! Quando Jesus relaciona a oração com a justiça infalível e bondosa de Deus, ele nos introduz no mistério profundo que é nossa pobreza na indigência espiritual. Deus sabe que precisamos dele, mas espera que clamemos por Ele.

Entretanto, confrontada com a nossa experiência de cada dia, a parábola nos deixa confusos. Será mesmo que Deus faz justiça aos que a imploram? A realidade muitas vezes parece desautorizar a fé cristã. A Igreja se coloca em favor dos pobres, excluídos e marginalizados dos bens necessários à sua vida e dignidade. Mas, vemos esses bens se acumular mais e mais em mãos dos que já   os desperdiçam. Suspiramos por justiça social, e prevalecem a desigualdade, a impunidade, o foro privilegiado etc. Se a corrupção impera por toda a parte, o homem comum, que é sua vítima, vai acreditar na honestidade? Se o evangelho nos convida à fraternidade e ao respeito aos direitos humanos em todos, aí estão as violações, discriminações, privilégios de poder e dinheiro. Enfim, é revoltante a impunidade dos crimes praticados no exercício das funções públicas: executivo, legislativo e judiciário. Será que Deus escuta mesmo os clamores dos pobres, da gente sofrida e injustiçada?

Ora, os primeiros cristãos já passaram por essa dúvida na comunidade de Lucas. A parábola de Jesus, onde a viúva pobre é insistente em reclamar que o juiz iníquo lhe faça justiça, ensina o valor evangélico da oração perseverante e a confiança até o fim na justiça de Deus: ela triunfará! Ele se interessa sim pelos oprimidos. É o parceiro fiel dos excluídos, vítimas da falaz justiça humana. O convite é confiar e não desanimar. Esperar a hora de Deus, perseverando na vida honesta e santa a seus olhos.

Emaria_maos_em_precem Israel a viúva pobre era símbolo da pessoa desamparada, socialmente marginalizada, sem chances perante a justiça dos homens. A da parábola obteve justiça para si, embora o juiz fosse malvado, inescrupuloso e insensível à dor do pobre. Se no caso até ele atendeu a viúva porque aborrecido pela impertinência quis apenas dela se livrar, como imaginar a infinita justiça de um Deus cheio de misericórdia conosco? Sem dúvida nenhuma, apesar de tanta corrupção ao redor de nós, Deus atenderá a quem confiar nele e na sua justiça. Ele escutará o grito dos oprimidos. Então, a oração fiel, humilde e perseverante será o motor da nossa vida espiritual em todos os conflitos e aflições. Ela confirma nossa fé na justiça do Senhor.

Os cristãos veem na pessoa de Maria a serva fiel do Senhor em diálogo orante. Em profunda comunhão com Deus ela agradece, pois Ele “olhou para a humildade dela”, “derrubou os poderosos de seus tronos e elevou os humildes” (Lucas, 1,46). É a mestra e modelo da oração cristã. Ensinou Jesus a rezar e dele aprendeu a rezar melhor. Que ela nos ensine também!

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A parábola põe em evidência o valor, a força, a necessidade da oração cristã.
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