Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Homilias Atualizada em 26 MAR 2019 - 13H34

22º domingo comum Ano A – Com Maria: de olhos fixos em Jesus!

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22º domingo comum Ano A

Mateus 16,21-27

Com Maria: de olhos fixos em Jesus!

Seguir Jesus é renunciar a autoestima?

O Evangelho é um escrito com profundo conteúdo religioso, ético, humanista. Mas, é antes de tudo um projeto de vida. Projeto libertador! Nele está o testemunho das comunidades cristãs que, em primeira mão, tiveram o privilégio histórico de acreditar e seguir Jesus. Engajar-se no discipulado, se preciso até mesmo num caminho de sofrimento. Amar Jesus Cristo mais que a si próprio na prática da sua doutrina, ideias e valores. Libertar-se dos esquemas enganadores e materialistas do mundo dominado pela realização imediata de desejos, prazeres e consumo.

Com sua sabedoria, justiça e ética propondo a supremacia do amor fraterno entre as pessoas e na convivência social, o Evangelho “salva e defende a vida” em todas as culturas e tempos. Promove ou recupera a dignidade humana onde ela é machucada, desprezada, ferida por interesses de poder, dinheiro, glória e prazer. Numa palavra, o cristão discípulo – missionário de Jesus está sempre antenado e sensível aos problemas e às crises do povo sofrido. É um profeta que não se conforma com a degradação ética produzida pela corrupção política e/ou moral. Seguir Jesus é colocar-se com ele no caminho com gestos concretos de solidariedade e de amor. Jesus viveu esse caminho solidário até o extremo, mesmo quando percebeu que a sombra da cruz se desenhava como fim. E nos ensinou que é impossível trilhar outro caminho de libertação. Lemos isso no anúncio-previsão do Mestre pressentindo sua rejeição fatal pelos poderes de Jerusalém. Nesse contexto ficaram claras as condições absolutamente necessárias para segui-lo. Renunciar-se. Ter coragem e fidelidade, pois negá-lo imaginando por a salvo a vida, é perdê-la; mas, desprezar até a própria vida por amor a ele, é salvá-la. Está em Mateus 16, 21-27 este anúncio da Palavra, no 22º domingo comum do calendário cristão- ano A.

Até para os apóstolos foi difícil e um verdadeiro escândalo aceitar seguir um Mestre que previa desprezo, rejeição e a condenação à morte para si como resultado final de um projeto de vida que só queria ver feliz o próximo. Mas, se esse era o caminho dele, outras não podiam ser as exigências para segui-lo. Ou seja, escolher Jesus exige a doação total de si. O “tomar a cruz” não é conselho à resignação; ao contrário, é apelo para a adesão madura, consciente e firme. Arriscar a vida, “por o pescoço no laço” é autenticidade no seguimento. No esquema dominante o que conta é garantir o próprio interesse. O que determina as escolhas e decisões é possuir coisas, dinheiro e tudo o que é considerado de valor material. No esquema de Jesus o que conta acima de tudo é a entrega humilde de si próprio. Viver a chance única de sacrificar-se para que se faça no mundo a justiça de Deus, no amor ao próximo. No fim de tudo a vida de cada um só terá o valor do ter sido fiel a Jesus!

Seguir Jesus por amor inclui aceitar caminhar para a “cruz” (renúncia de si; serviço, doação aos outros). Não por outra razão o evangelho traz a presença de Maria: mulher-servidora na encarnação e mulher-forte junto ao Filho crucificado. Os apóstolos, exceto o discípulo amado, perderam sua identidade procurando segurança no anonimato. Ela estava lá, de pé: olhando, partilhando a dor, sentindo a rejeição a Jesus. Só Ela é representativa do discipulado fiel em todos os tempos. Por isso se diz que o “princípio mariano” (o carisma da solidariedade) é anterior e superior ao “princípio petrino” (o carisma institucional) na compreensão da Igreja. Aos pés da cruz Maria recebeu o encargo de nos gerar no discipulado. Como precisamos hoje venerá-la e “guardar dentro do coração as luzes que ela, por mandato divino, nos envia lá do alto”! (D.A.270).

 

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