Por Dom Raymundo Damasceno Assis Em Homilias

3º Domingo da Quaresma

 

Homilia | Dom Raymundo - Missa de Aparecida - Santuário Nacional - 08 de Março de 2015

SANTUÁRIO NACIONAL DE NOSSA SENHORA APARECIDA

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

 

Na primeira leitura de hoje, o texto do livro do Êxodo apresenta a Aliança entre Deus e o povo de Israel, no monte Sinai, após a libertação do Egito. Moisés ratifica esta Aliança com o Decálogo, os dez mandamentos, cuja observância é uma maneira do povo responder ao amor de Deus com atitudes concretas na sua relação com Ele e com o próximo.

Para nós cristãos, os dez mandamentos continuam válidos e nos indicam como devemos nos comportar  para vivermos em comunhão com Deus. Eles foram aperfeiçoados pelos ensinamentos de Jesus no evangelho, que resumiu todos os mandamentos no amor a Deus e ao próximo. São João na sua primeira carta escreve: “Este é o mandamento que dele recebemos: Aquele que ama a Deus ame também o seu irmão” (1 Jo 4,21).

A quaresma é tempo de conversão, tempo de examinar nossa consciência sobre o nosso relacionamento com Deus e o próximo.

Deus, através dos mandamentos se aproxima de nós e nos mostra o caminho da vida e da verdadeira liberdade que conduz à felicidade.

A primeira parte do decálogo refere-se aos nossos deveres para com Deus. Ele é o único Deus, criador de todas as coisas e a Ele devemos amar de todo o coração, com toda a nossa inteligência e nossas forças.

Nenhum outro bem ou valor pode sobrepor ao amor devido a Deus. Assim como o amor não pode ficar só em palavras, nós também manifestamos nosso amor a Deus, cumprindo os mandamentos,  cultivando a prática da oração, participando da celebração eucarística aos domingos, cumprindo nossos deveres  de cristãos na família, na profissão e para com a Igreja, como a colaboração nos serviços e pastorais da paróquia e contribuindo com o dízimo para a sustentação da ação evangelizadora.

Mas não podemos nos esquecer que nossa fé tem também dimensão social e Deus  não  quer que tenhamos somente uma relação correta com Ele, mas exige de nós, na segunda parte do Decálogo, além do culto que devemos prestar-lhe, o testemunho público de nossa fé, o respeito aos direitos e deveres em relação as pessoas: honrar e amar os pais, respeitar o que é do outro, falar a verdade, defender e promover a vida, a justiça,  respeitar a ética sexual na vida matrimonial.

A CF deste ano – Igreja e Sociedade – nos convida a assumir nossa responsabilidade na vida pública, contribuindo, à luz do evangelho, e do ensino social da Igreja, na construção de uma sociedade que favoreça uma convivência social mais  segura e com justiça e paz para todos. A prática dos mandamentos no que se refere aos direitos e deveres em relação as pessoas é uma maneira concreta de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e poder viver  em sociedade com mais justiça e com paz.

O cristão, o católico não deve ter medo de ocupar cargos públicos, nem de se filiar a um partido político que no seu programa não se oponha à fé e aos princípios morais defendidos pela Igreja Católica, e  de se candidatar, se for o caso,  a cargos eletivos, seja para o poder executivo, seja para o legislativo. O  mundo da política é  próprio do leigo. O pluralismo católico na política é saudável. Por isso, cada um tem liberdade de optar pelo partido que desejar e cujo programa melhor corresponda aos valores que defende. Não há nenhum partido político que se identifica com exclusividade, com o pensamento social cristão. Uma das características do regime democrático é a possibilidade de diferentes opções político-partidárias.

Agradeçamos o dom dos mandamentos da lei de Deus e os acolhamos em nossa vida, não como uma escravidão, mas como um caminho de liberdade e de vida. Deus nos ajude a vivê-los melhor nesta quaresma em preparação para a Páscoa.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB saúda com alegria e gratidão todas as mulheres por ocasião das comemorações do Dia Internacional da Mulher. Apraz-nos, neste dia, afirmar com o Papa Francisco que “a Igreja reconhece a indispensável contribuição da mulher na sociedade, com uma sensibilidade, uma intuição e certas capacidades peculiares, que habitualmente são mais próprias das mulheres que dos homens” (EG 103).

Ao renovar seu agradecimento a vocês, mulheres, por sua insubstituível presença e participação nas comunidades eclesiais espalhadas por todo o Brasil e por seu protagonismo na construção de uma nova sociedade, a CNBB roga a Deus se digne fortalecê-las em suas lutas e abençoá-las em todos os seus caminhos.

Mãe do Filho de Deus, modelo de mulher, esposa e trabalhadora, ilumine e proteja as mulheres de nosso país.

Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, proteja as mulheres de nosso país.

Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis

Arcebispo de Aparecida, SP

Presidente da Academia Marial de Aparecida

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