Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Homilias Atualizada em 26 MAR 2019 - 13H34

Homilia 26º Domingo Comum ano A – Amar ou rejeitar Jesus: eis o dilema da vida!

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Amar ou rejeitar Jesus: eis o dilema da vida!

Mateus  21, 32-43

No último domingo de setembro comemoramos o “dia da Bíblia”. Preparado e vivido com especial carinho nas comunidades durante o culto litúrgico. A data foi escolhida em razão de sua proximidade com a festa de São Jerônimo (*340+420), dia 30 de setembro. Jerônimo é o mais famoso biblista dos primeiros séculos da Igreja. Foi encarregado pelo papa São Dâmaso de traduzir a Sagrada Escritura do original grego para o latim. Sua tradução ficou conhecida como “Vulgata”, ou seja, o latim popular. Como Palavra-viva de Deus, só a Bíblia nos faz ser uma comunidade celebrante. Ela nos reúne na expressão comum da fé e nos dinamiza na vivência da caridade como discípulos-missionários de Jesus. Ele nos deu a relação filial com Deus: o Pai Nosso!  Deus é o “nosso Pai”: a Ele escutamos com amor de filhos e filhas na obediência humilde à sua vontade. São Paulo recomenda na carta aos cristãos de Filipos: “Tende entre vós os mesmos sentimentos de Jesus Cristo… Ele humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte e morte de cruz!” (Fl 2,5; 8). Ao menos na missa dominical estamos atentos ao que nos fala o “Filho amado do Pai” no anúncio do Evangelho que vai nos recordando a prática da plena justiça em nosso convívio, conforme os valores do Reino de Deus. Somente a vivência da justiça plena do Reino será capaz de levar-nos ao mundo justo e fraterno tão sonhado por nós!

Ora, o Evangelho não é uma coleção de ideias bonitas, pensamentos sublimes, teorias abstratas sem interferências diretas no convívio humano histórico. O Evangelho é bússola, é farol, é o alicerce do Bem, da Verdade, do Amor. Enfim, do verdadeiro progresso humano. Ele nos guia para a “terra sem males” propondo-nos a novidade absoluta, inaudita, fantástica: Deus se interessa por nós, como jamais pai algum se interessou por um filho.  Isso ficou provado na pessoa e na prática de Jesus de Nazaré em quem Deus Pai, infinito e santo, se aproximou de nossa pequenez, do nosso nada e se dignou oferecer-nos a sua própria felicidade. Logo, sua Palavra antes da “Bíblia escrita”, é o próprio Verbo feito carne. Em consequência desse mistério inimaginável percebemos (ouvimos) a Palavra-viva como ação amorosa e salvadora do Pai que entrega a nós, seus filhos e filhas, os dons do seu amor e espera no dia-a-dia o “sim”, a obediência fiel de nossa parte. Obediência resoluta ao Senhor da vida e da história, prestada à maneira de Jesus.

Uma feliz coincidência nos traz no dia da Bíblia (31-09-2014) a parábola dos dois filhos solicitados pelo pai a um trabalho na vinha. O primeiro filho recusou-se, mas depois foi. O segundo disse: vou! E depois não foi. Jesus expõe a parábola e pergunta aos líderes religiosos e civis do povo: onde estava a verdadeira obediência a Deus, a dos ritos e sacrifícios no Templo ou a prática fiel da sua justiça no convívio humano? Assim ele denunciava a contradição entre os ritos de culto e o modo de vida. Ou a incoerência entre fé e vida. Leia: Mt  21, 32-43

Como o fizera João Batista Jesus falava e agia à margem das instituições oficiais, todas ligadas ao Templo. Os líderes religiosos o interpelaram: “Quem foi que te deu autoridade para ensinar (ao povo no Templo)?” (Mt.21,23)  Defendendo-se,  Jesus atacou a falsa obediência à Lei de Deus prestada no culto sob a responsabilidade deles.  Transferiu o procedimento dos dois filhos da parábola para a prática religiosa válida aos olhos de Deus.  E fez a aplicação no ato: João Batista pregara e agira à margem da licença oficial do Templo. Os líderes viram a conversão do povo a Deus , mas não acreditaram no profeta.

Ora, isso estava se repetindo em relação a Jesus. Queriam submetê-lo às instituições oficiais. Competentes no conhecimento, no ensino da Sagrada Escritura e zelosos pela observância da Palavra, não sabiam reconhecer que a doutrina de Jesus estava nelas previsto. Conhecendo o Antigo Testamento deveriam saber “ler os sinais” da vinda do Messias realizando-se na pessoa dele, mas nem queriam ouvi-lo. Ao contrário, trataram-no com rejeição sistemática. Zelavam pelas aparências do culto religioso, sem provocar uma verdadeira mudança de vida perante Deus. Nem mesmo neles.  “João veio a vós  – disse Jesus- num caminho de justiça e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os cobradores de impostos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele” (v.32).  Na verdade, os líderes do povo repetiam a conduta do filho desobediente na parábola. Na aparência: zelosos com a prática oficial e institucional da religião. De fato: fechados no seu orgulho e no apego aos privilégios políticos. Pareciam “dizer sim” a Deus, à Lei do Senhor, mas sem mudar de vida, sem se comprometer com a vinha, ou seja: distribuir justiça ao povo (vinha do Senhor). Em consequência, estavam mais afastados de Deus do que as duas categoriais de pessoas que eles mais desprezavam e condenavam: as prostitutas e os agentes do fisco romano.

Aplicação mariana da parábola

Maria viveu a tradição, ritos, costumes religiosos da cultura mosaica. Assídua frequentadora da sinagoga, não parou na prática ritual. Agraciada de modo extraordinário correspondeu à vontade de Deus em sua vida. Foi a “Virgem obediente”, substituindo a desobediência de Eva. Declarou-se “servidora fiel da Palavra” no mistério da Encarnação, vivido plenamente por ela até o Calvário. Por sua fé, obediência à vontade de Deus, fidelidade à Palavra e acompanhamento de Jesus, Maria é a discípula mais perfeita do Senhor. Nela desenha-se a máxima realização da existência cristã. (Doc. Apda. 266).

 

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