Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Homilias Atualizada em 26 MAR 2019 - 13H18

Homilia 31º Domingo Comum Ano A – Dia dos fiéis defuntos

velas

Homilia 02 de novembro de 2014

Jo 14, 1-6

             Dia dos fiéis defuntos. Maria, a fiel, já é o que nós seremos.

A comemoração dos fiéis defuntos no calendário cristão complementa a solenidade de Todos os Santos. Ambas decorrem dos artigos 9, 10, 11 e 12 da profissão de fé católica: creio na santa Igreja católica; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição da carne; na vida eterna. A Liturgia católica nos leva a olhar e unir presente, passado e futuro. Todos os falecidos em Cristo, fiéis ao seu amor são santificados por sua Graça. A vida de muitos deles inspirou em seu tempo e cultura a peregrinação da fé. No passado os justos foram vencedores sobre o fardo de pecado e ruindades que por nossa vez carregamos ou enfrentamos. Eles e elas combateram o bom combate, guardaram a fé e esperam a recompensa prometida junto ao Cordeiro! Quanto a nós podemos ligar passado e presente tendo como perspectiva o futuro feliz, pois a Graça de Deus sustenta a nossa fraqueza. Seus dons em nós vão semeando nos projetos humanos as atitudes propostas nas Bem-aventuranças: as condições fundamentais para seguir Jesus. Nosso empenho em praticá-las vai realizando o reinado de Deus no mundo e nos colocando no caminho da salvação definitiva. Quem tem certeza que vai ser consolado já experimenta o consolo nessa certeza!

Finados! A palavra está dizendo: os que tiveram um fim. Mais do que saudades, a oração. Rezamos pelos falecidos e com eles. Lembram-nos do nosso destino segundo o querer de Deus: a vocação para o céu, o estado de santidade.  O progresso científico em todas as áreas de conhecimento não pode recusar o respeito à realidade da morte e nem desprezar a crença na vida pós-morte. Para nós cristãos a morte é o ato máximo da vida. Não querer pensar, ignorá-la fazendo de conta que só há um fim terreno sem um depois, não consola nem qualifica a vida terrena! A morte é nossa passagem para um futuro absoluto inevitável. Futuro definitivo e imutável. O morrer desafia o limite humano. É a certeza que temos da nossa fragilidade radical. Para nós a morte está ligada à perseverança na fé. À coroa da vida. “Sê fiel até a morte e eu te darei a coroa da vida” (Ap 2,10), aconselha Jesus aos discípulos perseguidos e provados neste mundo.

Finados não é um feriado laico! A origem é toda cristã! É um dia para meditar e reconsiderar os grandes valores que dão sentido à vida. Recordar os mortos dá-nos uma chance de pensar como vivemos, nos relacionamos com os vivos e o que seremos depois. Viemos de Deus e para Ele voltaremos. Na verdade, já estamos voltando! Por isso, não pensar na morte não é bom para a vida! Quanta maldade e desgraça no mundo! Violências, sofrimentos, tragédias, misérias, injustiças! Frutos do descaso com o valor da vida, o seu sentido e a iminência da própria morte. Hoje temos a insegurança, a “cultura do medo” dominando todas as relações humanas. Por isso, para os discípulos de Jesus tudo fala de vida. O cristão afirma com toda certeza e alegria que morrer não é o fim. A razão disso é a pessoa de Jesus Cristo, morto e ressuscitado.

Aplicação mariana.

Em vida Nossa Senhora participou de velórios e enterros: familiares, amigos, vizinhos. A Bíblia nada informa sobre a morte de São José, mas sem dúvida a Virgem esteve presente nos momentos finais do casto esposo. O Evangelho de São João a coloca no Calvário aos pés da cruz, onde só esteve o “discípulo amado”. Ela havia guardado em seu coração e meditado sobre os acontecimentos e palavras de Jesus sendo fiel sem compreender tudo. Presenciou sua agonia na cruz e ali acolheu no coração o dever de ser nossa mãe. Ouviu o grito forte do último suspiro: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). Ela seguiu Jesus também no mistério da morte. O que os Evangelhos dizem sobre a relação de Maria com a vida, paixão e morte de Jesus, nos permitem afirmar a sua plena união com o Senhor ressuscitado. Maria foi a primeira discípula ressuscitada. A glorificação do corpo de Maria significa o estágio final e supremo de sua conformação com Jesus na vida terrena. O ato supremo do seu contínuo aperfeiçoamento na união com ele. Ela nos ajuda a viver a fé na ressurreição dos mortos e na vida eterna. Na comunhão dos santos, ela é nossa intercessora. Na glória eterna ela é a promessa e o início do que nós também esperamos ser. Primeira redimida, ela nos ensina a crer e dá provas que a força poderosa da ressurreição já é nossa e está aí no coração do mundo se vivermos unidos na Igreja do seu Filho. Contemplemos hoje nossa irmã glorificada: Santa Maria!

 

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