Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Homilias

Homilia 5º Domingo comum B

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Mc. 1, 29-39

Comunidade cristã: serviço mútuo e fraterno no discipulado

A queixa de Jó poderia ser repetida hoje nos quatro cantos da terra: “Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra? Seus dias não são como os de um mercenário?” (Jó, 1,7). Para muitas pessoas predominam as situações tristes. O mundo é mesmo um campo de sofrimentos! A expressão ‘vale de lágrimas’, não é uma palavra pessimista e nem só figura poética. Basta acompanhar o noticiário nosso de cada dia na TV. Focaliza sim progresso, conquistas, novidades esperançosas. Mas, não para a maioria da população que continua amargando marginalização social, pobreza, exclusão dos bens vitais. Miséria é fonte de sofrimento, injustiças e desgraças para os cidadãos comuns. Os resultados deprimentes da pobreza e carências sociais não são frutos da fatalidade e sim inerentes à injusta distribuição de rendas; à má administração política viciada pela corrupção larvada e à ambição de poder insensível à ética social. Os grandes conglomerados industriais e financeiros não estão nem aí para os problemas sociais, as condições de vida dos empobrecidos e nem mesmo com a hoje famosa crise hídrica ampliada, ou seja, a ecologia e o meio ambiente. O valor determinante de suas atividades é o numerário, é o lucro cada vez maior. O aumento de capital. As pessoas?  Os valores éticos? Isso fica por conta da competição entre quem pode mais e quem pode menos.

O texto do Evangelho para o 5º domingo comum do ano litúrgico B, nos ajuda a refletir e iluminar com a fé esta situação toda. Leia: Marcos, 1,29-39.

O texto tem três partes distintas. A cura da sogra de Simão Pedro, dentro de casa. Um resumo de Marcos sobre o modo como Jesus ajudava as pessoas sofridas. E a referência a Ele, Jesus, como alguém preocupado em rezar, em se ligar com Deus.  Jesus sai da sinagoga e vai para a casa dos irmãos Simão e André. No espírito dessa catequese cristã a sinagoga representa a religião ultrapassada. A velha igreja ou comunidade que não libertava nem ajudava mais ninguém no caminho da justiça e do amor a Deus. É preciso deixar a estrutura “sinagoga”. Mas, ir para onde? Para a intimidade da convivência fraterna, familiar e servidora. Então a casa de Pedro simboliza esse lugar que reúne os seguidores do Mestre, libertados das leis e normas sem vitalidade libertadora.  Mais tarde, aliás, Pedro foi escolhido para ser a pedra de uma nova sinagoga, melhor, da “Igreja servidora e pobre”.

Na casa encontra-se a sogra de Pedro suportando febre alta. Jesus faz gestos solidários: segura a mão da mulher, levanta-a da cama e a cura da febre. Isso significa na catequese do evangelista que o poder de Jesus continua existindo na missão da sua Igreja. A força da ressurreição do Senhor levantará os que o seguirem e os restabelecerá colocando-os a serviço do reinado de Deus. O reinado de Deus consiste em libertar, salvar, acolher a todos os que “estão na casa”.  A sogra de Pedro é símbolo de tudo isso.  Antes com febre nada podia fazer. Libertada, torna-se uma pessoa serviçal: imagem da Igreja em ação solidária.

A narrativa nos informa que pessoas doentes e sofridas acorrem à casa de Pedro onde Jesus está e os recebe com sua atividade libertadora.  Isso começou a acontecer após o por do sol, observa o texto.  O por do sol era segundo a lei judaica o fim do dia. Aqui significa: para toda aquela gente surgia uma nova situação, diferente daquela oferecida pela sinagoga.

Aplicação Mariana

A terceira parte da narrativa nos envolve numa preocupação maior ainda de Jesus: falar com Deus na oração. Preparando-se para a sua missão e também fugindo da investida da popularidade fácil que logo começava a contaminar seus discípulos. Ele convida a Pedro, que representa a todos nós: vamos a outras aldeias atender mais pessoas necessitadas!  Como não lembrar-se aqui de Maria, a Virgem mãe! Sua disponibilidade à voz íntima do Senhor a coloca ao serviço de toda a humanidade acolhendo o Verbo em seu seio virginal. Na simplicidade e pobreza do seu viver, a oração move suas decisões definitivas que são expressas por uma simples palavra: “Faça-se em mim”. O fiat do serviço de amor vivido totalmente por Maria inspira pelos séculos afora a Igreja em sua missão servidora!

Pe. Antonio Clayton Sant’Anna

Diretor da Academia Marial de Aparecida

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