Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Homilias

Homilia da Epifania

epifania

Mateus 2, 1-12 

Os sábios procuram, encontram Deus e o adoram na simplicidade

O ciclo do Natal inclui a festa da Epifania. Recordamos o episódio bíblico da visita dos Magos a Jesus em Belém. Somente o evangelista Mateus narra o fato. E fala da perseguição do rei Herodes ao Menino Jesus e da fuga da Sagrada Família para o Egito. Orientados de modo misterioso (a estrela) os chamados reis magos buscaram em Jerusalém e acharam em Belém – conforme as Profecias – o rei-Messias judeu. A festa dos Santos Reis ou Epifania completa o Natal quanto ao sentido bíblico-teológico da encarnação de Cristo. Amplia o horizonte do nascimento de Jesus. Ele veio não só para seu povo, mas para todos os homens: “Que o adorem todos os reis da terra e o sirvam todas as nações” (Sl 72,11). A narrativa de Mateus tem objetivo mais teológico que histórico. Cita várias passagens do AT e repisa a tese do NT: a aceitação-rejeição de Jesus Messias. Sua realeza messiânica rejeitada pelos judeus é reconhecida pelos pagãos. A adoração dos magos mistura história e gênero literário, mas o dado teológico fica bem claro; transmite o testemunho da fé vivida nas comunidades cristãs: Jesus é a Luz das nações!

No antigo vocabulário religioso, a palavra Epifania significava algum tipo de manifestação divina em favor dos homens. Um ato benevolente da divindade. A partir do século IV os cristãos, já com influência no Império Romano, adotaram uma festa pagã que no Egito e na Arábia homenageava o sol. O sol nasce para todos? Pois bem, Jesus é o sol da justiça e da vida. Ele veio para todos os homens. Ele é a salvação de Deus manifestada a todos os povos representados pelos reis magos que, na sinceridade de sua busca, encontraram o Menino-Rei nascido em Belém. Adorando-o e lhe dando presentes os Magos reconheceram-no como o sol, a “Luz das nações”. Todos podem achar o caminho da fé em Cristo. Leia o texto de Mateus, 2,1-12.

Quem eram os magos? Eram reis mesmo? Quantos eram? Pesquisas históricas e bíblicas mais a Tradição nos deixaram algumas informações. Estudiosos dos astros os Magos formavam uma casta sacerdotal na antiga Pérsia. A astrologia babilônica via uma relação entre o movimento dos corpos celestes e o destino dos homens. Por seus estudos os Magos talvez tenham sido os primeiros a sistematizar noções antigas de astronomia superando a astrologia popular. Pesquisavam os costumes dos povos nas religiões antigas e por este conhecimento eram assessores e conselheiros de reis. No contato com migrantes judeus ou por outras fontes poderiam ter conhecido as profecias de Isaías sobre a vinda de um futuro salvador dos homens. Aliás, essa era uma esperança geral presente nos corações. A Tradição cristã deduziu que eles eram 3 a partir dos presentes citados no Evangelho: ouro, incenso e mirra. Nomes e número 3 representariam as três maiores raças humanas. Mas, tais detalhes não estão na Bíblia.

Não é a curiosidade histórica que baliza a nossa leitura da Bíblia. O que interessa de fato a Mateus no caso da visita dos magos? Mostrar que Jesus era o verdadeiro Messias e Salvador, já anunciado pelos profetas. Mesmo rejeitado e crucificado pelo povo judeu, as nações da terra viriam a ele. Os Magos eram pagãos, alheios à cultura religiosa bíblica. A reflexão cristã do começo da Igreja interpretou a busca e a visita deles ao Salvador recém-nascido como certeza que a fé em Jesus Cristo estava aberta a todas as nações. Não por acaso Mateus se inspira numa passagem de Isaías, 60, 1-6: “Jerusalém levanta-te, resplandece… Desponta sobre ti a glória de Javé… Caminharão as nações à tua luz, os reis ao esplendor de tua aurora… Uma caravana de camelos te invadirá… trazendo ouro e incenso e proclamando os louvores de Javé”.

 

De fato, em Jesus brilhará sempre a luz de uma nova sociedade

Por outro lado, há a inquietação do rei Herodes e sua corte. Sábios estrangeiros vindos de longe perguntavam por um novo rei judeu! Isso era perturbador para o cruel Herodes.  É a inquietação de um poder violento e ambicioso sentindo-se já ameaçado por um recém-nascido. Embora humilde e desconhecido ele atraia os conselheiros dos reis! De fato, em Jesus brilhará sempre a luz de uma nova sociedade, fundada no amor, na paz e na força da fraternidade. O Evangelho nos desacomoda e incomoda agora a nós que cremos. Cabe a nós hoje iluminar todas as relações e projetos com sua luz.

Olhando a atitude de Maria

As mãos ativas da jovem Maria de Nazaré apresentaram o bebê aos pastores, aos magos e a outros curiosos. Mãos que dele cuidaram na amamentação, no banho e em tudo o que precisava uma criancinha indefesa. Sobretudo preparando às pressas a fuga para o Egito quando o sanguinário rei Herodes eliminava os recém-nascidos de Belém com menos de dois anos. Como Deus se aniquilou no seu mistério eterno revestindo-se de nossa carne e oculto na vida de Jesus! E como a humilde e santa Virgem Maria foi se abrindo ao mistério divino escondido naquele seu bebê e pautando cada decisão de sua vida no ambiente simples dos serviços caseiros de esposa e mãe e dona de casa! Tudo o que a Bíblia relata de Cristo nos leva a acha-lo oferecido em Maria: nas suas atitudes de silêncio, escuta e partilha. Com sua ajuda perseveremos este ano na busca do Salvador.

 

De fato, em Jesus brilhará sempre a luz de uma nova sociedade
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