Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Homilias

Homilia do 1º Domingo da Quaresma - Ano B

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O Reino de Deus já chegou! (Marcos 1,12-15)

Iniciamos mais uma vez a peregrinação pascal. A Páscoa é o núcleo do culto cristão que veio dos apóstolos e herança da Páscoa judaica. Mas, Jesus a celebrou de modo diferente. Ele se ofereceu como vítima pascal da Nova Aliança em sua vida sacrificada pelo pecado de todos, mas valorizada pela justiça de Deus. Na sua morte e ressurreição Jesus plenificou o sentido típico da páscoa hebraica. O calendário litúrgico prepara por 40 dias a celebração pascal anual. É um período marcado por algumas práticas de espiritualidade penitencial: ler mais a Bíblia; dar mais atenção e caridade aos outros; praticar o exercício da paciência e do autodomínio dos instintos; privar-se de alguma coisa com espírito de renúncia voluntária. Campanha da fraternidade!

 

Converter-se ao Evangelho é fazer um esforço de libertação pascal para que a graça de Deus irrompa triunfante em nosso ser e agir.

A bênção e imposição das cinzas é gesto simbólico de penitência que promete o esforço de conversão: mudar valores, ideias, atos e hábitos. Mudar o que em nós está impedindo a comunhão de coração com o Senhor Jesus. Converter-se ao Evangelho é fazer um esforço de libertação pascal para que a graça de Deus irrompa triunfante em nosso ser e agir. Assim é a participação na ressurreição de Jesus! O Batismo a reproduz em nós. Este nos mergulha no mistério de Cristo segundo ensina o Novo Testamento. São Paulo, por exemplo, escreve aos Romanos, 6,8-9: “se morremos com Cristo (no batismo), cremos que também viveremos com ele, sabendo que Cristo ressuscitado dentre os mortos, não morre mais e que a morte não tem mais domínio sobre ele”. Assim, as cinzas e toda a Quaresma nos levam para a Páscoa com essa dinâmica de morte e ressurreição. Morrer para o pecado e viver para Deus em Jesus Cristo!

Tendo Jesus de Nazaré chegado à consciência plena de que sua vida devia estar a serviço de todos retirou-se no deserto e durante 40 dias em oração e jejum preparou-se para iniciar a pregação ao povo. Os fatos da vida de Jesus realizam a história bíblica do A.T. Leia o evangelho do primeiro domingo da Quaresma: Marcos, 1,12-15.

Marcos apresenta-nos a pessoa de Jesus sem falar das suas origens. Diz apenas que veio de Nazaré à procura de João Batista. O encontro com o mensageiro para um batismo de penitência manifestou publicamente Jesus como o “Filho amado de Deus”. Ora, Jesus prolongou aquele ato penitencial indo para o deserto jejuar e rezar. Depois, a plena convicção interior sobre o chamado de Deus, levou-o a Galiléia. Localizam-se a origem e o espaço geográfico da missão de Jesus. Nazaré e Galiléia, porém, não qualificavam ninguém perante o País. Os galileus eram vistos com má fama porque rodeados por habitantes pagãos eram influenciados pela cultura e costumes deles. Os contatos comerciais com os povos vizinhos eram tidos como fonte de contaminação para os outros judeus. Pobres e abandonados pela política central do País, os judeus-galileus sofriam todas as exclusões sociais: a religiosa, a econômica, a política. A Galiléia foi o lugar escolhido por Jesus. Aí ele decidiu oferecer a Boa Notícia: havia chegado o tempo do cumprimento das promessas feitas aos antepassados. Deus tinha para todos um projeto de libertação e felicidade. Marcos nos transmite a que seria a primeira palavra de Jesus: ”Completou-se o tempo e o Reino de Deus está perto” (v.15). Ou seja, o tempo da espera ansiosa por salvação chegara. Bastaria acreditar e converter-se ao projeto de Deus.

Converter-se é palavra de forte conteúdo bíblico. Significa uma reviravolta completa nas ideias, no comportamento, na convivência com os outros. No texto a conversão implica em crer no Evangelho, isto é, aceitar a pregação de Jesus. Enfim, no começo do seu livro, Marcos considera o ministério de Jesus no meio do povo como se fosse um novo “êxodo”, um novo itinerário de libertação. Liga Jesus à história inicial do povo judeu que fora libertado da escravidão no Egito, no tempo de Moisés.

Esse apelo do Evangelho à conversão se faz mais veemente na Quaresma. Um itinerário libertador! Caminhar para a Páscoa! Iluminar nossos passos e horizontes terrenos conforme o querer de Deus. Crer no seu Reino! Há muito que fazer em busca da vida plena, na fraternidade, na paz, na justiça. Ai está a Campanha da Fraternidade, motivando, conscientizando, ajudando os cristãos e todos os que têm boa vontade e senso de ética a refletir sobre as relações entre a Igreja e a sociedade. E a imitar Jesus que veio para servir e não para ser servido. Aproveitemos a chance e colaboremos com dedicação pelo bom êxito da Campanha da Fraternidade.

Aplicação Mariana

Frente a este renovado apelo de conversão, Maria é a discípula modelar. Máxime no espírito de serviço aos outros. O seu “fiat” incondicional (faça-se em mim a vontade do Senhor!) brilha qual luz de Deus estendendo as mãos a todos nós e de modo especial aos pobres e oprimidos, esmagados pela miséria e a opressão. Maria ilumina a Igreja no caminho fraterno e na inclusão autêntica dos mais humildes e desvalidos. No seu canto do Magnificat ela proclama que a salvação de Deus tem tudo a ver com a justiça social, caminho pascal da vida digna e fraterna reclamado como conversão quaresmal.

Pe. Antonio Clayton Sant’Anna – CSsR.

Diretor da Academia Marial

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