Palavra do Associado

A Assunção

Escrito por Academia Marial

13 AGO 2021 - 09H14 (Atualizada em 13 AGO 2021 - 16H41)

Maria Assunta aos céus (no dia 15 de agosto sua comemoração) é como canto de berço, desses que cada um guarda na memória vindos dos seus primeiros dias de vida. Assim como essas caixinhas de música, que se abrindo repetem uma ou outra e mais outra e outra vez a mesma canção encantada. É compromisso do amor recíproco dos filhos com sua mãe. E trazer do mundo sonoro da infância. Essas palavras conservadas pulsáteis e inebriantes tal qual como as escutaram pela primeira vez. Assim como foi Jesus e sua mãe Maria.

Reprodução: Icon Productions
Reprodução: Icon Productions


Em 1950, através do Papa Pio XII – pela carta “Munificentis Dei” fê-lo proclamar a todo o orbe e como dogma de fé a Assunção de Maria aos céus. Assunta, porque levada aos céus pelos anjos em corpo e alma. Maria desde o FIAT foi canto de berço. Nas horas mais altas de sua vida. Nas decisões. O Sim à vontade e ao projeto divino foi uma decisão corajosa e confiante. Ali no Sim, como futura mãe de Deus, ensaiou seu primeiro acalanto materno. Desde esse momento passou a ter essa conexão indescritível com seu filho. Através de sangue, fibras e sentimentos. Se não, vejamos: O seu segundo canto de ninar foi quando proferiu o revolucionário Magnificat. Diz a Bíblia, “...desde agora e para sempre todas as gerações me chamarão de bem-aventurada...”. E durante toda a infância de Jesus repetia “berceuse” para um Menino perseguido, visado e invejado: na fuga para o Egito; quando perdido no Templo; aos pés da Cruz. Maria, essa que hoje o Cristo Ressuscitado promoveu sua Assunção, sempre guardou no peito essa canção de ninar que a sintonizava com o Filho. Como em Caná no “Fazei tudo o que Ele vos disser...”Essa estrofe dessa caixinha de música é parte irremovível do mundo sonoro da infância de Jesus. Ressoou naquele instante com o ardor das labaredas. E ele fez das talhas com água, vinho da melhor qualidade. Deus deu início a sua missão ao toque do canto de berço. Dom único das mães. É poesia em prol dos seus. Costumo dizer que ela legou as mães e filhos cinco mundos a conviver harmonicamente durante a infância, os mundos dos sentidos: o mundo da visão, o tátil, o olfativo e o auditivo e o do paladar.

O primeiro é Jesus vendo um rosto amigo inclinando-se sobre o berço de palha. Percebia os contornos faciais, o brilho de seu olhar maternal, seu sorriso aberto, os cabelos emoldurando-lhe o rosto...

O segundo mundo é o tatear e sentir na pele o carinho. O beijo, o aconchego quentinho do colo no momento de amamentar, o acalentar seu corpo contra o peito nas horas inquietas... O olfato abrange os cheiros do ambiente da mirra feito incenso após o banho, o cheiro da mãe... No paladar Jesus-menino abarca o gosto do leite, depois outros sabores. No entanto desses mundos e que tem mais relevância é o mundo sonoro: o auditivo. Só ele sobreviverá aos tempos. É poesia. A linguagem materna de Maria nunca renunciará a sua dimensão poética e transcendental. Jesus nunca esqueceu esse mundo sonoro. Ele cresceu, ficou 40 dias no deserto... Saiu por outros lugares em missão evangelizadora. Podia até parecer que virava as costas a sua mãe, que a abandonava... Ah! Mas o canto de berço que surge como acalanto de caixinha de música! “Berceuse” para homens sérios, ele nunca esqueceu. Poesia pura esse dom das mães que fez o Cristo levá-la em corpo e alma para glorificá-la.

P.S.: Mãe da Assunção diz a teu Filho que me empreste essa caixinha de música! Ela, guarda a poesia sobrenatural da paz.

Carmen Novoa Silva é Teóloga e membro da Academia Amazonense de Letras

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