Por Fr. Jonas Nogueira da Costa, OFM
As quatro fachadas do Santuário Nacional de Aparecida estão sendo revestidas com iconografias de nossa história da salvação. Na entrada principal somos recebidos com as imagens do Êxodo, que nos fazem entender nossa vocação de povo de Deus, conduzidos pela nuvem do Senhor, para experimentar a vida e a salvação que brotam do próprio Senhor Jesus, no seio do Pai e na glória do Espírito Santo.
A técnica escolhida para retratar iconograficamente a história da nossa salvação é a do mosaico. O mosaico é uma arte decorativa em que diversos fragmentos de materiais são reunidos para, de forma harmônica, criar uma imagem desejada. Cada fragmento, por menor que seja, traz sua importância. Ele compõe uma imagem e sem ele ficaria um vazio. Também se ele fica sozinho não nos traria a informação desejada ou se colocado fora do lugar seria um embaraço no conjunto.
A ideia de mosaico é necessária para a compreensão de uma tentativa de sistematizar de modo linear a vida de Maria, Mãe do Senhor. Isso porque não temos uma única fonte sequer que reúna todos os momentos da vida de Maria, mas diversas fontes fragmentadas. Vale dizer que algumas são independentes umas das outras e que existem fontes discordantes na intenção de guardar a memória da Virgem Maria. Ou seja, temos tradições diversas, que em ordem de importância devemos considerar primeiramente os Evangelhos, aos quais outras fontes foram se juntando para pensarmos a história da vida de Maria.
Segundo tradições apócrifas, Maria nasceu no dia 8 de setembro, filha de Joaquim e Ana, casal marcado pelo sofrimento da esterilidade que se viu abençoado com o nascimento prodigioso dessa menina. Isso fez com que seus pais a cobrissem de cuidados para que ela, sendo considerada santa desde sua concepção, não tivesse contato com nada de impuro.
Por isso que, ainda segundo tradições apócrifas, Maria aos três anos de idade foi levada ao Templo de Jerusalém, ali permanecendo até seu matrimônio com José. Homem que foi escolhido por Deus a partir de sinais maravilhosos que confirmaram sua idoneidade para ser o esposo de Maria.
No amor virginal desse casal é que nasce o Senhor Jesus. Maria e José acompanham a infância de Jesus na gruta de Belém, na adoração dos magos, na fuga para o Egito, em seu retorno a Nazaré, na perda e no encontro do menino Jesus no Templo de Jerusalém. Eles assumem o cuidado familiar do Verbo Encarnado.
E mesmo adulto, Maria não abandona seu filho. Ela se preocupa com seu Filho, tenta compreender o que Ele está dizendo sobre o Reino de Deus. Por isso, com ímpeto de um zelo todo materno, vai até Ele com sua família. E como uma mulher que viveu toda a sua vida sob o poder do Espírito Santo foi capaz de, sendo a Mãe do Senhor, fazer-se também Discípula de seu Filho. Nas Bodas de Caná, Maria é a testemunha do primeiro sinal de Jesus, que nos conduzirá à manifestação de sua glória na cruz.
E caminhando com Jesus, o evangelista João coloca Maria ao pé da cruz. Maria recebe e é dada ao Discípulo amado como mãe. Nessa imagem contemplamos Maria, associada à cruz de Jesus e dada a toda a Igreja como Mãe. Importante dizer que, diferente de textos apócrifos, Maria desaparece das narrativas bíblicas a partir desse momento, onde reaparece em At 1,14. Isso nos ajuda a entender que Maria, mesmo diante do horror da cruz, permanece firme no seguimento de seu Filho, que, paradoxalmente, morto na cruz é o Vivente por excelência. A mãe de Jesus não segue um morto, não se dirige ao túmulo do Senhor, “não tem necessidade de aparições, mas crê “embora sem ter visto” (Jo 20,19)” .
Sendo a mulher que crê que seu Filho, descendo à mansão dos mortos permanece vivo, não abandona o grupo dos seguidores de Jesus, que amedrontados estão com ela em oração (At 1,14). Ela prepara o cenáculo com os seguidores de Jesus. Ela que foi o “verdadeiro cenáculo” vivendo intimamente unida ao Espírito Santo, agora cuida para que a Igreja, que nasce do lado aberto de seu Filho na cruz, seja o novo cenáculo, onde o Espírito Santo consagra para a missão de testemunhar, como e com Maria, as maravilhas do amor de Deus.
Terminados seus dias na terra, Maria foi assumida em sua inteireza na glória da Trindade. Em Ap 12 temos uma imagem da Igreja como glorioso sinal da vitória de Jesus contra as forças do mal. Também essa imagem cabe a Maria, que sendo concebida sem o pecado original viveu toda a sua vida como um sinal da vitória de Jesus sobre todas as forças contrárias ao Reino de Deus.
Maria está na glória de Deus e na comunhão dos santos. Mas não abandona seus filhos e irmãos na peregrinação rumo à casa do Pai. Ela colabora com a obra da salvação para que cada um de nós, como uma peça de mosaico, não perca “o formato e a cor” que Deus moldou. Ela contempla como ninguém o Espírito Santo juntando cada um de nós, nesse mosaico que é a vida, para formarmos o rosto de seu Filho Jesus Cristo para a glória do Pai.
O que significa coroar a imagem da Mãe de Deus?
A coroação é reconhecimento de sua maternidade divina. Coroá-la é amá-la. E Deus costuma tratar com especial carinho e predileção quem ama, respeita e venera sua Mãe.
Maria, de tantos nomes, mãe de todos nós
O povo devoto de Nossa Senhora, que vem em romaria ao Santuário Nacional e a tantos centros de peregrinação dedicados à Mãe do Senhor, carrega nos lábios e no coração o nome bendito da Senhora Aparecida e infinitas outras invocações da mesma Virgem Imaculada.
A Família de Jesus
Graças ao evangelista São Mateus, sabemos de toda a genealogia de Jesus pelo ramo paterno, sabemos que o avô paterno de Jesus se chamava Jacó (Mt 1,16); com relação ao ramo materno de Jesus, encontramos as informações nos evangelhos apócrifos, que são textos históricos que não foram incorporados aos textos canônicos.
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