Renunciando à plena felicidade de Sua eterna convivência, nos céus, com o Pai e o Espírito, o Filho eterno, igualmente Deus criador, vem tornar-Se um de nós. Assume nossa fraqueza e limitações de criaturas, “exceto o pecado” (Hb 4,15), para assim cumprir a missão que o Pai Lhe confiara: plantar aquela vida divina, a trinitária convivência do céu, no coração da humanidade. Renúncia àquela plena felicidade, porém, por apenas um tempo, enquanto durasse a missão.
Sim, “saí do Pai e vim ao mundo, agora deixo o mundo e vou para o Pai” (Jo 16,28). Vem nos ensinar inclusive que, mesmo ganhando o mundo inteiro, por mais felicidade que ele nos dê, não nos satisfaz o coração (cf. Mt 16,26). Sim, coração humano, criado à imagem de Deus e segundo Sua semelhança, como que em dimensões divinas, só e exclusivamente Deus é que pode satisfazê-lo!
Tornando-Se um de nós pela encarnação, Jesus, em Si, de tal modo une vitalmente Sua divindade a nós-humanos, e correspondentemente, nós-humanos à Sua divindade, que n’Ele nos tornamos uma nova realidade divino-humana ou humano-divina.
São Paulo tenta nos explicá-la com esta comparação: Jesus-Deus faz-Se Cabeça de nós-humanos-Membros; com Ele nos tornamos um verdadeiro Corpo. Que divina maravilha! Como uma cabeça não existe nem vive independente dos demais membros, e igualmente estes membros só vivem, existem nessa vital união com a cabeça, assim Jesus-Cabeça e nós-Membros Seus! O Corpo que passa a existir é o Jesus Total: Jesus-Cabeça e nós-Membros vitalmente unidos!
Para vir tornar-Se um de nós nessa vital união, Jesus sai, unicamente divino, do seio da Trindade, de junto do Pai e do Espírito. Mas, encarnado pelo Espírito no seio de Maria de Nazaré, não regressa unicamente divino, mas divino-humano. E, sendo nossa Cabeça, de certo modo já leva a nós-Membros consigo para o seio da Divina Família.
A fé que temos “em Deus”, no Pai, Jesus pede que tenhamos agora n’Ele, quando nos declara: “na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não, eu vo-lo teria dito, vou preparar-vos um lugar”. E, tendo-o preparado, “voltarei e vos tomarei comigo, para que, onde eu estiver, vós estejais também” (Jo 14,1-3).
É Jesus-Cabeça que anseia por Sua divino-humana plenitude que só ocorrerá quando tiver a nós-Membros inteira e vitalmente unidos a Si junto do Pai: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém chega ao Pai senão por mim” (v.6). “Não temos aqui uma cidade permanente, mas buscamos a futura” (Hb 13,14). A cidade terrena foi provisória também para Jesus, apenas tempo e espaço de missão. O Pai, a eterna convivência com Ele no Espírito, eis a definitiva morada para Jesus-Cabeça e para nós-Membros, unidos sempre mais vitalmente a Ele! Sim, “fizeste-nos para ti e inquieto está nosso coração enquanto não repousa em ti!” (Santo Agostinho). É a definitiva etapa de Sua missão, retratada na Fachada Sul do Santuário.
Ele é a imagem do Deus invisível
Jesus-primogênito de toda criatura, é o “Filho amado” de Deus (Cl 1,13). Então Jesus nos vem propor e inaugurar a filiação divina como a definitiva imagem-semelhança que o Pai sonha ver estampada em cada um de nós.
“Eu serei para ele um Pai e ele será para mim um filho!”
“Vivendo segundo a verdade da caridade, cresceremos de toda maneira em direção Àquele que é a Cabeça, o Cristo, “do qual todo o Corpo recebe coordenação e coesão” (Ef 4,15-16a). E com Ele, seremos a bênção para a humanidade!
“Em ti serão abençoadas todas as famílias da terra”
Deus diz a Abrão: “Sai de tua terra, de tua família e da casa de teu pai, e vai para a terra que te mostrarei. “Farei de ti uma grande nação e te abençoarei; engrandecerei teu nome e tu serás uma bênção... “Em ti serão abençoadas todas as famílias da terra” (12,1-3).
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