Revista de Aparecida

Com Maria, celebrar a reconciliação e o perdão do senhor!

Escrito por Revista de Aparecida

07 OUT 2025 - 09H28

Thiago Leon

Não sei falar, sem antes invocar o Espírito Santo. Todo o povo cantando. “A nós descei divina luz”. Tá bonito! “A nós descei divina luz”, mais bonito. “Em nossas almas acendei o amor, o amor de Jesus, o amor, o amor de Jesus”.

Faço minhas as palavras de acolhimento do comentarista Irmão Alan. Aqui estamos numa grande reconciliação.

O tema de hoje, quem nos reconcilia é Nossa Senhora. Isso acontece o ano inteiro. Um santuário de reconciliação. Porque com Maria nós voltamos do santuário para a paróquia, para a diocese, para a família, com o desejo de nos reconciliar sempre.

Nós, irmãs, ouvimos esta mensagem de perdão, mas lembrei-me de São João Paulo II. Ele recebeu aquele tiro, quase morreu. A imagem, a medalha de Nossa Senhora o protegeu.

E eu quero pedir à Nossa Senhora que sempre nos proteja de qualquer agressividade, de qualquer atitude que queira nos anular, que ela desvie com sua mão maternal todas essas flechas que querem nos ferir. E então, o Papa São João Paulo II, quando acordou no hospital, olhou e disse essa oração. “Eu perdoo de coração ao irmão que me feriu”.

E esse Papa reconciliou muito, muito a humanidade. Viajou mais de 122 nações reconciliando o povo de Deus. Porque ele dizia para Nossa Senhora, eu sou todo teu.

E depois de quatro anos, ele vai visitar aquele senhor que queria matá-lo. Ali Agca, turco. E sabe o que o Turco disse para ele lá na prisão? Eu só tenho uma tristeza, que eu não te matei. E o Papa deu um sorriso para ele.

É, a gente devolver com um sorriso uma agressividade não é fácil, mas é o nosso tema de hoje. E por lembrar, em perdão, reconciliação, eu ouvi uma vez um padre da pastoral carcerária dizer o seguinte.

Uma mãe, uma senhora, vinha todas as quartas-feiras fazer uma visita no presídio, com muito carinho. E aquilo chamou a atenção dos dirigentes, falaram com o padre da pastoral carcerária, o que será que está acontecendo. E numa quarta, o padre aproximou-se daquela senhora e disse, olha, a senhora nos está chamando a atenção, porque vem toda quarta-feira aqui com tanto carinho. O que a senhora vem fazer aqui? Qual é a sua intenção? Ela disse, eu venho visitar este detento que matou o meu filho, mas eu o trato como meu filho.

É assim, irmãos e irmãs, que Nossa Senhora também nos trata como filhos e filhas muito amados e com seus olhos misericordiosos se volta para nós, para a gente então se reconciliar de novo com Deus e com Jesus, seu Filho.

A leitura, ela tem duas novidades. Primeira, nós ofendemos a Deus. Deus não ficou esperando a reconciliação. Ele veio se reconciliar com quem lhe ofendeu. Você que ofendeu deveria ter vindo se reconciliar. Contrário. Deus ama primeiro. Ele dá o primeiro passo de reconciliação.

Será que isso não toca o nosso coração? Ele, o ofendido, vem nos abraçar, vem nos reconciliar e diz a leitura, Ele quer fazer de nós uma nova criatura, o perdão. A reconciliação é o novo mundo, é a nova igreja, é a nova sociedade reconciliada. A igreja tem esse nome, de comunidade reconciliada no sangue de Jesus.

Mas precisamos ainda pedir muito perdão, porque às vezes vencem a discórdia, a polarização e tantos problemas.

Pois é, irmãos e irmãs. O Papa Leão XIV, semana passada, disse assim: Nesse mundo está havendo uma globalização da indiferença. Não me importa se mata, se não mata, se tem guerra ou não guerra. Uma globalização da indiferença. É preciso, diz o Papa Leão, uma globalização da reconciliação.

Isso precisamos nós. Por quê? Tanta esperança na reconciliação. Porque ela recupera a fraternidade.

Reconciliação é o novo nome de fraternidade universal. Por isso o Papa foi lá em Abu Dhabi, diante do imã, do muçulmano, e fizeram o documento da fraternidade universal, que celebramos no dia 4 de fevereiro. Reconciliação.

Agora, a reconciliação é tão importante, porque ela possibilita aquilo que chamamos de sinodalidade. Caminharmos juntos. Sem reconciliação, nós não caminhamos juntos.

Pelo contrário, nos dividimos. E a reconciliação é uma sabedoria tão grande que a gente acolhe os diferentes e vive na concórdia, na harmonia dos diferentes.

Isso é uma grande graça. Isso é um dom de Deus. Para nós, então, corrermos nesse caminho da igreja, de sinodalidade. Caminharmos juntos, reconciliados, não divididos, não polarizados. Porque somos discípulos daquele cordeiro que derrubou o muro da inimizade e nos trouxe a paz.

Irmãos e irmãs, reconciliação reata a amizade. O que mais queremos nós do que reatar nossa amizade com Deus, amizade conosco mesmos? Sim, reata a amizade.

A reconciliação facilita o que mais o mundo precisa em nós também, o diálogo, o encontro entre nós. Irmãos e irmãs, não nos tornamos só novas criaturas, repito, mas uma nova igreja. E esse é o reino de Deus, a unidade.

E a humanidade está precisando deste exemplo da igreja, de unidade e de reconciliação. Paulo Apóstolo, irmãos e irmãs, diz assim, não há judeu e nem grego, nem escravo, nem livre, nem homem e nem mulher. Somos um só corpo.

Todos os dias da missa rezamos pela reconciliação, pedindo que todos nós sejamos um só corpo. Isso vai longe, né, irmãos e irmãs? Pois é, a reconciliação é conosco mesmo. Quanta baixa estima a gente tem, quanto negativismo a gente tem, culpabilidade.

Parece que eu vivo só no lodo. Parece que eu tenho um olhado urubu. E Deus no meu lodo, no nosso lodo, encontra tesouro.

Como Deus é um garimpeiro, então vamos nos reconciliar com a nossa dignidade de filhos de Deus e de imagem de nosso Senhor Jesus Cristo. E se essa imagem for respeitada, haverá reconciliação. Isto mesmo, irmãos e irmãs.

A reconciliação na família. Como não marido e mulher, pais e filhos nos reconciliarmos na família? Família é lugar de reconciliação, senão nem é família. Reconciliação na igreja.

Como precisamos de humanismo, como precisamos de mais proximidade, como precisamos de mais amor à nossa paróquia, à nossa diocese.

Mãe Aparecida, ajuda-me a pedir aos queridos sacerdotes e aos bispos que nós sejamos mais reconciliados. Seremos padres felizes por causa da reconciliação, por causa da sinodalidade e seremos ousados missionários pela força da sinodalidade e da reconciliação.

Senão a gente é um padre triste, às vezes até depressivo, cansado. Estamos suplicando por reconciliação. Pois é. Reconciliação no mundo inteiro.

A ONU, Nações Unidas. Como precisamos da reconciliação dos povos. Isto mesmo, né, irmãos e irmãs.

Como esse tema, ele vai no núcleo do coração do mundo e do nosso coração. Termino. Não há reconciliação sem perdão. Olha Jesus, perdoe setenta vezes sete. Sempre. Perdoe logo, perdoe com todo o coração, perdoe com alegria. Não vá dormir sem perdoar. Jesus investe no perdão. Coloca o perdão no Pai Nosso. Coloca o perdão nas bem-aventuranças. Coloca o perdão na Cruz, "Pai Perdoa-lhes". E coloca o perdão diante do altar.

Se tiveres diante do altar, e o teu irmão tem alguma coisa contra ti, vai lá no teu irmão. Como Deus fez. Vai lá. Te reconcilia e volta para o altar. Como Jesus investe no perdão. Porque ali tem saúde. Ali, no perdão. Nós vamos fazer uma experiência da restauração, exatamente, da reconciliação. E claro, irmãos e irmãs, que Nossa Senhora nos ajuda muito, muito, é nessa reconciliação.

Como eu disse, aqui ela nos reconcilia. A Mãe Aparecida reconciliou brancos e afros, poderosos e escravos. Mãe Aparecida. Nossa Senhora de Guadalupe reconciliou índios e exploradores. Reconciliou. Por isso a América Latina é um povo mariano.

O Brasil é um povo mariano. Nossa Senhora da reconciliação. E porque ela é, então, Nossa Mãe, ela nos quer reconciliados.

Sim, Maria. Senhora do Novo Mundo reconciliado. Nossa Senhora do Novo Mundo. Nossa Senhora Rainha do Universo reconciliado. Nossa Senhora Mãe dos Homens da Humanidade, que é o título da Paróquia de Urubici. Nossa Senhora Mãe dos Homens, que quer reconciliar a todos nós.

E por isso ela agora olha nos seus olhos, ela ouve o seu pedido, ela chora suas lágrimas, ela sorri com sua alegria, ela abre os braços para te abraçar, a Mãe reconciliadora, e ela te acolhe debaixo do seu manto maternal, porque ela é a Mãe da Reconciliação.

Fonte: Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida 

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