Por Pe. Domingos Sávio da Silva, C.Ss.R. Em Revista de Aparecida

Na radicalidade de Jesus, construímos o Reino (Lc 14,25-30.33)

Ele-Filho, pelo que é e faz, é o que devemos aprender. Ele fez-Se Filho “obediente até a morte e morte de cruz” (Fl 2,8)

Interrogados pelo próprio Jesus sobre Sua identidade, Pedro por si e pelos demais discípulos, responde: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Confissão de fé tão certeira que Jesus diz ser fruto de revelação direta do “Pai que está nos céus” (Mt 16,15-17). O Messias é “o Filho do Deus vivo”. Então vem salvar, abrindo-nos o caminho da filiação divina. Salvos seremos se, com Ele, aprendermos a ser filhos e filhas do Pai celeste.

Tantos séculos de espera, e a partir da vinda do Messias-Filho, outros tantos séculos que já se foram! E por que o Reino de Deus, essa humanidade divinizada como filha tal qual o Filho, ainda não explodiu aqui na terra? Parece ser por falta de radicalidade nossa no seguimento de Jesus: não vivemos a filiação divina como Ele a viveu.

Sim, um dia para “numerosas multidões” que O acompanhavam, Jesus diz: “Aquele que vem a mim e não tem maior amor a mim do que a seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo”. Ir a Ele, crer n’Ele, acolher Sua proposta de vida, é fazer-se Seu discípulo, é aprender d’Ele.

Mas, aprender o quê? Mais do que preceitos que nos ensinou, devemos aprendê-Lo. Ele-Filho, pelo que é e faz, é o que devemos aprender. Ele fez-Se Filho “obediente até a morte e morte de cruz” (Fl 2,8). Colocou o Pai e Seu projeto de humanidade divinizada já aqui na terra, acima de Seu pai, Sua mãe, Seus irmãos e até da própria vida (cf. Lc 2,49; 22,42).

Assim, preferi-Lo ao pai e mãe, à esposa e filhos, aos irmãos e irmãs e até à própria vida, é assumir essa Sua radical preferência pelo Pai e Seu projeto de Reino a ser implantado no coração da humanidade. Ele é a encarnação dessa sonhada obediência ao Pai. Aprender Jesus é assumir como nossa, essa Sua radicalidade filial.

E assumir essa Sua radicalidade é o que unicamente nos faz Seus discípulos! Ele mesmo a iguala a renunciarmos a todos os nossos bens e a carregarmos nossa cruz. Todos os nossos bens, a começar necessariamente pelo mais difícil deles, que é a renúncia de nós mesmos.

Em vez de nós mesmos, termos o Pai como o absoluto, o centro, o coração de nosso ser e agir. Sem essa descentralização de nós mesmos, sem a expulsão de nosso ego-centrismo, que se revela na insensibilidade frente aos irmãos, quando não na atitude friamente maldosa, instrumentalizando-os em proveito próprio, sem isso, não assumimos nossa cruz, estamos longe de seguir Jesus!

E, se não for com essa total radicalidade, Jesus mesmo adverte que seria melhor nem sequer tentar começar segui-Lo! Seria como pôr-se a construir uma torre e, por falta de medir melhor as próprias forças e condições, parar no meio da obra, fazendo-se alvo de zombaria dos outros: “Vede o homem que começou a construir e não conseguiu terminar!” (Lc 14,30). Essa mediocridade ou meios termos fariam mais mal que bem à causa de Deus e de Seu Reino!

  • Avalio-me como quem põe o Pai e Seu Reino até acima de minha própria vida, como fez Jesus, a Quem quero seguir?
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