Natal do Começo e Recomeço da Vida

Thiago Leon

"Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor" (Lc 2,11)

A questão de quando começa a vida humana é uma discussão complexa e multifacetada, cuja abordagem pode ser moral, científica, religiosa, política, de saúde pública ou filosófica. Todavia, como cristãos católicos, em comunhão com a Igreja, cabe consentirmos de que a vida começa na concepção, de acordo com o nosso Catecismo da Igreja Católica (CIC). Essa questão é relevante no contexto do Natal, pois a celebração do nascimento de Jesus Cristo destaca a importância da vida humana.

Trata-se de uma ocasião para refletir sobre o valor da vida e a maravilha do nascimento. A vinda de Jesus representa a promessa de esperança, amor e redenção para todos, cuja mensagem central é o dom da vida e a importância de proteger e nutri-la.

Desde o século I, a Igreja Católica busca respeitar, proteger e defender a dignidade e o direito da vida desde a concepção até o seu fim natural: “desde o primeiro momento de sua existência, o ser humano deve ver reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida” (cf. CIC, n.2270). Assim, somos contrários ao aborto, pois, neste caso, o feto é uma vítima e não o agressor, para ser “condenado à morte”.

Entretanto, de acordo com uma pesquisa da Ipsos (Global Views on Abortion 2023), o assunto divide a opinião dos brasileiros quase ao meio: 43% são contra ao aborto e 39%, a favor, tendo a margem de erro de 3,5 pontos.

Além disso, o Natal nos desafia a sermos compassivos e solidários com aqueles que enfrentam decisões difíceis relacionadas à vida, como uma gravidez indesejada. Cabe a nós, como comunidade, oferecer apoio emocional, estrutural e social às grávidas a fim de que escolham a vida.

Este período do ano também nos ensina a perdoar e a reconhecer que todos cometem erros. Aqueles que podem ter considerado o aborto no passado merecem compaixão e apoio, e o Natal é um momento para oferecer amor e perdão, permitindo a cura, a reconciliação, o recomeço.

Assim, com esperança, celebremos a vida do começo e do recomeço. Que o nascimento do Menino Deus nos encoraje a trabalhar unidos para criar uma sociedade onde cada vida seja valorizada, protegida e celebrada independentemente da fase em que a encontre. E que Maria, a mãe de Jesus e nossa mãe, continue a nos educar para o testemunho de uma profunda fé, amor e compaixão pelo qual o Natal representa.