Escrito por: Felipe Koller
"O Deus verdadeiro é o Deus fiel, aquele que mantém suas promessas e permite, com o decorrer do tempo, compreender seu desígnio”, ensina o Papa Francisco (Lumen fidei, n. 28). De fato, ao longo da história da salvação, Deus nos revela um amor que nunca se apaga, que nunca perece e que, mesmo diante de nossas faltas, torna-se cada vez mais generoso. Balaão, um personagem do livro dos Números, representa de modo muito vivo essa fidelidade que sustenta nossa vida e fundamenta nossa fé.
Balac, rei de Moab, havia procurado Balaão para que ele proclamasse uma maldição sobre Israel. O Senhor deixou bem claro, porém, que o profeta nada deveria dizer senão aquilo que ouvisse do próprio Espírito de Deus – tão claro que até a jumenta de Balaão entendeu, desviando do caminho até Moab. Balaão também acabou entendendo: “Como amaldiçoaria eu, quando Deus não amaldiçoa” (Nm 23,8).
Por três vezes, o poema de bênção que Deus pôs nos seus lábios veio no lugar da maldição que Balac esperava. “Balaão percebeu então que Javé se com- prazia em abençoar Israel” (Nm 24,1). É a partir dessa compreensão que o profeta acabou enxergando mais além, anunciando um futuro não de condenação, mas de completa libertação. “Homem de olhar penetrante” (Nm 24,3), Balaão olhou para as doze tribos de Israel acampadas e intuiu que o próprio Deus desejava montar sua tenda entre nós, habitar em nossa humanidade. “Eu o vejo – mas não agora –, eu o contemplo – mas não de perto: uma estrela subirá de Jacó, de Israel se levantará um cetro” (Nm 24,17), profetizou Balaão.
É em Jesus que se cumpre plenamente a promessa de Javé. Jacó e seu filho José eram figura do Pai que em vista da nossa reconciliação enviou seu Filho, revestindo-o da nossa humanidade. A estrela que subiu de Jacó pousou em Jesus, nosso libertador, morada de Deus em nossa carne, testemunha do amor fiel do Pai por nós.
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