Por Pe. Ferdinando Mancílio, C.Ss.R. Em Revista de Aparecida

O que transbordamos em nós?

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A vida nos dá belas comparações em coisas muito simples, rotineiras. Se eu estiver com uma xícara cheia nas mãos, uma xícara de café, por exemplo, e alguém esbarrar em mim o que acontece? Você poderia dizer que derramou café porque alguém esbarrou em você. Errado! Depende do que estiver na xícara. Você derramou café porque na xícara havia café, se houvesse chá, iria derramar chá. O problema não é o “empurrão”, mas sim o que está dentro.

Vamos olhar para nossa vida que pode ser comparada a esse fato de alguém nos esbarrar pela vida afora. E o que vou transbordar de dentro de mim? Vou transbordar daquilo que estiver cheio meu coração. Nossas atitudes manifestam o que está dentro de nós, em nosso interior. Quando vemos violência, tanto pessoal como grupal, concluímos que as pessoas estão “derramando” o que está em seu coração. Se é bondade transborda bondade, se é violência ou agressividade é isso que será transbordado.

O que fez Jesus: Ensinou-nos a transbordar bondade, amor e misericórdia: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,9-17). Deus está sempre enamorado de sua criatura, e Jesus veio nos manifestar exatamente a interioridade de Deus, amor forte, fiel, eterno. Ao mesmo tempo esse amor é misericórdia e ternura. Olhando para Jesus, para sua “fotografia”, que é o Evangelho, compreendemos o que transborda do coração de Cristo, que é o que está no coração do Pai.

Nosso Deus, o Deus de Jesus, não aquele que é imaginado pelo ser humano, é altíssimo e humilde, pois é capaz de abaixar-se até nossa altura humana. O gesto de Jesus no lava-pés precisa tocar nossa humanidade em cada dia: Como pode um Deus fazer-se escravo?, pois o lava-pés era um serviço dos escravos. E Jesus se fez um deles. São Francisco não tem receio de dizer: “Tu és humilde!” Deus humilde e grande no amor, que nos chama para voltar à casa do seu coração.

Nossa vocação é para o transbordamento da verdade de Cristo. Há não poucos que viveram e vivem agora essa experiência tão bela do deixar-se esbarrar pelas atitudes humanas e “derramar” a beleza de seu interior, tão pleno da verdade de Cristo. Se ainda há egoístas, fanáticos e afeitos ao mal, à violência e maldade, e coisas ainda maiores que estas, como a guerra, é sinal claro de que ainda falta Deus em nós e na sociedade.

Aqueles que vivem e labutam para viver a verdade de Cristo são sementes lançadas na terra, como a parábola do semeador. A semente caiu em todos os lugares, mas foi produzir frutos a que caiu no terreno bom do coração dos que buscam a verdade de Cristo.

Somos chamados para transbordar o amor ensinado por Cristo, e é assim que vamos mudar o mundo e a nós mesmos!

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