Por Victor Hugo Barros Em Revista de Aparecida

Olhares que restauram

Milhares são os relatos de conversão alcançados graças à intercessão de Nossa Senhora Aparecida. Entre eles, o da própria restauradora da Imagem da Padroeira do Brasil, que teve sua fé reconstruída pela Mãe dos brasileiros

Thiago Leon / Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
Thiago Leon / Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
Maria Helena Chartuni realizando manutenção anual na Imagem de Nossa Senhora Aparecida


Paulista de 81 anos, Maria Helena Chartuni dedicou sua vida à arte. Desenhista desde criança, ela ainda guarda os cadernos escolares com seus primeiros desenhos, sinal de uma missão que começava a florescer. “Acho que é coisa de Deus mesmo, não sei. Eu sempre tive essa vocação, mas não foi fácil desenvolver, mas eu acho que quando Deus escreve um roteiro para a gente, a gente dá um jeito de conseguir”, destaca.

A paixão pelos desenhos fez com que ela ingressasse no mundo da arte. “Eu não comecei restauradora, eu comecei desenhando, pintando”, relembra. “O restauro veio depois”. Pelas mãos da artista passaram grandes restauros. “Até que, em 1978, aconteceu o desastre com a Imagem de Nossa Senhora Aparecida e ela veio para mim”, conta.

Mas se engana quem pensa que a tarefa de restaurar a Imagem da Padroeira do Brasil foi emocionante para ela. Apesar de ter nascido em uma família católica, ela relembra que, ao longo do tempo, deixou de ter fé. Mal sabia ela, porém, que, com aquela Imagem, a própria Virgem Santa se aproximaria dela para reconduzi-la a Jesus.

“Eu estava diante de Nossa Senhora quebrada, como eu também estava naquele momento. Porque eu atravessava um período da minha vida muito difícil, mas muito difícil mesmo, e eu me sentia em pedaços também. E aí parece que foi uma troca, sabe?”, recorda.

Sem notar, enquanto a restauradora iniciava o trabalho, já estava sendo tocada pelo amor de Nossa Senhora. “Eu pedi a ela depois de muitos anos: me ajuda, pois sozinha eu acho que não vou conseguir”, rememora. “Nisso, sem que eu soubesse, ela também estava me restaurando”.

O trabalho, que levou 33 dias, devolveu ao povo brasileiro a Imagem de Aparecida. Já Nossa Senhora devolveu a Maria Helena a luz da fé. “Quando eu acabei de restaurar a Imagem, quando ela ficou de pé, bonita, começaram a vir os jornalistas, todo mundo chorava de emoção, aí eu comecei a sentir também que eu estava transformada”, afirma.

Thiago Leon
Thiago Leon
"Eu comecei a sentir também que estava transformada", recorda Maria Helena sobre sua conversão

Se a troca de olhares com a Padroeira já fez o coração de Maria Helena se voltar para Deus, a troca de olhares com os devotos de Nossa Senhora só a fez ter ainda mais certeza da intercessão da Mãe de Deus. Foi no dia 19 de agosto de 1978 que ela viu a multidão que se reuniu para o retorno da Imagem de Aparecida para seu Santuário, em uma demonstração de fé sem precedentes na história do Brasil.

“Foi uma coisa lindíssima! Até hoje, passados tantos anos, cada vez que vou à (Rodovia) Dutra me lembro e vejo aquela cena fantástica de um corredor humano que começou na Avenida Paulista - de um lado e do outro - e seguiu pela Dutra até Aparecida. Era um corredor compacto, uma coisa impressionante. E as pessoas chorando, rezando, foi muito lindo. Foi exatamente isso que me fez entender que ela é milagrosa e não uma coisa qualquer, uma obra de arte qualquer. Então foi isso que foi a minha conversão real, a fé daquela gente toda”, exclama.

“É uma coisa um pouco difícil de eu explicar porque eu vivi um momento muito difícil. Ela sabia exatamente o que eu tinha. Eu processei isso durante anos. Então nesse tempo todo eu estou muito ligada nela, entende? Eu acho que ela é minha mãe espiritual. Mais que mãe espiritual. Ela é mãe, mãe. Porque de alguma maneira ela me escolheu. Ela sabe as razões dela, eu não sei. Então eu sou muito agradecida por isso, porque ela praticamente me salvou”, comenta.

Até hoje, anualmente, a artista realiza a manutenção na Imagem de Nossa Senhora Aparecida. Chartuni confidencia que, durante a troca de olhares que realiza com a Padroeira, mãe e filha se restauram uma vez mais.


"Eu converso com ela, conto minhas coisas", Maria Helena Chartuni sobre manutenção na Imagem


“Para mim é sempre uma emoção”

“Para mim é sempre uma emoção. Eu tenho com ela um relacionamento que é mais do que de mãe. Eu converso com ela, conto minhas coisas”, confessa.

No cotidiano, a presença da Virgem também é sempre constante. “Qualquer coisa que eu vou fazer, se eu vou sair, se eu vou fazer alguma coisa eu peço, eu falo: Mãe, me ajuda”, acentua. “Hoje eu sou devota e acho que minha vida toda é baseada nela. Enfim, é isso”, finaliza.

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