Há, nas celebrações da Igreja, uma presença muito forte e significativa de canções litúrgicas para compor cada momento contemplativo. Não obstante, o Conclave possui músicas específicas entre a procissão e o “Extra omnes” (“todos para fora”), no qual todos, com exceção dos cardeais eleitores, se retiram da Capela.
A procissão dos purpurados teve início na Capela Paulina, onde se reuniram para seguir em direção ao ponto de encontro e destino do Conclave, a Capela Sistina. Neste momento, todos em fila, seguem entoando a ladainha, alternados entre o Coro da Capela Sistina e o Colégio Cardinalício. A chamada “Litaniæ Sanctorum” — Ladainha dos Santos, é cantada até que todos os votantes estejam em seus devidos lugares para o início do juramento.
A ladainha surgiu por volta do século IV, em Antioquia. No início eram invocados apenas os mártires. Com o passar do tempo, os nomes dos santos foram acrescentados, reforçando o caráter de universalidade da reza. Inclusive, durante o papado de Francisco, foram incluídos os nomes dos papas canonizados à ladainha.
Na versão da língua latina da Ladainha, os nomes de um ou mais santos são cantados por um cantor ou coro, e a resposta da congregação é Ora pro nobis, se é apenas um santo, ou Orate pro nobis, no plural do imperativo do verbo, se houver mais de um santo na invocação.
As duas respostas se traduzem em “rogai por nós”. No entanto, é permitido personalizar a Ladainha dos Santos para um ritual fúnebre ou Missa para os mortos, e isto foi feito durante o enterro do Papa Francisco, em que a resposta foi “Rogate pro eo”, que significa “Rogai por ele.”
A oração pede pela proteção de todos os santos neste momento de Conclave, que Deus os guie em sua vontade e os santos e santas intercedam por eles em suas orações.
“Ut omnes hómines
ad Evangélii lumen perdúcere dignéris,
te rogámus, audi nos.”
(“Como todos os homens
Vós vos dignais conduzir-nos à luz do Evangelho,
Nós te imploramos, ouve-nos.”)
Após o término da ladainha, eles cantam o hino “Veni, Creator Spiritus” (“Vem, Espírito Criador”), que invoca solenemente o Espírito Santo. É o último momento de introspecção dos purpurados antes do juramento de toda a assembleia.
O hino, tido como um dos mais antigos da liturgia católica, remete a Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu do céu e apareceu aos discípulos na forma de uma pomba. Desde o século IX é oficialmente usado como cântico litúrgico. Sua letra é também encontrada no Ofício Divino, nas Vésperas da Liturgia das Horas.
“Veni, creátor Spíritus,
mentes tuórum visita,
imple supérna grátia,
quæ tu creásti, péctora.
Qui dicéris Paráclitus,
donum Dei altíssimi,
fons vivus, ignis, cáritas,
et spiri táis únctio.”
(“Oh vinde, Espírito Criador,
as nossas almas visitai
e enchei os nossos corações
com vossos dons celestiais.
Vós sois chamado o Intercessor,
do Deus excelso o dom sem par,
a fonte viva, o fogo, o amor,
a unção divina e salutar.”)
Seguido do juramento coletivo e individual, respectivamente, o Colégio dos Cardeais agora seguirá sozinho para a reflexão e a primeira votação do Conclave. Após o “Extra omnes”, a sessão se encerra invocando a proteção da Virgem Maria com o canto da antífona: “Sub tuum praesidium” — “Sob a vossa proteção nos refugiamos, Santa Mãe de Deus...”.
Reconhecida como a oração mariana mais antiga conhecida, esta súplica testemunha a fé e a confiança dos primeiros cristãos na intercessão materna de Maria. Cada palavra da oração reflete a relação única de Maria com Deus e com a humanidade:
1. “Sob a tua proteção buscamos refúgio”: Estas palavras expressam total confiança na proteção materna de Maria. Na tradição católica, Maria é vista como um refúgio seguro onde os fiéis encontram consolo e auxílio nos momentos de necessidade.
2. “Santa Mãe de Deus”: Proclamar Maria como Mãe de Deus destaca seu papel no mistério da Encarnação e sublinha sua dignidade única entre todas as criaturas.
3. “Não desprezes as nossas súplicas”: Esta frase manifesta a confiança na poderosa intercessão de Maria, que leva nossas orações ao coração de seu Filho.
4. “Livra-nos de todos os perigos”: Este pedido sublinha a fé na proteção constante de Maria contra ameaças físicas, espirituais e emocionais.
Agora, sob o silenciar da Capela Sistina, confiando na vontade do Espírito Santo e na intercessão de todos os santos e santas de Deus, os cardeais seguem para a clausura votante. Enquanto isso, aguardamos por notícias, pela fumaça branca, confirmando nossas orações, anunciando o “Habemus Papam”.
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