Por Ele todas as coisas foram feitas

Indubitavelmente, o tempo deixa suas marcas, mas também possibilita muitas realizações e projetos. Desde 2019, quando se iniciou a Jornada Bíblica, estamos acompanhando e percebendo a transformação das fachadas do Santuário Nacional — antes desprovidas de tanta beleza — em artísticas páginas da Sagrada Escritura, que podem ser admiradas e vistas por todos os peregrinos de Nossa Senhora Aparecida.

Impossível alguém não se sentir extasiado com essa imensidão de imagens bíblicas que nos remetem à História da Salvação. É como um filme ou uma apresentação cênica que relata nossa história, pois não somos somente expectadores, mas participamos e continuamos essa saga divino-humana! Na sucessão dos acontecimentos, nos sentimos retratados como membros da humanidade, peregrinos desta Terra e filhos do Criador!

Aliás, este é o primeiro e principal objetivo da arte sacra na vida da Igreja. Não se trata de uma mera ornamentação ou enfeite para distrair os fiéis. Muito pelo contrário, em sua sabedoria pedagógica, a Igreja, desde os primórdios, sempre soube servir-se da beleza artística para despertar e sensibilizar o ser humano para o encontro com o Transcendente.

Prova disso são as monumentais igrejas e catedrais medievais, presentes, sobretudo, no continente europeu. Ademais, a beleza em si já manifesta a própria presença e realidade do Criador! Pois os dons artísticos, que ganham forma por intermédio dos artistas, proporcionam às pessoas um real enlevo da alma quando admiramos e contemplamos as diversas maneiras plásticas de expressão.

Nesse sentido, nós, Missionários Redentoristas, somos orgulhosos do nosso fundador, pois ele também foi alguém dotado de talentos artísticos — arquitetura, desenho, música, composições — usados como meios para favorecer a evangelização. Ou seja, fazia transparecer nessas atividades a grandeza da alma humana em busca do divino.

Porque, em última instância, reconhecia Deus como um mistério que deve ser acolhido e reverenciado, mas sobre o qual podemos ter algum sinal do seu amor e de sua presença. De modo que a arte expressa parte disso que se consegue captar de toda essa grandeza! Ela não traduz o que o mistério é na sua totalidade, mas é como um balbuciar da linguagem divina!

Ademais, quem entra em contato com a arte religiosa será capaz de, a partir de sua sensibilidade e percepção, ver os sinais das realidades divinas. E assim, todo o esforço humano feito por meio da arte não é em vão nem inútil, mas um desejo de tangenciar e criar comunhão com a realidade divina.

É dentro desse escopo que foi e está sendo concebido todo o projeto artístico do Santuário Nacional. Realmente, há essa convicção de que na beleza experimentamos a salvação de Deus! E a Fachada Leste da Casa da Mãe, ao retratar o Livro do Gênesis, nos faz mergulhar na realidade da criação.

O conjunto das cenas converge para a proposição máxima da nossa fé: a origem do mundo e do ser humano é incontestavelmente Deus! Fora do seu desígnio, nada existiria... E a arte humana acaba sendo um ímpar louvor ao Deus Criador!

Interessante que as cenas estão postas dentro de uma lógica teológico-catequética que nos faz crescer no conhecimento das coisas de Deus. Nada é aleatório ou sem nexo! Como em toda arte, sempre haverá a polissemia interpretativa do que salta aos nossos olhos. Essa é mais uma vantagem que a arte nos assegura e proporciona!

Enfim, somos imensamente agradecidos por sua parceria neste magnífico projeto da Jornada Bíblica. Se chegamos até aqui é porque a Família dos Devotos acreditou e apostou conosco nessa empreitada. Sabemos que, na beleza da Casa da Mãe, está um pouquinho da beleza de todos os seus filhos e filhas!

Continuemos com generosidade trabalhando e embelezando o que é de todos nós e permanecerá para as gerações futuras como o grande legado da nossa fé e do nosso amor à nossa Mãe querida!