Por Redação A12 Em Artigos Atualizada em 12 MAR 2020 - 09H45

Ainda há salvação

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Acredito, piamente, que o amor seja a única forma de salvar a humanidade. Refiro-me ao amor caridoso, aquele que permite a pessoa ser melhor, simplesmente, por se importar com o próximo de forma totalmente altruísta, sem buscar glórias e reconhecimentos, sem requerer abatimento no imposto de renda. Aquele amor que começa com uma pequena chama dentro do coração, que se acende todas as vezes que se presencia o sofrimento alheio.

É muito comum nos tornarmos inertes, ou melhor, indiferentes a essa chama. Afinal de contas, vivemos em um mundo injusto, com coisas feias e tristes em cada esquina. E com o tempo, aquela pequena chama nem é capaz de aquecer. Só consigo imaginar o mal que isso faz à nossa alma. Nossos olhos são capazes de testemunhar; porém, todo o mecanismo físico por detrás disso - que nos faz ter os sentimentos e as sensações - vai deixando de nos enviar aqueles sinais de atenção que nos fariam realmente nos importarmos.

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Isso não é uma crítica. Ao contrário. Para mim é fato que, em meio a situações desse tipo, com tanta frequência, é natural que não haja mais aquele choque de realidade que destoa a situação das demais; um mendigo é só mais um mendigo, um deslizamento de terra no morro da favela é só mais uma tragédia, uma cidade bombardeada covardemente por causa de guerras é só mais uma, e por aí vai...

Claro, não temos capacidade de resolver todos os problemas do mundo. Eu podia dizer que, se nos uníssemos, seria possível, mas não acredito nisso. De fato, a coisa está feia demais até para acreditar que exista uma solução.

Mas é importante cada um de nós semearmos em nosso coração aquele amor que mencionei no começo; não deixar aquela chama se tornar algo tão comum que pode passar despercebida. Fala-se muito de saúde física e mental, mas a saúde da alma também importa. E sentir a dor do outro, por mais trágico que possa parecer, é capaz de nos curar dessa apatia generalizada que aumenta descontroladamente.

Gestos não precisam ser grandiosos, mas, sim, sinceros e reflexo daquilo que sentimos pelo outro. Hoje em dia, usa-se muito o termo “ninguém solta a mão de ninguém”, mas até onde isso realmente é verdade, e não só uma jogada de marketing? Será que realmente é preciso campanhas publicitárias para pensar nas necessidades de outras pessoas? Precisamos de campanhas publicitárias para apoiar causas?

A saúde de nossa alma está muito ligada ao altruísmo. O egoísmo, o ego, a indiferença, o rei que vive em nosso umbigo são os motivos que a adoecem. Você pode não perceber, porque realmente, quando pensamos em saúde, pensamos na parte tangível de nosso corpo. Mas não estamos completos quando nosso intangível está frágil e adormecido. Fazer o bem sem olhar a quem, fazer o bem sem esperar por méritos, permitir-se sentir na pele a dor do outro é o que vai nos curar dessa apatia crescente.

Caiane Cassoli
Autora do livro “O poder de mudar hábitos”
Editora Ideias & Letras

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