Jovens de Maria

Por que Jesus foi batizado se não teve pecados?

Martín Ugarteche

Escrito por Martín Ugarteche Fernández

02 FEV 2020 - 06H00 (Atualizada em 09 JAN 2024 - 16H43)

Shutterstock/Por vesilvio

Quando perguntado pela sua identidade e missão, São João Batista disse que ele batizava com água, mas Aquele que viria depois dele batizaria com o fogo do Espírito Santo.

Com efeito, o batismo de João tinha um caráter penitencial, mas não era ainda o batismo que recebemos, o qual apaga a mancha do pecado original, nos torna filhos de Deus e membros da Igreja. Essa mudança, do batismo de João para o batismo que recebemos, se produz precisamente graças ao gesto de Jesus, de Se deixar batizar no Jordão, para que se cumprisse toda a justiça, como Ele mesmo explicou à Batista.  
Leia MaisConhecendo os Evangelhos: Batismo do Senhor (Lc 3, 21-22)Batismo é fonte de vocação e comunhão com a Igreja de Cristo


Enquanto nós somos purificados pelas águas do Batismo, são as águas batismais do Jordão as que são purificadas por Jesus, quando nelas Ele se submerge.

Esse momento é também uma manifestação da Santíssima Trindade, pois se escuta a voz do Pai e o Espírito Santo repousa sobre o Filho na forma de pomba, se produz a passagem da Antiga para a Nova Aliança.

Não havia entre os filhos de mulher nenhum maior do que João – este foi o elogio que Jesus depois faria do seu primo materno – o menor no Reino de Deus é maior do que ele.

Graças ao Batismo nos tornamos os ramos, que unidos à Videira, o próprio Cristo, damos fruto para a vida eterna. Sem Ele, com efeito, nada podemos fazer.


Adam Jan Figel / Shutterstock
Adam Jan Figel / Shutterstock


O movimento do Senhor de Se submergir nas águas do Jordão é o mesmo movimento de abaixamento pelo qual assume a nossa natureza humana e Se faz obediente até a morte e morte de Cruz.

Em alguns mosaicos o Batista é representado abaixando a cabeça, como querendo se colocar por baixo de Cristo, mas sem consegui-lo. Com efeito, nenhuma situação humana, por mais negativa e desafiadora que seja, ficou fora do alcance da sua ação salvífica. Ele realmente Se uniu a todo homem, enchendo a vida de todos de luz e esperança.

Há alguns dias, meditando sobre uma passagem paulina, o “vivo eu, mas não eu, senão que é Cristo que vive em mim”, um irmão sacerdote dizia que com frequência esquecemos o que São Paulo disse antes, no mesmo versículo (cf. Gl 2,20): que está crucificado com Cristo.

E alguns dias depois, conversando com outro amigo, ele complementou essa reflexão com outra, que me parece fundamental: é Cristo Quem nos une, Quem nos atrai todos a Ele, para participarmos da sua paixão, morte e Ressurreição, para vivermos com Ele.

Não é algo que seja fruto de uma iniciativa nossa, mas um presente que Ele nos dá e que nós podemos aceitar a partir da nossa liberdade. Trata-se, como no Batismo, de sermos dóceis para que em nossa vida se faça também toda a justiça.

Escrito por
Martín Ugarteche
Martín Ugarteche Fernández

Peruano, membro do Sodalício de Vida Cristã. No Brasil, desenvolveu diversos projetos de evangelização da cultura, como o Concurso Literário Histórias de Natal e a Exposição Fotográfica Vida em Movimento. Doutor em Filosofia, por muitos anos foi professor. Atualmente reside em Roma, onde é responsável de uma das comunidades do Sodalício na Itália e faz parte da equipe de formação. Lançou um curso on-line de filosofia cristã, que é oferecido pelo Centro de Estudos Católicos na sua plataforma digital.

Seja o primeiro a comentar

Para comentar é necessário ser assinante

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus
autores e não representam a opinião do site.

Boleto

Carregando ...

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Jovens de Maria, em Jovens de Maria

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.

Carregando ...