Bispo do Acre envia carta ao Papa pedindo intervenção a favor dos haitianos

O bispo da Diocese de Rio Branco, no Acre, dom Joaquín Pertinez, enviou no último dia 21 de abril uma carta para o Papa Francisco pedindo que ele intervenha em favor dos haitianos que migram para o Brasil e pela reconstrução daquele país.

Na carta, dom Joaquin Pertinéz pede que o Santo Padre faça um apelo às autoridades internacionais. “Uma palavra do Papa em favor destes irmãos nossos, com certeza, que fará pensar e alguém começará a tomar alguma decisão em favor da reconstrução daquele país”, destaca o bispo no documento.

“A reconstrução do Haiti deve ser uma tarefa prioritária, em nível mundial e, mais ainda, em nível latino-americano. Mas, parece que está sendo o contrário, já que os interesses nacionais e internacionais caminham em outra direção”, criticou o bispo.

Foto de: Marcello Casal Jr./Agência Brasil.

Acre recebeu quase 20 mil haitianos desde o terremoto em 2010. 

O reitor da Catedral Nossa Senhora de Nazaré, padre Massimo Lombardi, explicou ao A12 por telefone que o pedido do bispo está relacionado com o ‘Manifesto de Igrejas e Centros Religiosos pela reconstrução do Haiti’ do Instituto Ecumênico Fé e Política do Acre, e que o Manifesto está sendo encaminhado a diversas autoridades nacionais e internacionais. “Cada segmento religioso do Instituto envia o Manifesto à respectiva sede. O bispo à CNBB e ao Papa, evangélicos ao Conselho Mundial das Igrejas, outros a presidente Dilma e à ONU, além do Congresso e Senado”.

“O apelo é para favorecer a vontade política internacionalmente para a reconstrução de Haiti”, frisou o reitor.

Ainda segundo o reitor, o pedido do bispo está relacionado com a realidade que enfrenta a diocese. “Dom Joaquin se preocupa que haja tráfico humano nesta migração. Ouvimos casos que nas grandes cidades os haitianos contratados, depois de alguns meses foram dispensados e hoje estão na rua”, declarou.

O Manifesto destaca que o estado do Acre recebeu desde o terremoto em 2010 quase 20 mil haitianos. Sobre o Haiti, o documento sublinha a realidade da capital Porto Príncipe.

“Passados esses três anos, Porto Príncipe, a capital, convive ainda com o desemprego e a precariedade de serviços essenciais, além de 350.000 de seus habitantes viverem em 496 campos de refugiados. O fluxo migratório de milhares de haitianos para outros países é mais uma consequência dessa tragédia que se abateu sobre esse país”. 

Veja a carta do bispo na íntegra:

SS.
Papa Francisco
Cidade do Vaticano – Roma

​​​​​​Rio Branco-AC, 21 de abril de 2014.

​Querido Santo Padre: Paz no Cristo Ressuscitado!

​Nestas terras acreanas, no noroeste brasileiro, estado do Acre, estamos assistindo a uma migração constante de nossos irmãos haitianos, à procura de uma vida melhor em terras brasileiras. É mais um drama da humanidade sofredora!

​Cansados do descaso e indiferença de todas as autoridades e responsáveis por esta situação, tanto nacionais como internacionais, pedimos uma ação sua em favor destes irmãos que já sofrem bastante em seu país e agora também estão sendo vítimas de máfias, exploração e tráfico humano nos nossos países latinoamericanos.

Uma palavra do Papa em favor destes irmãos nossos, com certeza, que fará pensar e alguém começará a tomar alguma decisão em favor da reconstrução daquele país.

A reconstrução do Haiti deve ser uma tarefa prioritária, em nível mundial e, mais ainda, em nível latinoamericano. Mas, parece que está sendo o contrário, já que os interesses nacionais e internacionais caminham em outra direção.

O Instituto Ecumênico Fé e Política, presente nesta Diocese de Rio Branco, lançou um manifesto em favor da reconstrução do Haiti (Em anexo o Manifesto). Gostaríamos que alguém tomasse as providências necessárias para ver o Haiti reconstruído e evitar esse fluxo massivo de haitianos, saindo de suas terras rumo ao desconhecido, sendo vítimas de todo tipo de humilhação exploração. 

Feliz e abençoada Páscoa! Meu abraço fraterno, em comunhão de orações. Seu irmão menor em Cristo.

​​​​​​Dom Joaquín Pertíñez
Bispo de Rio Branco

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