Brasil

Dia da Consciência Negra: O diálogo como ponto de partida

João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)

Escrito por João Antônio Johas Leão

17 NOV 2021 - 16H25 (Atualizada em 17 NOV 2023 - 17H25)

Fabio Silva

No Dia da Consciência Negra, gostaria de propor uma reflexão diferente dos habituais e que poderão ser encontradas com facilidade em uma simples busca pela internet.

Minha proposta é pensar na consciência negra dando ênfase na consciência, e não no negro. Isso porque essa forma de pensar coloca em destaque, justamente, aquilo que todos, negros, brancos, índios, mulatos e qualquer outra raça, temos em comum. E se queremos caminhar para um mundo no qual todos possamos viver dignamente, o ponto de partida precisa ser o diálogo, e não a divisão.

Isso quer dizer que fechamos os olhos para tudo aquilo que aconteceu historicamente? Não. Justamente porque, se formos honestos, as nossas responsabilidades históricas pesam justamente nas nossas consciências, como um grito que exige alguma espécie de reparação.

Por outro lado, se não entramos já de partida com preconceitos sobre os fatos, veremos que muito do que achamos saber sobre o que aconteceu, talvez não tenha ocorrido da forma como imaginávamos. Um exemplo disso é que, pesquisando rapidamente sobre o Quilombo dos Palmares, descobrimos que, naquela imensa cidade (para a época) também havia escravidão, assim como nos engenhos de açúcar.

A escravidão, de fato, aparece à consciência, especialmente nesse dia, como um dos flagelos da nossa sociedade. Em quais consciências ela pesa? Infelizmente, é preciso admitir que em todas as consciências humanas. Houve escravidão em todos os povos. Da Grécia antiga às tribos africanas, passando pela escravidão mulçumana.

Que a escravidão seja algo moralmente horrível não se discute. É impressionante acolher a verdade de que o ser humano não conseguiu, até muito recentemente, superar esse flagelo. Quantos séculos foram precisos para que depois de escutar a mensagem de Jesus, os cristãos entendessem que realmente o outro não pode ser subjugado dessa forma, tenha a cor que tenha?

Eduardo Gois/A12
Eduardo Gois/A12
22º Romaria das Comunidades Negras


.:: Veja também - Especial Quilombolas 

É muito fácil dizer que houve um herói que se manteve firme frente a um regime opressor, lutando pela liberdade dos seus iguais até dar a vida por eles. Mas é tão caricata essa imagem que, pelo menos, nos deveria fazer pensar. A história geralmente é mais cinzenta do que preta ou branca. Essa mesma afirmação nos leva a uma certa união como seres humanos.

Somos todos cinzas, por mais que tenhamos a cor de pele mais branca ou mais negra. Não podemos, e eu nem tenho a capacidade para tanto, entrar nos meandros dos acontecimentos daquela época do Brasil que inspirou esse dia. O convite que fica é o de aprofundar-nos em nós mesmos, nas nossas próprias consciências, por meio do estudo, da oração, do diálogo fraterno e, assim, nos responsabilizarmos de fato por aquilo que precisa de uma reparação.

Leia MaisPapa faz tweet sobre racismo e intolerância “A verdade os fará livres”, nos disse nosso Senhor Jesus. É essa verdade - que é Ele mesmo - que devemos buscar.

“Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua Justiça e tudo mais vos será acrescentado”. Essa verdade, esse reino e essa justiça é para todos os donos de consciências, sejam brancos ou negros.

Talvez o perigo que estejamos vivendo seja, justamente, o de que, cada vez mais, as consciências estejam sendo esmagadas por ideologias estranhas, que nos impedem de sermos verdadeiramente homens e mulheres (da cor que sejamos).

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Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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