Dúvidas Religiosas

Como a vida consagrada enfrenta os desafios do mundo pós-moderno?

A riqueza, a liberdade e os prazeres carnais são as grandes aspirações da vida pós-moderna. Como a vida religiosa consagrada compreende essas realidades ao fazer a profissão dos votos?

Escrito por Frei Jeâ Paulo Andrade, OFM

29 AGO 2016 - 10H43 (Atualizada em 27 JAN 2025 - 14H57)

SMaggi / Shutterstock.com

Vive-se num contexto sociocultural muito complexo e difícil de ser compreendido. A cultura do consumo afeta as relações e o modo de ser das pessoas. As pessoas são bombardeadas constantemente por informações que impõem a ideia de que ter ou vestir determinada marca te faz mais feliz.

Nesse contexto, a provisoriedade das coisas é gritante. O que você tem hoje se torna obsoleto no dia seguinte, exigindo novos esforços para possuir. Nessa “necessária” necessidade de mudança, as relações se fragilizam e tornam-se também facilmente descartáveis.

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A busca cristã por um projeto de vida definitivo, seja matrimonial, ou, no caso que nos interessa aqui, a vida religiosa consagrada, caminha exatamente contra essa cultura do provisório.

É loucura, aos olhos do mundo, o desejo de um jovem de professar, livremente, por toda uma vida, os votos evangélicos de pobreza, obediência e castidade.

Em primeiro lugar, o religioso acredita que a vida consagrada é vocação dada por Deus. É Ele quem chama e capacita as pessoas para viver a dinâmica dessa consagração; é uma vida de conversão, visando a transformação através da experiência comunitária de vida e missão.

Em segundo lugar, essa disposição é livre, ninguém obriga, e feita dentro da lógica da fé, por acreditar que, ao abraçar essa forma de vida, pode-se viver melhor a Boa-nova proposta por Cristo e gastar a vida para servir ao próximo.

Por último se faz necessário o cuidado permanente para manter viva a chama do carisma e da consagração.

O Papa Francisco, ao falar sobre essa realidade aos jovens, é contundente:

“O ser humano aspira a amar e ser amado, definitivamente. A cultura do provisório não aumenta a nossa liberdade, mas nos priva de nosso verdadeiro destino, das metas mais verdadeiras e autênticas. Não deixem roubar o desejo de construir na vossa vida coisas grandes e sólidas! Não se contentem com pequenas metas! Aspirem a felicidade, tenham coragem, a coragem de sair de si mesmos e se lançarem por inteiro no futuro junto a Deus”.

Enfim, ao falar da vida religiosa consagrada, é preciso re-significar o que o mundo entende por riqueza, liberdade, prazeres, etc. Tudo isso é vivido na sua plenitude como religioso. O religioso é rico porque encontrou uma causa que vale a pena gastar uma vida inteiraÉ livre para estar em qualquer lugar, se solidarizando e construindo e Reino de Deus.

Conseguir amar e servir plenamente a Deus, o próximo, os inimigos e os abandonados, é o patamar mais alto de felicidade que o cristão poderia almejar.

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