As minhas avós: Testemunho de fé e caridade

O Papa Francisco tem nos falado muito sobre o valor dos avós na vida da família e da sociedade. Em sua mensagem em ocasião do segundo Dia Mundial dos Avós e Idosos, o Santo Padre nos diz algo importantíssimo e que eu mesma posso dar fé, com a experiência que tive com minhas avós:

“A velhice não é um tempo inútil, no qual a pessoa deva pôr-se de lado recolhendo os remos para dentro do barco, mas uma estação para continuar a dar fruto”.

As minhas queridas avós, Nina e Zezé, foram e são para mim um exemplo claro de uma velhice cheia de frutos. Seu testemunho de fé e vida foram essenciais para a minha formação como pessoa e na minha decisão de responder ao chamado de Deus, entregando a minha vida a Ele e aos irmãos através da vida consagrada.

Vindas de cidades do interior, as duas enfrentaram muitas dificuldades, pois ficaram viúvas muito cedo e tiveram que superar inúmeros desafios para manter os filhos e suprir as necessidades de cada dia. E a força para enfrentar os problemas vinha de uma profunda confiança em Deus e em seu amor.

Com elas aprendi a rezar e a buscar a presença de Deus nos acontecimentos de cada dia. Até hoje guardo comigo um pequeno folheto ilustrado com a oração da Ave Maria, presente da Vó Nina.

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De cada uma aprendi lições e virtudes que levo como exemplo para a minha vida.

Da minha Vó Zezé, aprendi a fortaleza e a perseverança na luta de cada dia. Aprendi a importância de conhecer e amar os ensinamentos da fé e da Igreja. Aprendi com ela o valor da verdade, da palavra e de se manter firme na fé, apesar das tempestades da vida.

Da minha Vó Nina aprendi o valor da bondade, do perdão e da misericórdia. A amar sem esperar nada em troca e a ser generosa sem ficar apegada aos bens materiais. Aprendi também a viver alegre e agradecida com as bênçãos recebidas, colocando todas as preocupações nas mãos de Deus.

Enfim, cada uma, com sua personalidade e forma de ser, foi instrumento do amor de Deus para mim e, com sua sabedoria conquistada ao longo dos anos vividos, ambas me ensinaram a buscar os tesouros eternos, os verdadeiros tesouros que não se acabam.

Suas vidas são, para mim, profundos testemunhos de fé e caridade, e até hoje colho os frutos de suas palavras e ensinamentos.

Shutterstock/ Tint Media

Ao terminar esta reflexão, penso em todos os avôs (infelizmente os meus avôs morreram antes que eu nascesse) e avós, e na imensa missão que Deus lhe encomenda, de ser um porto seguro, cheio de paz, sabedoria, consolo, e uma fonte de ternura que brota do encontro com Deus, como nos diz Francisco:

“Neste nosso mundo, queridas avós e queridos avôs, queridas idosas e queridos idosos, estamos chamados a ser artífices da revolução da ternura! Façamo-lo aprendendo a usar cada vez mais e melhor o instrumento mais precioso e apropriado que temos para a nos”.

O valor de uma vida vivida no amor e na entrega e amadurecido na oração e no diálogo com Deus são de um valor inestimável para cada família e para a sociedade de hoje. Que cada avô e avó possa dar frutos e enriquecer este mundo que vive correndo atrás de novidades e esquece o que é essencial.