Como (e por que) rezar o terço?

Um amigo meu (que hoje é sacerdote) me contou que, quando era criança, sentiu como um chamado a começar a rezar o terço. Quando achou o folhetinho que explica como fazê-lo, começou. Todos sabemos que o terço inclui as orações do Credo, Pai Nosso, Ave Marias e Glória; observando que os três últimos vão se repetindo. Aconteceu que, quando começou rezar o Glória, percebeu que o terço seria uma oração longa, pois rezou: "Glória a Deus nas alturas e na terra paz aos homens...". Sim, ele pensou que era para rezar o Glória que cantamos no início da Missa.
Para além da confusão, lembremos: para aprendermos a rezar, é importante que sejamos guiados por alguém. No caso, este amigo foi poupado de terços muito extensos quando foi convidado a uma oração comunitária do terço e lá percebeu que existia outra oração que também começava com "Glória".
Além dos aspectos mais práticos - que hoje encontramos em folhetos, sites e aplicativos - alguém que pode nos aconselhar a respeito do que é o terço e como rezá-lo, é um irmão nosso, caracterizado pela sua profunda devoção a Maria: São João Paulo II.
No início do terceiro milênio, presenteou-nos uma Carta belíssima sobre o Rosário. Peguemos apenas quatro ideias citadas na Rosarium Virginis Maria:

"O Rosário, de fato, ainda que caracterizado pela sua fisionomia mariana, no seu âmago é oração cristológica".
Por mais evidente que seja dizê-lo, no coração da oração de todo cristão está Cristo. É Ele quem nos insere na vida de comunhão de Deus. O Rosário não é exceção. Note-se como, em Maria, tudo remete o nosso olhar a Jesus. Assim, o terço, justamente na sua fisionomia mariana, permite nos aproximarmos com os olhos da Mãe ao seu Filho amadíssimo.
"Na sobriedade dos seus elementos, concentra a profundidade de toda a mensagem evangélica, da qual é quase um compêndio".
Aprofundando a ideia anterior. Reflitamos em como o terço nos leva a uma contemplação da Boa Nova de Jesus Cristo. Os diversos mistérios que somos convidados a rezar, segundo o dia da semana, nos convidam a olhar os mistérios centrais da vida e obra de Cristo.
"Com ele, o povo cristão frequenta a escola de Maria, para deixar-se introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor".
Isto é uma ideia fundamental que João Paulo II aprofundará na carta: o Rosário é uma oração verdadeiramente contemplativa. Unidos ao olhar da Mãe, podemos contemplar o mistério do Filho.
"Mediante o Rosário, o crente alcança a graça em abundância, como se a recebesse das mesmas mãos da Mãe do Redentor".
O terço é também um conhecidíssimo meio de intercessão. Maria, que é também chamada mediadora de todas as graças, atende os pedidos dos seus filhinhos que, com confiança, elevam aos céus esta oração tão especial.
Estes conselhos podem nos inserir renovadamente nesta prática tão cara aos católicos do Brasil. Talvez o tempo do Advento seja ocasião para que Maria eduque nosso olhar contemplativo, para acolher a Boa Nova do nascimento do nosso Salvador, tal como a Quaresma é um convite a carregar a cruz ao lado de Cristo, na feliz esperança da Ressurreição.

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