Por Redação A12 Em Espiritualidade

Fraternidade: 'Igreja e Sociedade', por Dom Vicente Costa

Lema: “Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45)

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Neste ano de 2015, a Igreja celebra o 50º aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II, realizado de outubro de 1962 a dezembro de 1965.

Este Concílio foi certamente o evento mais marcante da Igreja no século 20. Um dos temas que o Concílio Vaticano II mais destacou foi a nova concepção da Igreja como Povo de Deus e sua relação com o mundo.

O documento conciliar que melhor expressou este novo relacionamento entre Igreja-mundo foi a Constituição Pastoral “Gaudium et Spes” (A Alegria e a Esperança) sobre a Igreja no mundo de hoje, aprovada e promulgada pelo Papa Paulo VI, no dia 07 de dezembro de 1965, às vésperas do encerramento do Concílio.

Bem incisivas são as palavras da Introdução deste documento: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (n. 1).

Para refletir mais profundamente sobre a nova missão da Igreja no coração do mundo segundo o Concílio Vaticano II, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propõe a Campanha da Fraternidade (CF) deste ano com o tema: “Fraternidade; Igreja e Sociedade”, e o lema: “Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45).

O Objetivo Geral da CF 2015 é: “Aprofundar, à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, como serviço ao povo brasileiro, para a edificação do Reino de Deus”.

Foto de: Divulgação

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CF traz como cartaz o Papa Francisco lavando os pés
de um fiel na Quinta-feira Santa de 2014.

Traz como cartaz o Papa Francisco lavando os pés de um fiel na Quinta-feira Santa de 2014. O lava-pés (cf. Jo 13,1-11) é expressão de amor capaz de levar a pessoa a entregar sua vida pelo outro, e a Igreja atualiza o gesto de Jesus Cristo quando evangeliza pelo testemunho, dialogando com as pessoas e a sociedade, participando da construção de uma sociedade justa, fraterna, solidária e pacífica. E assim no serviço à humanidade, a Igreja edifica o Reino de Deus.

Portanto, a CF deste ano enfoca a dimensão social da fé. Queridos irmãos e irmãs diocesanos: é muito mais cômodo crer e praticar a fé cristã pela simples recepção dos sacramentos e pela observância de devoções que pouco ou nada transformam a nossa vida. Mas é muito mais comprometedor e desafiador crer num cristianismo profético e social.

Desde o Antigo Testamento, Deus se revela como o defensor do órfão, da viúva, do estrangeiro e do pobre. Do céu, Ele se inclina, vê e ouve o clamor do seu povo escravizado no Egito. Então desce, e, por meio de Moisés, liberta Israel da escravidão (cf. Ex 3,7-10). Por sua vez, Jesus Cristo pede que busquemos em primeiro lugar o Reino de Deus (cf. Mc 1,15), tornando-o mais presente em nossa vida.

O Filho de Jesus assumiu a nossa carne e veio no mundo para nos libertar do pecado, dando-nos a vida em plenitude (Jo 10,10), como ele afirmou no início do seu ministério público, na sinagoga de Nazaré (cf. Lc 4,18-19). O Papa Francisco vem recordando constantemente a nossa missão cristã para a edificação do Reino de Deus no mundo.

 

A Igreja precisa ser "uma Igreja em saída", ser mais missionária e preocupada com a vida dos fracos, uma "comunidade samaritana" que trata das feridas dos excluídos.

A Igreja precisa ser “uma Igreja em saída”, ser mais missionária e preocupada com a vida dos fracos, uma “comunidade samaritana” que trata das feridas dos excluídos. “Esta é a missão da Igreja; a Igreja que cuida e que cura. Algumas vezes, eu falei da Igreja como um hospital de campo. É verdade! Há muitos feridos, muitos feridos! Muita gente precisa que suas feridas sejam curadas!” (Homilia na Santa Missa do dia 05/02/2014).

Queridos irmãos e irmãs: tenho certeza de que a CF 2015 pode muito ajudar cada membro da Igreja, principalmente os políticos, os juristas, os militares, os empresários, os operários e os sindicalistas, as pessoas ligadas ao mundo intelectual, os educadores, os jovens, os responsáveis pelos meios de comunicação social e os construtores da sociedade, a se empenharem mais em favor da dignidade e dos direitos humanos fundamentais de cada pessoa humana, da edificação da justiça social, da defesa da ética e da caridade solidária com os mais favorecidos.

A indignação diante dos escândalos do “mensalão” e da Petrobrás, como também as urgências da Reforma Política, do Ano da Paz e do combate à fome nos motivam para que a CF deste ano alcance realmente o seu objetivo.

Na Mensagem sobre a CF 2015, o Papa Francisco afirma: “Queridos irmãos e irmãs, quando Jesus nos diz ‘Eu vim para servir’ (cf. Mc 10,45), nos ensina aquilo que resume a identidade do cristão: amar servindo. Por isso, faço votos de que o caminho quaresmal deste ano, à luz das propostas da Campanha da Fraternidade, predisponha os corações para a vida nova que Cristo nos oferece, e que a força transformadora que brota da sua Ressurreição alcance a todos em sua dimensão pessoal, familiar, social e cultural e fortaleça em cada coração sentimentos de fraternidade e de viva cooperação”.

Uma santa Quaresma! Uma fecunda campanha da Fraternidade! E a todos abençoe.

 

Dom Vicente Costa

 

Dom Vicente Costa

Bispo de Jundiaí (SP)

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