Há muitas curiosidades que cercam as tradições da Igreja Católica, algumas milenares, e das quais nem sempre a gente conhece a história. Em 2014, por exemplo, no dia da Santa Inês, o Papa recebeu dois cordeirinhos de presente. Dois belos exemplares da raça ovina, de lã branca e pura, criados pelos monges trapistas em Roma.
Mas quem daria ao Papa duas ovelhinhas exatamente no dia de Santa Inês? E qual a serventia de tal presente?
Comecemos pela raiz dessa história, Inês. A santa que hoje celebramos, morreu martirizada nos começos do cristianismo. Foi decapitada porque se negou a adorar deuses falsos e oferecer seu corpo à prostituição. Tinha apenas 13 anos. Inês é representada tendo ao colo um cordeirinho branco, sinal de pureza e inocência. Aliás, seu nome já é um sinal de pureza, afinal Inês, Ignes, Agnes... e chegamos ao grego Agné, que significa puro, casto e também cordeiro! Agnus Dei, Cordeiro de Deus, Inês de Deus!
Bom, nesse ponto já conseguimos relacionar Inês aos cordeirinhos, mas por que o Papa os recebe de presente? Esta é outra história, que remonta às origens da Igreja.
A Igreja retira desses dois cordeiros, ofertados no dia de santa Inês ao Papa, a lã para a confecção do pálio (O que é isso? Calma, já vamos explicar!). A responsabilidade pela tosa das ovelhas e pela confecção desta peça usada somente pelo Papa e pelos arcebispos ao redor do mundo é exclusividade das monjas beneditinas do Mosteiro de Santa Cecília, também em Roma! Antes de serem entregues ao Papa, estes cordeiros foram consagrados na missa em memória a santa Inês, na basílica a ela dedicada, fora dos muros da cidade.
Tanto detalhe e simbolismo somente para confeccionar um pálio? Oras, mas é justamente o pálio que distingue, na Igreja, alguns homens designados para manter unida a fé. Esse distintivo é reservado somente para o Santo Padre e para arcebispos. Essa faixa, cuja origem parece nos remeter a uma espécie de manto usado pelos pastores para carregar as ovelhas feriadas nos ombros, é hoje sinal de caridade e cuidado que os líderes da Igreja devem ter com o povo de Deus.
Mas o que é um pálio? Para você que ainda não conseguiu identificar, o pálio é uma espécie de colarinho com duas pontas, no qual são bordadas seis cruzes e colocados três alfinetes. Esta peça da vestimenta eclesiástica é feita exclusivamente com a lã dos tais cordeirinhos.
Tudo na Igreja tem uma história, uma raiz, uma explicação. Quando você ver o Papa ou um arcebispo, com seu pálio no pescoço, você se lembrará que aquele colarinho branco, mais do que um simples ornamento, é o símbolo usado por alguém que tem a missão de colocar nos ombros a ovelha ferida, conforme os ensinamentos do mestre Jesus Cristo. Vivendo e aprendendo, não é bom?
Saiba mais sobre Santa Inês!
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