Natália Ariede conta sua história de maternidade e fé

Ser Mãe é um sonho de muitas mulheres, mas os desafios da maternidade e da conciliação de trabalho externo e a jornada de ser mãe em tempo integral podem, de alguma forma, tornar essa experiência não muito boa em alguns pontos.

Muitas mães têm escolhas diversas; entre altos e baixos conseguem conciliar essa dupla jornada. Outras preferem mudar de carreira ou dar uma pausa na rotina de trabalho para se dedicar à maternidade. Independente da escolha de cada mãe, é necessário coragem e fé para tomar esta decisão.

Natália Ariede é jornalista e era apresentadora de uma grande emissora nacional há 16 anos, onde tinha seu trabalho e sua imagem consolidados.

Mãe de dois filhos, Vicente e Martina, ela deu um passo diferente em sua carreira: decidiu se dedicar à maternidade e em outros projetos que são relacionados com essa sua jornada de ser mãe.

Arquivo pessoal

Em entrevista ao Portal A12, Natália contou como foi esse processo de transição de carreira:

“Foi longo, solitário e dolorido em vários momentos. Um processo em que ter fé foi fundamental, muito fundamental para que eu levasse adiante, num momento em que a gente vê tanta gente enfrentando dificuldades, tanta gente perdendo emprego, tanta gente com dificuldade de arrumar outro. Então, acho que a fé é o sentimento que tem que predominar para a gente poder provocar por conta própria mudanças na nossa vida e reagir quando essas mudanças vêm à revelia”.

Ela contou ainda que não foi um processo rápido, que precisou de um tempo para tomar sua decisão:

“Eu passei mais de um ano pensando, refletindo, rezando e pedindo muita luz para tomar essa decisão, que não é fácil, mas foi uma construção. Levou mais de um ano, porque era o tempo que precisava levar para que eu clareasse mesmo, organizasse as ideias, os sentimentos e os planos para a seguir depois. Então teve, sim, uma dose muito grande - e ainda tem, né - de fé, de ter tomado a melhor decisão, que meu coração pedia naquele momento”.

As descobertas da maternidade

Toda mãe diz que a maternidade é transformadora, mas cada uma sabe, de modo muito particular, o que cada mudança representa no seu corpo e na sua vida.

“Eu sempre ouvi dizer como era transformador, como tudo na vida ia ganhar outro peso e outra importância, mas é muito difícil a gente ter a dimensão do que é, até que a gente passe por isso, né? É um processo que faz a gente se desconstruir. Por um tempo eu me perdi de quem eu era, porque de fato eu já não era mais a mesma pessoa, eu já não era mais apenas uma pessoa e levou um tempo até eu me reconhecer e me reencontrar na pessoa que eu me tornei”.

Apesar de todas as etapas e todos os processos que cada mãe passa para se redescobrir e se reencontrar diante de todas as mudanças, Natália conta que é um processo muito bom, ainda mais quando se entende o valor das suas atitudes para seus filhos.

“Eu acho que a maternidade potencializa a gente. Essa sensação de como o tempo é precioso, de como cada dia tem seu valor, de como as nossas atitudes são fundamentais na construção deles, no que cabe à gente fazer... Porque eu acho que cada um vem do seu jeitinho; a gente não tem tanto poder assim de moldar e definir quem cada um vai ser, mas tem uma super responsabilidade. É ser espelho. Eles me fazem querer ser uma pessoa melhor a cada dia, querer melhorar a cada erro também e transformar as dificuldades e tudo em aprendizado”.

Arquivo pessoal

Natália contou que, no início de sua transição de carreira, sofreu com julgamentos de outras pessoas e até de colegas de trabalho, mas sempre soube qual seria sua missão nesta nova jornada:

“Compartilhar mais sobre esse lado mãe é levar a mensagem de um dia a dia comum, com desafios, com dias difíceis, com filhos que são lindos e fofos e saudáveis graças a Deus, mas que também brigam, que também acordam de madrugada. Então, também temos dias difíceis. Eu prezo muito por produzir conteúdos que agreguem nesse sentido de mostrar: ‘calma, tá tudo bem se hoje não foi um dia legal, amanhã pode ser melhor’, a tal da maternidade real”.

Ela conta também que mesmo mostrando a realidade da maternidade, ela não foca só nas dificuldades. Ao contrário, ela gosta de focar também nas coisas boas, nos pontos positivos, nas mudanças boas. Ela explica também que essa contribuição com outras mães, de produzir conteúdos de parentalidade, de incluir famílias diversas nas conversas e de não excluir os pais é um jeito muito bom de falar sobre a maternidade.

'Kids por aí'

A mãe, jornalista e agora empreendedora colocou em prática um projeto que já existia na cabeça dela há 5 anos e começou com a ideia de um aplicativo onde as pessoas pudessem compartilhar indicações, opiniões, avaliações e experiências em todos os lugares para ir com crianças.

“Tem muitas produtoras de conteúdo e produtores também de passeios, de viagens e tal, isso é legal, mas é sempre a visão de uma pessoa. E eu queria primeiro ter acesso e possibilitar essas trocas, as pontes, as conexões entre as pessoas e os negócios, para que os negócios também possam receber cada vez melhor as famílias. A gente, quando sai com criança para passear, para viajar, é um investimento, claro, de dinheiro, mas também de energia, e todo mundo sai querendo que seja um dia, uma experiência especial. E tudo que é informação pode contribuir para isso, nem que seja para você ajustar a expectativa e se preparar para parte que pode envolver um perrengue”.

Arquivo pessoal

A ideia surgiu com o aplicativo, mas com o passar dos anos ela precisou ajustar alguns planos em relação à prática do projeto. Mais uma vez, a fé ajudou a continuar sua missão e Deus se encarregou de colocar pessoas certas em seu caminho.

“Há pouco mais de um ano eu conheci a Natália Ribeiro, que se tornou uma amiga por conta dos filhos, unidas pela amizade dos filhos; e ela tinha um sonho parecido. A gente, durante muitos meses estudou, alinhou, fez diversas reuniões, conversou com muita gente até chegar no formato atual: uma conta no Instagram (@kids.porai), onde a gente compartilha as nossas dicas e experiências. Temos um grupo no WhatsApp onde as pessoas já fazem essas trocas, trazem as próprias experiências, pedem indicações e as outras pessoas da comunidade respondem, então é uma comunidade muito forte. A gente está lançando agora a ferramenta que vai facilitar e que vai deixar essas trocas mais funcionais para todo mundo, que é o site do 'Kids por aí', onde temos muitas possibilidades de produção de conteúdo”.

Batizado dos filhos

Apesar da diferença de idade, os filhos de Natália foram batizados juntos recentemente e ela nos contou que foi uma experiência linda e inesquecível:

“Para mim, particularmente, foi muito especial ter juntado os dois para esta celebração. Eu reparei que um olhava para o outro; eles estavam unidos, naquele momento, naquela emoção, entendendo que era um rito especial e bonito que estava acontecendo ali naquele dia”.

A jornalista conta que não se orgulha pela demora do batismo de Vicente, o filho mais velho, mas que, de alguma forma, tudo conspirou para ser um momento único.

“Eu nunca tive dúvida de que eu queria batizar meus filhos. Com o Vicente, eu e meu marido demoramos um pouco para escolher quem seriam os padrinhos dele, porque eu acho uma super responsabilidade. De tanto pensar, eu demorei para batizar o Vicente, aí veio a pandemia e não daria para fazer sua celebração; e logo eu engravidei da Martina, minha segunda filha, então tomei a decisão de esperar para que, quando fosse possível, a gente fizesse dos dois juntos”.

E realmente foi um momento muito bonito em que, além do Sacramento do Batismo, naquele momento também aconteceria uma união de sua família, pois quem realizou o batizado foi o padre Pedro Ariede, que é primo do pai de Natália, que por morar em outra cidade, não tinha muito contato. E essa foi uma oportunidade de também recomeçar a fortalecer os laços da família.