Espiritualidade

O Carnaval e o povo de Israel

Muitas vezes esquecemos de Deus em meio à euforia das festas populares, como o Carnaval

João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)

Escrito por João Antônio Johas Leão

15 FEV 2020 - 07H00 (Atualizada em 15 FEV 2023 - 14H12)

Reprodução Facebook

Nos aproximamos, mais uma vez, dessa data que ainda parece ser um dos cartões postais do país e temos que nos perguntar como vemos toda essa realidade. A cultura está se tornando mais ou menos humana? Deus está mais ou menos presente no coração das pessoas? E, por último, será que Deus realmente pode vencer esse mundo que parece, muitas vezes, esquecer de sua existência?

Leia MaisComo viver um Carnaval santo?Como ser cristão na festa de Carnaval?São perguntas que valem uma reflexão mais pausada do que podemos fazer nesse breve texto. A realidade é, muitas vezes, mais complexa do que podemos perceber, mas em termos gerais podemos ver que as pessoas estão cada vez mais longe de Deus e que Ele, nessa luta por conquistar o coração dos homens, parece muitas vezes estar perdendo.

A Igreja busca ter a mesma visão do seu fundador, ou seja, de Deus mesmo. E para poder ter essa visão de Deus, podemos olhar um pouco nas sagradas escrituras e ver como Ele agia com seu povo amado.

O Povo de Israel viveu muitos anos no Egito como escravo. Não é preciso aprofundar muito para saber que a vida de escravidão não é uma vida desejável para ninguém. Mas assim viveram muito tempo. Deus então se compadeceu de seu povo e enviou um grande profeta, Moisés, para libertar esse povo.

Uma vez livres da escravidão, tiveram que atravessar uma duríssima viagem pelo deserto até a terra prometida. E é nessa viagem que podemos aprender muito sobre nós mesmos e sobre a paciência e misericórdia de Deus.

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Acredito que podemos dizer que vivemos hoje uma espécie de peregrinação pelo deserto. Porque já fomos liberados, por Cristo (que é muito maior do que Moisés), dos nossos pecados e fomos feitos filhos e filhas de Deus. Mas ainda não estamos no paraíso, na nossa terra prometida, estamos caminhando em direção a ela, e o caminho é muitas vezes parecido com o deserto do povo de Israel.

O ambiente árido, a perda do horizonte e a difícil caminhada fazia com que os Israelitas muitas vezes se esquecessem de Deus e fabricassem ídolos para que pudessem adorar. Nós também, no meio das dificuldades da vida, nos fabricamos ídolos que nos respondem momentaneamente e os adoramos. Mas assim como os ídolos de Israel, eles são feitos a mão humana e não podem nos levar a nenhum lugar, somente nos afastam do Único que pode nos levar até a terra prometida.

Se olhamos mais atentamente ao texto, percebemos que Deus nunca abandonou Israel. A coluna de fogo que os guiava, o maná que os alimentava, a água que brotava da rocha, as sandálias dos pés que não desgastavam e muitas outras coisas maravilhosas, todas elas eram obscurecidas pelas dificuldades, ao ponto de que muitos Israelitas disseram que no Egito a vida era melhor. Imaginem-se, dizer que a vida de escravidão era melhor que a de liberdade.

Mas não é exatamente o que fazemos hoje muitas vezes? Diante das nossas próprias dificuldades de perceber o sentido autêntico de nossas vidas, nos esquecemos das maravilhas que temos na nossa frente e que Deus nos deu, como por exemplo o batismo, onde renascemos para uma vida nova, e preferimos volta a viver sem Deus.

No carnaval, sem esquecer alguns pontos positivos que certamente existem, como a alegria e o espírito festivo, muitas vezes nos esquecemos de Deus. E isso inevitavelmente nos leva, como o povo de Israel no Egito, a murmurar e a pensar que a vida era melhor sem Deus, quando estávamos no Egito.

Um grande engano. Porque a vida à qual somos chamados é uma vida livre, de filhos e filhas de Deus, e não de escravos. É certo que ainda não estamos no paraíso, mas inclusive no deserto podemos perceber, se somos verdadeiros, as maravilhas de Deus e com Ele caminhar até a nossa própria terra prometida no Céu.


Arquivo A fala sobre o Carnaval



Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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