A solenidade de Cristo, Rei do Universo, que marca o fim do ano litúrgico na Igreja, celebra o reinado de Deus no mundo. De fato, como nos diz o próprio Cristo, "o Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: ‘Está aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós” (Lc 17,20).
Quando ouvimos a palavra reino, logo imaginamos coisas suntuosas, vistosas e ostensivas. Essa imaginação procede, uma vez que, nos livros de História, costumamos ler a vida de reis e rainhas que, revestidos de pompa e autoridade, governaram o seu povo. Contudo, nem sempre lemos o sucesso dessa forma de governar. Isso porque muitos deles deixaram de lado a vida do povo, governando com mãos de ferro. Por outro lado, a Bíblia nos brinda com a figura da rainha Ester que, movida por um sentimento de compaixão, pede ao rei pela vida e salvação do seu povo (cf. Est 5,1-14). Esse modelo de reinado é semelhante ao Reino de Deus, uma vez que traz consigo, não interesses pessoais e egoístas, mas a vida do povo que, constantemente, é ameaçada por sistemas injustos e geradores de morte.
O Reino de Deus se traduz como verdadeiro tempo de alegria e salvação para o povo. Esse reinado está intimamente ligado à pessoa e à obra de Jesus, o Verbo eterno do Pai. Na pessoa de Jesus, o Reino de Deus se concretiza, se faz presente no mundo. Em outras palavras, o Reino de Deus é a própria vida de Jesus que, desprendida de si, busca ser, no mundo de hoje, sinal de amor, paz, justiça e misericórdia. Trata-se de um reinado que vem de modo humilde e se revela nas coisas pequenas. Pequenas “como um grão de mostarda que alguém semeou no seu campo” (Mt 13,31), mas que, germinado no coração de Deus, produzem frutos abundantes de esperança e vida no coração do povo, sobretudo dos mais pobres e abandonados.
Esse reinado de Deus não é promessa futura. Ele já se encontra no meio de nós, com sua força de transformação. O mundo em que vivemos é o lugar, por excelência, da edificação desse Reino. Esse Reino vem para transformar a realidade existente e converter mentes opressoras. A presença do Reino de Deus entre nós inaugura um verdadeiro καιρός (“kairós”), um tempo oportuno de graça na vida do povo, levando esperança, sabedoria e paz às mais diversas situações a serem enfrentadas.
Engana-se quem pensa que o Reino de Deus já está pronto e acabado. Esse reinado do nosso Deus, assim como o grão de mostarda, irá crescendo aos poucos, gradativamente. Para isso, precisamos nos comprometer com o fim último do Reino de Deus: a vida do povo. Esse comprometimento pressupõe que empreguemos nossas forças na luta por políticas públicas que garantam o bem-estar do povo e, ao menos, o mínimo necessário para que levem uma vida verdadeiramente humana.
O Reino de Deus manifesta-se ainda aos homens na Palavra, nas obras e na presença de Cristo no mundo. O Catecismo da Igreja Católica, n. 764, é claro ao ensinar que “acolher a palavra de Jesus é ‘acolher o próprio Reino’”. Assim sendo, o Reino de Deus, que se fundamenta na palavra de Jesus, alcança o coração dos homens no anúncio da Palavra de vida eterna e de salvação.
Leia MaisPor que celebramos a Solenidade de Cristo Rei? A pregação do Evangelho da salvação é expressão máxima no Reino de Deus. Na Bíblia, vemos que as pregações de Jesus demonstram verdadeira paixão pelo Reino de Deus. “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo” (Mt 6,33).
Esse convite de Jesus nos interpela a lutarmos por um mundo mais humano e fraterno. No Reino de Deus, a vida do povo é transformada e valorizada. A defesa da vida e o convite à comunhão entre irmãos são sinais concretos que nos remetem à vivência do Reino de Deus no hoje da nossa história, no aqui e no agora de nossa finitude.
Celebremos, irmãos e irmãs, a solenidade de Cristo Rei, e testemunhemos, com fé e alegria, que o Reino de Deus está no meio de nós.
Jesus anuncia a Boa Nova por meio da leitura de Isaías
A ação de Jesus é um convite à prática da fé e à vivência dos ensinamentos do Evangelho.
Papa convida jornalistas a espalharem esperança
Aos jornalistas, Papa pede para comunicarem com mansidão e esperança, inspirando empatia e construindo pontes.
Como se preparar para o retorno da catequese?
Dicas práticas para organizar e motivar o retorno das atividades catequéticas, promovendo um ambiente acolhedor.
Boleto
Carregando ...
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Carregando ...
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.