Os números da Bíblia: Quem são os 144 mil do Apocalipse?

A linguagem das Sagradas Escrituras utiliza muitos recursos simbólicos, que falam muito mais que as palavras. Com símbolos, o significado se amplia porque aí pode ser aplicado a situações de outros tempos e lugares, é uma reflexão sobre o significado da vida em todos os tempos.

Um exemplo disso é em nosso cotidiano. Quando estamos irritados por algum motivo, podemos dizer :"Já te disse mil vezes para não fazer isso!"  É óbvio que o número 1000 não diz exatamente quantas vezes falamos sobre esse assunto.

Leia MaisPapa diz que a Bíblia deve ser cada vez mais patrimônio de todosPor onde começar a ler a Bíblia?Aí começamos a entender por que estranhamos muitas vezes os números das idades dos patriarcas e figuras simbólicas, com gente vivendo mais de 700 anos nos primeiros capítulos de Gênesis. Calma! Não existe a necessidade de brigarmos com estudiosos, pois é comprovado que é impossível um ser humano viver tanto.

Essa contagem dos anos de vida vai diminuindo à medida que a história avança, porque esses números são um jeito de dizer que o pecado foi crescendo e se espalhando na humanidade e prejudicando a qualidade da vida.

Vamos explicar um desses conhecidos numerais, que está no Livro do Apocalipse de São João. No quadro "Religião também se aprende" da Rádio Aparecida, você irá saber mais da razão dos sinais e símbolos contidos nesta última parte da Bíblia.

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"E eu ouvi o número dos que foram marcados: eram cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos israelitas. Depois disso vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua. Estavam de pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de branco e com palmas na mão, e gritavam bem alto: 'A salvação pertence a nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro!'" (Ap 7,4.9-10)

Este trecho é uma referência aos santos e santas que povoam o Reino dos Céus. Como explicamos anteriormente, este número não é algo exato, mas um símbolo que compreende todos os servos de Deus aos quais a Igreja canonizou por meio da decisão infalível de algum Papa, e todos aqueles, incontáveis, que conseguiram a salvação e que intercedem sem cessar por nossas vidas.

O que a revelação quis dizer, é possível explicar em uma equação: 12 (representando o povo de Israel) x 12 (a geração dos apóstolos de Jesus) x 1000 (uma grande multidão), confirmada pelo Frei Raniero Cantalamessa, o pregador oficial do Vaticano.

"Este número, que encontramos no Apocalipse, tem um valor puramente simbólico , e é imediatamente explicado pela expressão que se segue: 'uma imensa multidão , que ninguém poderia contar'. E se realmente tratasse do número de salvos, já devia haver há muito tempo uma placa no portão do paraíso dizendo 'cheio', como na entrada de alguns estacionamentos".

A Igreja já canonizou mais de 20 mil santos, mas há muito mais que isso no Céu. Por isso, esta passagem do Apocalipse fez parte da liturgia do último domingo (5), da Solenidade de Todos os Santos, onde relembramos que homens e mulheres viveram todas as virtudes e, por isso, são exemplos de imitadores e seguidores de Jesus.

Deus Pai prometeu dar a eterna bem-aventurança aos pobres no espírito, aos mansos, aos que sofrem e aos que têm fome e sede de justiça, aos misericordiosos, aos puros de coração, aos pacíficos, aos perseguidos por causa da justiça e a todos os que sofrem da calúnia, da maledicência, da ofensa pública e da humilhação.

"Alegrai-vos e exultai porque recebereis uma grande recompensa no céu. Pois foi assim que eles perseguiram os profetas que vos precederam!” (Mt 5,12)

Programa "Em Comunhão" reflete o Livro do Apocalipse