Espiritualidade

Pentecostes: um chamado para sermos chamas vivas de Esperança

Só seremos cristãos “chamas vivas de esperança” se deixarmos o fogo do Espírito Santo fazer morada em nós.

Maurício Ribeiro, coordenador dos coroinhas e acólitos do Santuário Nacional (Arquivo pessoal)

Escrito por Maurício Ribeiro

08 JUN 2025 - 07H00

Thiago Leon

Quando falamos de fogo, podemos pensar em algo que aquece, ilumina e transforma.

Mas nem todo fogo faz bem.

O fogo do espírito mundano aquece-nos de fora para dentro; é visível aos nossos olhos e faz brilhar para nós as seguintes chamas:

  • a do amor interesseiro e ilusório, que aquece em nós o desejo de somente possuir alguém;
  • a da prepotência e da autorreferencialidade, que aquece em nós o ego;
  • a da soberba e da vanglória, que aquece em nós o desejo de ser reconhecidos como maiores que os outros.

O fogo do espírito mundano procura chamar atenção, com chamas estonteantes, para irmos até ele, mas não passa de uma chama ilusória, que no final queima-nos e, ao nos consumir, nos deixa nas cinzas da solidão, da tristeza e do medo.

Ao contrário, o fogo do Espírito Santo nós não o vemos, porque ele não está fora, mas sim dentro de nós. Ele não aquece o nosso corpo, mas sim a nossa alma, pois, como se canta na Sequência de Pentecostes, é a chama que crepita no íntimo de nós; é o hóspede da alma. Seu fogo não nos queima, mas é o doce alívio; é o único fogo que nos aquece quando nos sentimos abandonados nas noites frias da tristeza e da solidão.

Agora eis a questão: Por qual fogo nos deixamos consumir? Enquanto o fogo do mundo aquece em nós ilusões, para depois nos deixar em cinzas, o fogo do Espírito Santo aquece em nós a esperança, para que possamos ser cristãos “chamas vivas”.

Beautrium/Shutterstock
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Com as línguas do Espírito Santo, chamados a falar um novo idioma

“Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles” (At 2, 3).

Foi assim que o Espírito Santo se fez presente no meio dos apóstolos. E trazendo este episódio para a nossa atualidade, para a nossa vida de cristãos, somos chamados a perguntar: quais são as línguas que permito pousarem sobre mim?

Serão as línguas que me fazem anunciar a mentira, a difamar o outro, a dizer que tudo vai dar errado, que me fazem proferir a divisão e as coisas negativas? Ou serão as línguas que me fazem proclamar a verdade, a justiça e a esperança quando as situações parecem não ter mais solução, que desejam tudo de bom e todo o bem aos outros?

Com isso, meus irmãos e irmãs, somos chamados a olhar para o nosso dia a dia pensando em todas as palavras que proferimos e nos questionar sobre isso.

Depois que as línguas pousaram sobre os apóstolos, eles ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas. Se somos pessoas que falamos o idioma da divisão, da mentira, do ódio, é hora de invocarmos o Espírito Santo para ele faça pousar sobre nós as suas línguas e, assim renovados, possamos falar o idioma da unidade, da verdade e do amor.

Shutterstock
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O cristão deve perdoar sempre

Ao soprar o Espírito Santo sobre os apóstolos, Jesus disse que eles seriam perdoados se também perdoarem. Ou seja, após receberem o Espírito Santo, deveriam perdoar. E essa condição também deve se aplicar a nós, pois no batismo recebemos o Espírito Santo, e todo aquele que O recebe é chamado a perdoar sempre!

Porém, constantemente quando alguém nos ofende ou nos magoa, procuramos remoer a raiva por esse alguém dentro de nós. E muitos são os momentos em que também procuramos remoer rancores e mágoas antigos. Se muitas são as vezes em que fechamos o coração para o perdão, a festa de Pentecostes é a nossa festa, pois o Espírito Santo veio como vento para escancarar as portas fechadas.

E se você, caro irmão, cara irmã, sente que o seu coração está fechado para perdoar, é para você que o Senhor sopra o Espírito Santo, e que a força deste sopro abra a porta do perdão em seu coração, para que possa perdoar quem te feriu, quem te magoou; perdoar sempre! Pois somente assim você encontrará a verdadeira paz interior.

Mário Pereira/A12
Mário Pereira/A12

Que o fogo do Espírito Santo nos faça chamas vivas de esperança

Com a Solenidade de Pentecostes encerramos o Tempo Pascal, e ao final da celebração realizamos o Rito de Apagamento do Círio Pascal.

Que este rito não passe para nós a mensagem de que uma simples chama se apagou, mas sim a de que agora, com o círio apagado, é a hora de nós sermos círios “vivos” para resplandecer a luz do Espírito Santo, pois, se acaso não sabemos, somos templo de Deus e o Espírito Santo habita em nós!

Que a chama apagada no círio pascal se acenda em nossos corações e, aquecidos por ela, possamos nos tornar chamas vivas de esperança. Peçamos que o vento do Espírito Santo apague em nós as chamas do fogo do mundo, para que o Seu fogo faça morada em nós. Assim, seremos cristãos, “chamas vivas” de esperança, capazes de iluminar o caminho de quem vive na escuridão da falta de esperança.

🔥 Deixe o fogo do Espírito acender a Esperança em você! 🔥


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Escrito por:
Maurício Ribeiro, coordenador dos coroinhas e acólitos do Santuário Nacional (Arquivo pessoal)
Maurício Ribeiro

Maurício José Ribeiro Campos Felizardo é Professor de Matemática licenciado pela UNESP e é atualmente o coordenador dos Cerimoniários e Coroinhas do Santuário Nacional.

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