Perdão em família

Família, palavra hoje de ampliados significados. Consequência do pós-modernidade e sequência da autonomia face ao cristianismo. Mundo republicano, vida na secularidade. Época de mudanças com descobertas e desigualdades em busca de uma ética. É lenta a construção de nova moralidade coletiva, prevalecendo como critério o indivíduo, sua singularidade e até sua autossuficiência. Do relativismo ao subjetivismo. A ampliação do conceito “família” deixa-nos desafiados para o testemunho e a profecia do Amor Revelado que cria a Revolução do Amor, pois há redenção.

Família Cristã, fruto dos que “se casam no Senhor”. Vida em sacramento, donde há força dos movimentos familiares em nossa Igreja, em causa a Utopia do Reino, reino do Pai Nosso. Se existe um caminho que conduz a ser discípulo de Jesus, este caminho necessariamente passa pelo cotidiano das famílias, tecido e sustentado com agradecimentos, pedido de desculpas e de PERDÃO. Sempre evolutivamente via diálogo.

Família cristã sinaliza que a humanidade relacional, a estilo de Jesus, é compromisso, descobertas, apreço e cotidiana referência ao Evangelho. Gradual aprendizado da “Alegria do amor”. O que muito facilita no discernimento entre o que na cultura destes tempos, tão rica, nos ajuda e nos diferencia. (Rom 12, 1-12).

Á convivência familiar cabe propiciar modos de crescimento grupal, valorizando cada um dos passos, mesmo se pequenos. Gradual é a força integradora do grupo família. Ninguém cresce, se modifica sem atenção aos contraditórios sentimentos que se entrelaçam e podem subjugar este ou aquele, deixando-o sem a condição de SUJEITO de seu livre "cresSER". Tome-se a referência do casal: mulher, mãe e profissional, quão difícil equilíbrio; o aspecto cuidador do homem, pai, profissional tem muito ainda a desenvolver. E a correlação entre crises como oportunidade de crescimento, autoestima e corresponsabilidade com a Casa? Erra-se, tropeça-se. Trocam-se ofensas. Há desacertos. E se alguém vive na discórdia dificilmente pede perdão ou perdoa. Não reconstrói a concórdia. (cor... coração!).

É preciso tornar-se capaz para na força da amabilidade fazer a travessia, uns da dor das ofensas, outros do gosto da vingança ( ou revanche ping-pong?). E mais alguém que entra no jogo, tomando partido. Bem-aventurado aquele ou aquela que propiciar nos desencontros a chance de reencontro. Quem sabe mediar conflitos? =Amor. Perdoar é preciso. Vida sem perdão é sufoco, culpabilidade, desamor. Dívida sem dom.

O Dom do perdão

Perdoar rediz a alegria de ser e a coragem dos desejosos de permanecerem juntos EM FAMILIA, este lugar mítico ao qual se retorna quando a crueldade da vida cria desamparo. Quem pede ou concede perdão oferece a profecia de que o AMOR REVELADO, por exigente que seja, é possível. Jesus, a fonte de amor, e suas histórias de perdão.

PERDÃO de qualquer linhagem dignifica e engrandece as pessoas. Culmina, a seu tempo, no sabor das relações que, evoluindo, se intensificam. Mais lúcidas e menos trapaceiras. Renova-se o vinho para novos tempos. Vida saudável e santificadora. Inscreve grandeza de alma e se vivencia a mesma gratuidade com que Deus nos ama. Jesus se fez inteiro por nossas horas de redenção. Não deixa ninguém órfão de palavras redentoras.

Perdão? Orar no contexto de tristeza e dor une corações a Deus. Ele, a sua vez, re-úne os que se separaram, dispersos em si mesmos. Não dá para se viver de mal com a verdade da vida no Amor. Que retorne o clima agradável do convívio!