Por João Antônio Johas Leão Em Espiritualidade Atualizada em 07 MAR 2019 - 11H07

Preciso de Ti, Jesus!

Será que ainda precisamos de Deus? Quando olhamos para o lado e vemos todos os avanços tecnológicos que não cessam de nos surpreender com suas inovações, que facilitam demais a vida cotidiana, não estaríamos nos deparando com o equivalente contemporâneo dos santos? Se antes se rezava a Santo Antônio para conseguir um casamento, hoje se reza aos santos apps de relacionamentos. E parecem ser muito mais eficazes. Ainda vale a pena dizer "Jesus, eu confio em vós"? Ou o melhor seria dizer “Dinheiro, eu confio em vós!”

Shutterstock/Mike Monahan
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Esse é um tema muito duro, mas que é preciso enfrentar com coragem. Não se trata de dizer que o dinheiro ou a tecnologia são ruins em si mesmos. Isso seria também fácil demais. Cada vez estou mais convencido de que passar pela porta estreita, aquela que o Evangelho comenta, está em discernir com seriedade, evitando cair em polarizações extremistas e fáceis. O que se trata aqui é de buscar, no fundo do coração de cada um, aquilo que lhe dá o suporte, que fundamenta o próprio ser de cada um. E a partir desse fundamento, dessa rocha firme, construamos nossas casas, com o dinheiro e a tecnologia necessária, sem danificar sua fundação.

Se perguntamos diretamente a uma pessoa de fé qual é o fundamento de sua vida, certamente escutaremos Deus como resposta. Mas lembremos das palavras do Senhor: “Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus” (Mt 7,21). É preciso fazer a vontade do Pai. E é nas ações que vamos, pouco a pouco, nos distanciando de Deus. E de forma muito sutil. O dinheiro e a tecnologia possuem uma força muito grande de entrar em nossas vidas. E em seu ímpeto, os dois podem, sim, ir tomando o lugar que estava separado para Deus.

As promessas dos deuses mundanos são muito atrativas. Viagens, prazeres, conexões instantâneas. Tudo acontece em um frenesi de estímulos e de desejos que é difícil não ficar envolvido. Mas são promessas para essa vida, que em suas exigências terminam sempre matando o indivíduo e deixando-o sem esperança de vida eterna. A promessa de Deus é diferente. A vemos em Cristo crucificado, morto e ressuscitado. É uma promessa para que esta vida se transforme em uma vida nova, que não termina nunca. Não é só uma promessa de vida futura, mas uma vida que se renova desde já e que, por isso, tem futuro.

O cristão renuncia o mundano, mas abraça o mundo como Cristo abraçou a cruz. Ama a Deus e expressa seu amor amando seus irmãos mais necessitados. E esse movimento de abraçar a vida presente (renovada pelo batismo) que não se acaba nunca, nenhuma tecnologia ou dinheiro pode dar.

Shutterstock/Creativa Images
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Fabrice Hadjadj, filósofo francês, diz que o homem velho (o que não foi renovado pelo batismo) busca, com a tecnologia (e com os gastos que ela implica), “manufaturar um homem novo, que inverterá todas as fórmulas do Credo: esse homem novo nascerá do século antes de todos os pais. Será criado, não engendrado, por obra dos engenheiros, se desencarnará de uma mãe e se fará ciborgue”. Tal é a força do tecnológico quando o deixamos no lugar de Deus em nossas vidas.

Shutterstock/Deer worawut
Shutterstock/Deer worawut

Mas, como já apontamos, todas essas maravilhas que o mundo oferece não terminam de plenificar o coração do homem. Quando Jesus diz algumas palavras duras, que terminam por afastar muitos discípulos, Ele pergunta para os que lhe são mais próximos: “Quereis também partir?” Ao que Pedro responde: “Senhor, aonde iremos? Só tu tens palavras de vida eterna”!


E por esse mesmo motivo, se somos tentados a deixar que tomem o lugar de Deus em nossas vidas, repitamos com mais convicção: Preciso de Ti, Jesus!

.:: No caminho da vida, qual rota procuro?

Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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