Nos últimos dias do mês de maio, realizou-se no Rio de Janeiro a 40º Assembleia Ordinária do CELAM, o Conselho Episcopal Latino Americano e Caribenho. Além dos assuntos ordinários da pauta, a assembleia marcou a celebração dos 70 anos de sua criação.
Junto com a CNBB, que havia sido criada anteriormente, em 1952, o ambiente eclesial anterior ao Concílio Vaticano II (1962-1965), com as mudanças que já vinham ocorrendo no seio da Igreja e que se aceleraram no período do Pós-Concílio, favoreceram a criação das Conferências Episcopais em cada nação e também a criação do CELAM, como um Conselho supranacional.
Graças ao Vaticano II — que não aconteceu de uma hora para outra — levando ao desenvolvimento e reforço da ideia da colegialidade, a ação do CELAM seria reforçada com a realização das assembleias extraordinárias que marcariam época na história da Igreja Latino-Americana e Caribenha, determinando o rumo de sua caminhada.
Desde o pontificado de Pio X, no início do século XX, diversas mudanças já vinham criando o ambiente propício para o reforço da autoridade das Conferências e Conselhos Episcopais e, depois, motivando a celebração de um concílio ecumênico, quase 100 anos depois do último.
Na América Latina, a Igreja precisou aprender a caminhar com suas próprias pernas, pois a separação em relação ao Estado, que aconteceu de forma agressiva em alguns países como o México, se lamentada por muitos, restituiu, porém, a tão sonhada liberdade e a possibilidade de se dedicar ao essencial de sua missão deixada pelo próprio Cristo. No início foram necessários muitos sacrifícios, mas a separação levou ao fortalecimento do catolicismo e a possibilidade de criação de organismos como o CELAM.
Nas primeiras décadas do século XX, nosso continente continuava enfrentando sérios problemas e desafios que marcaram a sua história, como a predominância dos latifúndios, o poder concentrado nas mãos das oligarquias locais e regionais, o “coronelismo” e a forte burocracia estatal que gerava intolerância, exploração e monopólio.
No período posterior às duas grandes guerras, a influência comercial e industrial da Europa, sobretudo, da Inglaterra, estava sendo substituída pela influência dos Estados Unidos, que sustentavam as ditaduras que foram se estabelecendo em vários países do continente. A instabilidade política gerava uma sucessiva onda de golpes, ditaduras e revoluções que em nada beneficiavam à população.
Os anos de 1950 e 1960 marcaram um sem número de golpes de estado e estabelecimento de regimes ditatoriais, em geral nas mãos de miliares, em vários países da região, mas, a partir da década de 1960, os países do continente começaram a passar por um acelerado processo de transformação, com crescimento econômico e mudanças aceleradas em todos os campos. Mudando a sociedade, muda naturalmente a ação da Igreja como um todo.
Panorama eclesial. O episcopado e o clero latino-americano, de uma forma geral, eram extremamente conservadores. Sua maior preocupação quase sempre era voltada para os problemas internos da Igreja (Visão ad Intra), para a defesa da doutrina e combate aos erros modernos que “atentavam” contra a Igreja. Por isso, com frequência a Igreja era acusada de estar de costas para o mundo e para a sociedade, aliada às forças oligárquicas da sociedade que, em geral, são conservadoras e distante do povo.
Por essa razão, causaria estranheza a produção de textos extremamente avançados na Conferência Episcopal de Medellín, de 1968, com forte preocupação social do episcopado. Mas ali estava a mão de Paulo VI (1963-1978) que, no ano anterior, havia publicado a encíclica Populorum Progressio, documento que evidenciava as desigualdades sociais e o desenvolvimento dos povos. No caso do Brasil, a mudança de mentalidade na Igreja teve uma preparação bem mais remota, devendo-se também à ação de grandes figuras do episcopado que estavam aparecendo.
Muitos bispos de nosso continente haviam participado do Concílio Plenário Latino Americano (1870). Por facilidades de comunicação e transporte, o concílio foi realizado em Roma, quando a cidade vivia as circunstâncias da Unificação Italiana e perda dos Estados Pontifícios. Isso fez renascer a consciência colegial do episcopado latino-americano, fonte das iniciativas que se realizariam no futuro próximo.
Graças à consolidação da ideia da colegialidade, que vinha sendo desenvolvida antes mesmo do Vaticano II, com a ação do cardeal Montini, futuro Papa Paulo VI, sua concretização em nosso continente se deu com a realização das Conferências Episcopais, a primeira delas realizada no Rio de Janeiro, entre 25 de julho e 04 de agosto de 1955.
O Rio de Janeiro, que ainda era a capital federal da República, sediava a celebração do Congresso Eucarístico Internacional. Os bispos do continente foram convidados para o evento e para uma reunião ampliada que seria realizada nos dias do congresso, com os trabalhos coordenados por Dom Hélder Câmara, então bispo auxiliar da arquidiocese. Ali nasceu então a criação do CELAM, Conselho Episcopal Latino Americano e Caribenho.
Mais tarde, no dia 02 de novembro de 1955, o decreto de sua criação foi assinado pelo Papa Pio XII, com a ação decisiva do cardeal Antonio Samoré, Secretário da Congregação para Assuntos Eclesiásticos, que teve uma participação de destaque na organização e realização da Conferência do Rio de Janeiro.
Objetivos do CELAM. O Conselho nasceu com o objetivo de buscar mais união entre o episcopado, prestando um serviço de comunhão, formação, investigação e reflexão para as Conferências Episcopais que também estavam sendo criadas, colaborando para que a Igreja continental tomasse consciência de sua fisionomia e vocação particular, dentro da universalidade ou catolicidade da Igreja.
A ação do CELAM ao longo desses 70 anos de história, hoje coordenado pelo cardeal brasileiro Dom Jaime Spengler, permitiu a intensificação de sua ação e das atuais 22 conferências episcopais do continente, com uma programação convergente nas questões que são comuns a todo o continente e com a ressonância dos temas que são comuns à toda Igreja.
Com a criação do CELAM e realização da VI Assembleia Ordinária da CNBB em Roma, durante o Concilio Vaticano II (1964) desenvolveu-se ainda mais o conceito de colegialidade, reforçado nos dias atuais pela proposta da sinodalidade do Pontificado do Papa Francisco.
Na atualidade, de todos os católicos do mundo, ainda que se fale muito do fenômeno de evasão para outros grupos e confissões religiosas, 43% estão na América Latina e Caribe e o episcopado Latino-Americano representa a maior parte do episcopado mundial, reforçado, é claro, pelos expressivos números da CNBB.
Conferências Episcopais extraordinárias:
• Com exceção da Conferência do Rio de Janeiro, todas as demais tiveram a presença do papa na sua abertura.
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