No período colonial, uma das doenças que mais atingia a população era a varíola. O seu combate fez surgir, então, as poucas iniciativas na área de saúde pública. Um pouco mais adiante, a chegada da Família Real e da Corte Portuguesa ao Brasil, em 1808, propiciou mudanças nas instâncias sociopolíticas, econômicas e sanitárias do país. Várias doenças e epidemias passaram a receber um combate maior.
A cidade do Rio de Janeiro, sede do Império português, onde se localizava o principal porto do país, tornou-se, então, um centro de intervenções sanitárias. Justamente em 1808, foi criada a primeira instância voltada para a saúde pública no Brasil, a Provedoria-Mor de Saúde, responsável pela salubridade da corte e pela fiscalização dos navios que chegavam aos portos.
Pela relevância que o combate à varíola adquiriu, Dom João VI também criou a Junta Vacínica da Corte, no ano de 1811, sendo ela responsável pela vacinação que deu base aos processos de imunização atual, desenvolvidos por Edward Jenner, considerado o “pai” da imunologia. Talvez seja a vacina um dos maiores progressos de toda a humanidade.
Após a Independência, em 1822, os serviços de saúde no Brasil passaram a ser da competência das câmaras municipais, atendendo à proposta de descentralização do poder que, em conjunto com as iniciativas particulares, estimularam a criação de instituições locais para o controle, não só da varíola, que continuava sendo o grande mal desse tempo, como de outras doenças infecciosas, como o sarampo e até mesmo a caxumba, doenças felizmente hoje sob controle.
Combate às epidemias – Questão de saúde pública
Leia MaisAs epidemias nos tempos modernos Grandes Epidemias da História: Peste Negra dizimou população da EuropaAs grandes epidemias da história Em meados do século XIX, o crescimento das epidemias da varíola, febre amarela, tuberculose e outras levou o governo imperial a centralizar as poucas ações de saúde pública existentes no país na Junta de Higiene, criada em 1849. Mas, no conjunto, a saúde pública era precária e gozava de poucos meios para se combater as epidemias.A febre amarela chegou ao Rio de Janeiro em 1849 e logo se tornou um problema complicado para as autoridades sanitárias, causando grandes estragos na população. A cidade do Rio de Janeiro, que sofria com um quadro sanitário caótico, caracterizado pela presença de diversas doenças graves como varíola, febre amarela e malária, passou por um processo de saneamento, comandado pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz.
Em 1904, foi instituída a vacinação obrigatória contra a varíola para todo o território nacional. Esta obrigação gerou um forte protesto no Rio de Janeiro, que ficou conhecido como a “Revolta da Vacina”.
O médico Carlos Chagas, sucessor de Oswaldo Cruz, introduziu a propaganda e a educação sanitária como rotina de ação, reestruturando o Departamento Nacional de Saúde, que era então ligado ao Ministério da Justiça. Em seu tempo, foram criados diversos organismos de saúde, que se expandiram para fora do Rio de Janeiro e passaram a combater os principais males de seu tempo, como a tuberculose.
As ações e campanhas de combate às endemias deslocaram-se para o campo. Estas campanhas levaram à criação da SUCAM e, mais tarde, a Fundação Nacional de Saúde ou Funasa. Foi o tempo de começar o enfrentamento de outra doença que ainda hoje causa muitos estragos na saúde pública: a doença de Chagas, provocada pelo chamado bicho barbeiro.
Um pouco mais tarde, os problemas provocados pela Primeira Guerra Mundial e pelo efeito devastador da pandemia da Gripe Espanhola, de 1918, colaboraram para que a saúde pública passasse a ocupar lugar de destaque nos debates. Esse período foi marcado por um pensamento nacionalista, que passou a ver o abandono e as precárias condições de saúde das regiões interioranas entre as principais causas dos problemas da nação.
Em 1930 se deu a criação do Ministério da Educação e Saúde, por Getúlio Vargas. Mais tarde, em 1953, criou-se o Ministério da Saúde, para centralizar todas as ações de saúde num só organismo. Ainda assim, o Brasil continuou ao longo do século XX sendo vítima de diversos males e de diversas epidemias. Até mesmo o sarampo, que havia sido controlado, tem ameaçado voltar, sem falar da epidemia da dengue e outros males que afetam grande parte do nosso país.
A grande diferença é a forma de enfrentamento e a agilidade em combater as epidemias. Enquanto a China construiu um novo hospital para tratar os infectados pelo coronavírus em apenas 10 dias, no Brasil as iniciativas se arrastam e a saúde pública nunca foi verdadeiramente tratada como prioridade número 1.
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