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História da Igreja

Turquia: local onde nasceu a primeira Igreja Católica da história

País visitado pelo papa guarda também as origens do cristianismo

Pe Jose Inacio de Medeiros

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

08 DEZ 2025 - 08H40 (Atualizada em 08 DEZ 2025 - 14H25)

Reprodução/Adobe Stock:AlexZlat

Há poucos dias, seguindo os passos de seus predecessores, o Papa Leão XIV visitou a Turquia, dessa vez para celebrar os 1700 anos do Concílio de Niceia, em sua primeira viagem apostólica internacional. E a palavra de ordem em quase todos os seus pronunciamentos foi: unidade!

Durante séculos, a Turquia foi um país eminentemente cristão, sede do patriarcado de Constantinopla que se rivalizava em poder e majestade com Roma. Desse período resta a Hagia Sophia, ou Basílica de Santa Sofia, agora transformada em mesquita.

Ao longo dos séculos, foi acontecendo um longo processo de distanciamento entre Roma e Bizâncio, outro nome dado a Constantinopla (Cidade de Constantino), até que o rompimento definitivo aconteceu em 1054.

Depois de resistir por quase 7 séculos ao avanço dos muçulmanos, Constantinopla caiu em 1453, capitulando aos turcos otomanos. A Queda de Constantinopla se tornou tão importante, que o acontecimento passou a determinar o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna.

A Turquia, chamada de Ásia Menor, foi também o berço do cristianismo e de lá, graças a Paulo e outros apóstolos, partiu a evangelização dos gentios e o cristianismo entrou na Europa. A Turquia foi também a segunda sede da Igreja, nascente depois de Jerusalém e Pedro, considerado o primeiro papa da Igreja, esteve e lá residiu por algum tempo.

Cidade cosmopolita e diversificada

Uma gruta localizada em Antióquia, onde os cristãos se reuniam, pode ser considerada a igreja mais antiga do mundo. Seu interior é bem austero e simples e os únicos que hoje existem são o altar, uma imagem e um trono de pedra.

Antioquia, hoje chamada de Antákya, localiza-se na região da Psídia, próxima à fronteira com a Síria, sendo a capital da Província de Hatai, distante mais de 1,1 mil km de Jerusalém.

A cidade começou a ser edificada por Seleuco Nicátor, um dos generais de Alexandre Magno, por volta de 320 a.C., e durante o domínio de Roma se tornou a capital do Império Selêucida e da província da Síria, atingindo um grande esplendor no tempo de Antíoco, o Grande, com os primeiros imperadores romanos.

Os persas destruíram a cidade no ano de 538 e depois de reconquistada pelo imperador Justiniano de Constantinopla foi reconstruída e embelezada.

Por cerca de dezesseis séculos, gozou de autonomia e liberdade até ser conquistada por Baibars, o Sultão da Síria e Egito, em 1268. De sua cidadela localizada no alto do rio Orontes, Antioquia conhecida como "a Dourada" dominou o Mar Mediterrâneo Oriental e, graças às riquezas advindas do comércio no final da era helenística e depois romana, chegou a contar com uma população próxima de 600 mil habitantes, sendo junto com Roma, Alexandria e Constantinopla, uma das quatro grandes metrópoles do Império Romano.

Sua população, composta por gregos, macedônios, judeus, fenícios, armênios, sírios e romanos, era cosmopolita e Antioquia se transformou numa das cidades mais diversificadas da Antiguidade e nela os homens livres, independentemente de origem, tinham o mesmo status de cidadania.

A maioria dos antioquianos falava aramaico e grego e isso, juntamente com sua proximidade geográfica com Jerusalém e seu status de "capital do Oriente", explica por que, no primeiro século d.C., Antioquia se tornou o "berço do cristianismo" como lar da primeira comunidade cristã gentia do mundo.

Berço do cristianismo

A transformação da gruta, que tem cerca de 09 metros de largura, 07 metros de altura e 13 metros de profundidade, em igreja se deve aos apóstolos Pedro e Paulo, que lá estiveram por volta de 40 d.C. durante suas primeiras viagens missionárias antes de seguir para Roma.

Paulo pregou na sinagoga da cidade, onde foi bem recebido por muitos judeus e pelos gentios temerosos de Deus, confirmando os convertidos ao cristianismo em sua segunda visita.

Por isso mesmo, Antioquia da Pisídia é mencionada no livro dos Atos dos Apóstolos como um dos locais visitados por Paulo e Barnabé durante sua primeira viagem missionária.

Com a presença dos apóstolos, ali se estabeleceu a segunda sede da Igreja e Antióquia se transformou em patriarcado junto com Alexandria e Constantinopla, sendo uma das mais importantes do cristianismo.

Foi ali que também aconteceu o conhecido “Incidente em Antioquia” que trata da disputa entre os apóstolos Paulo e Pedro referente à questão dos judaizantes, ou seja, a necessidade ou não de se circuncidar os recém-convertidos ao cristianismo que não eram da cultura dos judeus.

O episódio ocorrido por volta da metade do século I d.C. levou à convocação de uma assembleia em Jerusalém que muitos historiadores chegam a colocar como o primeiro Concílio Ecumênico da história. Essa questão é também citada na Epístola aos Gálatas (Gal 2:11).

O nome de cristãos

Foi também em Antioquia que os seguidores de Cristo que até então não tinham um nome definido pela primeira vez foram chamados de cristãos, como está no livro dos Atos dos Apóstolos (At 11, 26). É possível que isso tenha ocorrido por volta de 47 d.C.

Entre esses cristãos da comunidade nascente estavam os apóstolos Pedro, Paulo, João, além de Santo Inácio e Policarpo, depois colocados entre os Santos Padres da Igreja.

Na comunidade logo se destaca o nome de Santo Inácio. Foram os apóstolos que decidiram ordená-lo como bispo de Antioquia em substituição a Evodio. Este importante santo seria depois conduzido a Roma, onde morreu martirizado.

Grande amigo dos 3 Apóstolos que tinha o sobrenome Teóforo (que significa pessoa celestial ou divina) foi forte e corajoso ao suportar a perseguição e o martírio. Ele repreendeu destemidamente a Domiciano, imperador pagão e perseguidor.

Foi também Santo Inácio quem chamou os primeiros cristãos de católicos na carta dirigida à comunidade de Esmirna, na qual São Policarpo serviu como bispo. Esta foi uma das 07 cartas que ele escreveu durante sua viagem como prisioneiro para Roma.

No programa da viagem do Papa Leão XIV à Turquia, a visita à Antioquia não foi incluída na programação, mas nem por isso ela perde o relevo e a importância nos primeiros tempos do cristianismo.

add Leia também: Santo Inácio de Antioquia: o mártir dos primeiros séculos e suas cartas

Escrito por:
Pe Jose Inacio de Medeiros
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista que atua no Instituto Histórico Redentorista, em Roma. Graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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