A invenção da televisão

No dia 11 de agosto celebramos Santa Clara de Assis, padroeira da televisão.

Em artigo publicado no Jornal Santuário, você pode ler que, segundo conta a história, no Natal de 1253, um ano antes de sua morte, Clara, acamada, desejava muito participar da Santa Missa na igreja de São Francisco, mas não tinha condições físicas para sair.

Em oração profunda, Clara clamou ao Senhor que permitisse a ela viver a missa de Natal. Então, de acordo com o testemunho da própria santa, o milagre aconteceu. Em seu quarto, na cama, Clara viu e ouviu a missa completa e ainda pôde até comungar:

“Escutei, por graça do Senhor, toda a solenidade celebrada esta noite na igreja de São Francisco e lá estive presente, recebendo até a santa comunhão. Agradecei comigo a Nosso Senhor Jesus Cristo, por tal graça a mim concedida”.

Por ter vivido essa “transmissão” da missa em seu próprio leito, Clara é agora chamada padroeira da televisão.

A TV foi um invento que revolucionou a comunicação, trazendo progressos fantásticos na aventura humana de ser, mas, ao mesmo tempo, propôs grandes desafios que não foram ainda de todo superados.

Como os meios de comunicação são muito dinâmicos, hoje a televisão passa por um intenso processo de modificação, tendo que mudar continuamente para acompanhar os hábitos das pessoas e, ao mesmo tempo, fazer frente às novas tecnologias e formas de transmissão de conhecimento e entretenimento que vão surgindo. Leia MaisSanta Clara de Assis: profundamente apaixonada por Deus

A TV de sinal aberto, por exemplo, passa por uma grande crise, perdendo espectadores. Seus índices de audiência estão longe daqueles que eram alcançados antes. A TV por assinatura também padece do mesmo mal, devido ao desenvolvimento das plataformas de streaming e aos novos hábitos, sobretudo, das juventudes, que não possuem mais o hábito de ver TV nos moldes que acontecia a partir dos anos de 1950, mas principalmente nos anos de 1980/1990.

Muitos foram os precursores

O interesse de criar um invento que pudesse transmitir imagens à distância já existia desde o século XIX. Alguns conceitos fundamentais desenvolvidos na matemática, na física e na química podem ser considerados precursores da tecnologia utilizada na criação dos inventos que chamados de aparelhos de TV possibilitaram a transmissão de imagens à distância, num conceito de telecomunicação que já era praticado com dados pelos telégrafos e que cresceria depois com os sons do rádio.

Em meados do século XIX, mais ou menos pela década de 1840, alguns cientistas começaram a estudar a possibilidade de transmitir imagens a grandes distâncias. No ano de 1842, o cientista Alexander Bain executou um pioneiro projeto de envio telegráfico de uma imagem.

Um pouco mais tarde, em 1873, o britânico Willoughby Smith comprovou ser o selênio uma substância química com poder de converter energia luminosa em energia elétrica. Com este princípio, a televisão já podia ser imaginada como um aparelho elétrico que, ao mesmo tempo, receberia imagens. Em 1884, Paul Niokow desenvolveu um disco com orifícios em forma de espiral capaz de dividir uma imagem em elementos que eram reorganizados para sua transmissão.

Finalmente, em fins do século XIX, os tubos de raios catódicos foram aprimorados como transmissores de imagens à distância e ao entrarmos no século XX, em 1920, o escocês John L. Baird empregou os diversos princípios já desenvolvidos para esse tipo de tecnologia, montando um dos primeiros modelos de aparelho de televisão que se tem notícia. Ao contrário das outras tentativas mais ou menos limitadas, ele conseguiu aprimorar bastante a nitidez da imagem e do som com o aparelho produzido.

Inventos aceleram o surgimento da televisão

Nas primeiras décadas do século XX o aparelho de televisão foi sendo aprimorado, mas ainda não tinha viabilidade comercial. Em 1923, o russo Wladmir Zworykin desenvolveu um tubo de imagem chamado iconoscópio. Seus serviços foram então contratados pela empresa norte-americana RCA que fabricou o Orticon, primeiro modelo de televisor produzido em escala industrial.

Na década de 1930, o televisor ganhou novos reparos para ser um produto de viabilidade comercial. Em março de 1935, os alemães realizaram a primeira transmissão televisiva, mas como o mundo vivia a ascensão do nazismo, que seria um dos provocadores da Segunda Guerra Mundial, seus mentores empregaram o invento na divulgação do regime liderado por Adolf Hitler, mas pouco tempo depois, também os franceses e britânicos investiram na construção de estúdios e na transmissão de imagens.

No ano de 1954, concretizando alguns experimentos que já vinham sendo realizados, a emissora norte-americana NBC empregou um sistema com televisores preto e branco para realizar a transmissão de imagens coloridas. A partir de então, as mudanças foram acontecendo num ritmo cada vez mais acelerado, e a partir de 1962, quando o satélite Telstar realizou a primeira transmissão intercontinental enviando sinais de TV dos Estados Unidos para a Europa estávamos a um passo da globalização da comunicação televisiva.

Num mundo de comunicação dominado até então pelo rádio, a TV foi invadindo os lares, ganhando lugar privilegiado nas salas das famílias, levando à mudança de hábitos e costumes.

Pequena cronologia 

A TV no Brasil

No Brasil, a televisão apareceu pela primeira vez como grande novidade tecnológica na Feira Internacional de Amostras de 1939, ocorrida na cidade do Rio de Janeiro. Quase dez anos depois, o operador de câmera Olavo Bastos Freire realizou a transmissão de uma partida de futebol, empregando uma tecnologia improvisada. Dois anos mais tarde, o empresário Assis Chateaubriand inaugurou a TV Tupi, primeiro canal de televisão comercial do país, que infelizmente não se sustentou.

Hoje, somando todos os canais e plataformas de transmissão, são mais de 500 disponíveis, tendo eles as diversas TVs Católicas, que levam as imagens até nossas casas e aos mais diversos ambientes, mas sempre com a necessária abertura para as novidades que surgirão e com o necessário senso crítico diante do conteúdo que é transmitido.