Procissão do Círio de Nazaré em Belém do Pará leva 2 milhões de pessoas na maior procissão religiosa do mundo
Ao celebrar neste domingo (13) a 221ª edição do Círio de Nazaré, uma procissão de aproximadamente 2 milhões saiu às ruas de Belém do Pará (PA) para acompanhar a Imagem de Nossa Senhora de Nazaré por um trajeto com quase quatro quilômetros de extensão, da Igreja da Sé até a Basílica Santuário.
O povo paraense começou cedo sua peregrinação, por volta das 6h30, uma procissão cheia de emoção, fé e repleta de agradecimento pelas inúmeras graças alcançadas pela intercessão de Maria, Mãe de Jesus.
Antes da procissão, em frente a Catedral da Sé, no bairro da Cidade Velha, às 5h, o Arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira presidiu uma missa, em seguida os fiéis saíram em procissão, que está prevista para chegar às 12h, na Praça Santuário de Nazaré, onde ocorre a celebração final que marca o encerramento da caminhada.
Após a grande procissão, a Imagem da Virgem ficará exposta no altar da Praça Santuário para a visita dos fiéis durante os 15 dias da quadra nazarena.
O Círio 2013 em números
Corda – A Imagem da Santa Peregrina é conduzida dentro da Berlinda, que é puxada por um dos principais ícones do Círio, a Corda, que este ano deve contar com aproximadamente 7.200 promesseiros. A Corda foi inserida no Círio em 1855, quando, em decorrência das fortes chuvas, a feira do Ver-o-Peso ficava inundada. A solução foi atar cordas a fim de que os romeiros pudessem desatolar a Berlinda, que até então era conduzida por tração animal, para agilizar a romaria.
A Corda incorporou-se de tal forma à procissão que foi introduzida oficialmente em 1885 e tornou-se um dos mais fortes elementos do Círio, representando a intensidade da devoção mariana e o amor sem medidas à Padroeira dos Paraenses.
Curiosidades
Fé – A devoção a Nossa Senhora de Nazaré remonta ao início da colonização portuguesa. O termo Círio vem da palavra latina “cereus”, que significa vela ou tocha grande. Por ser a principal oferta dos fiéis nas procissões em Portugal, com o tempo, o termo passou a ser sinônimo da procissão de Nazaré aqui em Belém e de muitas outras pelas cidades do interior do Estado.
Duração – O ano de 2004 ficou marcado na história do Círio de Nazaré por ter tido a mais longa das procissões de todos os tempos, com trajeto cumprido em 9 horas e 15 minutos. Este mesmo ano marca a classificação do Círio de Nossa Senhora de Nazaré foi registrado como patrimônio cultural de natureza imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Milagres - São inúmeros os milagres atribuídos pelos cristãos à Virgem de Nazaré. O primeiro conhecido no mundo foi relatado pelo fidalgo Dom Fuas Roupinho, cujo cavalo galopava descontrolado para um abismo. Ao invocar a Virgem, o cavalo estancou, salvando o fidalgo da morte certa. Outro milagre aconteceu no ano de 1846, com os passageiros de um brigue português – embarcação de dois mastros comuns – denominado São João Batista, que deixou Belém rumo a Lisboa no dia 11 de julho. Dias depois, o brigue naufragou e os passageiros foram salvos por um bote que os trouxe de volta à Belém. O brigue havia, anos antes, transportado a Imagem de Nossa Senhora de Nazaré a Lisboa, para ser restaurada. O bote que salvou os náufragos também era o mesmo que tinha levado a Imagem até o brigue ancorado ao largo da cidade.
Como representação de alguns desses milagres, os romeiros levam objetos de cera, miniatura de barcos, casas e até mesmo cadernos e livros. Esses objetos são depositados nos carros das promessas. Ao todos são 13 carros: Carro de Plácido, Barca dos Escoteiros, Barca Nova, quatro Carros dos Anjos, Cesto de Promessas, Barca com Velas, Barca Portuguesa, Barca com Remos, Carro Dom Fuas e Carro da Santíssima Trindade.
Ex-votos – O destino de alguns ex-votos, ou seja, os objetos depositados nos Carros do Círio, e que representam as graças alcançadas pela interseção de Maria, vão para o Memória de Nazaré, exposição permanente em espaço montado ao lado da Casa de Plácido desde o ano passado, e também no Museu do Círio, instalado no Complexo Feliz Lusitânia.
História – No Pará, a devoção à Virgem nasce com a história do caboclo Plácido, que encontrou a pequena Imagem de Nossa Senhora de Nazaré às margem do Igarapé Murutucu, que corria pela atual travessa 14 de Março, onde hoje ficam os fundos da Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré. Imaginando que algum devoto da cidade de Vigia havia esquecido a Imagem ali, levou-a para casa. No dia seguinte, não a encontrou. Ela havia retornado ao igarapé. Nova tentativa, novo retorno da Imagem ao nicho que havia escolhido. A Imagem, então, teria sido levada para a Capela do Palácio do Governo da Província, onde ficou guardada por escolta. De manhã, não havia nada na Capela, a Imagem havia retornado ao igarapé. Obedecendo aos desejos da Virgem, à beira do igarapé foi construída uma ermida, que deu início à romaria e à devoção do povo paraense à Virgem de Nazaré.
A primeira procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré saiu na tarde do dia 8 de setembro de 1793. Na noite anterior, a Imagem da Santa havia sido transferida de sua ermida na Estrada do Utinga para o Palácio do Governo, com toda a pompa da época, com 1.932 soldados da Milícia participaram do cortejo. A mobilização foi grande, tinha gente de toda a redondeza de Belém atraída pela feira que o governador determinou que fosse instalada no terreno que circundava a ermida, para a venda de produtos regionais. Desde a sua instituição, até 1881, a procissão saia da Capela do Palácio do Governo.
O Círio passou a ser realizado pela manhã em 1854, uma adequação feita por conta das fortes chuvas que aconteciam durante a tarde. A partir de 1882, o bispo Dom Macedo Costa, de comum acordo com o Presidente da Província, Dr. Justino Ferreira Carneiro, resolveu que o ponto de partida seria a Catedral da Sé, o que acontece até hoje.
O segundo domingo de outubro ficou definido como o dia de realização da procissão do Círio, em 1901. No Círio 200, em 1992, a Imagem que saiu na procissão foi a Imagem Original encontrada por Plácido. Até o ano de 1999, a Missa foi celebrada no interior da Igreja, como a cada ano aumentava mais a participação do povo, a partir do ano 2000, a pedido do Padre José Gonçalo Vieira, Vigário da Cúria Arquidiocesana, a missa passou a ser celebrada em um tablado em frente à Catedral da Sé.
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