Por Pe. José Luis Queimado, C.Ss.R. Em Igreja

Conhecendo os Evangelhos: Acolher o diferente!

EVANGELHO – Mt 12, 38-42 

38 Nisso, alguns escribas e fariseus tomaram a palavra, dizendo: “Mestre, queremos ver um sinal feito por ti”. 39 Jesus, porém, respondeu-lhes: “Geração má e adúltera! Está pedindo um sinal, mas não lhe será dado outro sinal senão o do profeta Jonas. 40 Pois como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim o Filho do homem passará três dias e três noites no seio da terra. 41 No juízo, os habitantes de Nínive vão levantar-se com esta geração e vão condená-la, porque eles fizeram penitência ao ouvirem a pregação de Jonas. E aqui está alguém maior que Jonas! 42 No juízo, a rainha do sul vai levantar-se com esta geração e vai condená-la, porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está alguém maior que Salomão!”. 

Jonas

REFLEXÃO 

Vemos que Jesus usava todos os tipos de linguagem para atingir o seu público. Às vezes ele é doce e paciente; às vezes, é mais enérgico e direto; às vezes, ameaça. Aqui, temos uma clara ameaça de Jesus àqueles chefes de Israel.

As ameaças do Mestre são um artifício de amor, pois essa dádiva é capaz até de ameaçar para ganhar o seu amado. Ele não ameaçava por ódio ou por mágoa dos líderes de Israel, mas o fazia por causa de seu sonho de abarcar a todos em seu Projeto.

 

"Jonas se nega a ir a uma terra estrangeira, e foge de Deus. Mas o Senhor Deus pensa diferente dos seres humanos e, de uma forma bem inusitada, faz com que Jonas chegue a Nínive, levado na barriga de um grande peixe". 

Jesus rompe com a tradição e com a rigidez das normas, e faz algumas citações ousadas do Antigo Testamento. É claro que citar o profeta Jonas não era visto como heresia, mas citar o profeta para exaltar uma população estrangeira, pertencente a um dos impérios mais táticos e cruéis de todos os tempos (Império Assírio), era um absurdo para os chefes e senhores.

No Livro de Jonas, Javé ordena que o profeta vá levar uma mensagem aos ninivitas, pedindo para que eles se arrependam de seus pecados. Mas Jonas se nega a ir a uma terra estrangeira, e foge de Deus. Mas o Senhor Deus pensa diferente dos seres humanos e, de uma forma bem inusitada, faz com que Jonas chegue a Nínive, levado na barriga de um grande peixe. E lá, em Nínive, pregando a conversão, obtém uma resposta de fé e de conversão daquele povo.

Historicamente, é evidente que essa viagem e essa conversão da capital do Império Assírio são simbólicas, mas a mensagem é maravilhosa: até mesmo os estrangeiros têm lugar no coração de Deus. E Jesus vai retomar essa passagem exatamente para repreender os seus conterrâneos, que não creem na sua missão.

A Rainha do meio dia (Rainha do sul ou Rainha de Sabá) era a que simbolizava as nações estrangeiras que se submetiam à sabedoria de Salomão. A monarca de Sabá, na Etiópia, é descrita no Primeiro Livro dos Reis como aquela que se admira com a sabedoria do rei, que representa o ungido do Deus de Israel. (1Rs 10).

O mais importante para o evangelista é salientar que Jesus anuncia a sua morte e Ressurreição, comparando-as com os acontecimentos pelos quais Jonas passou (três dias dentro da baleia). Jesus sabe que existe muita incredulidade no coração humano, pois sempre lhe pedem um sinal de seu poder e de sua autoridade; Ele, no entanto, apela para a fé e para a confiança radical.

Aquela geração perversa e incrédula representa todas as gerações de seres humanos a passarem por esta terra, pois somos feitos de dores e alegrias, de dúvidas e certezas. Também somos incrédulos, também somos seres de fé: uma constante guerra de opostos habita o nosso ser! A dialética essencial para uma vida saudável!

A opção por Jesus e por sua mensagem se faz necessária nos dias de hoje. E essa opção deve ser radical, pois “quem põe a mão no arado não deve olhar para trás” (cf. Lc 9, 62).

Se Jesus acolhe a todos e se preocupa com os estrangeiros pagãos é certo que nós não podemos ser diferentes. É exigida de nós uma acolhida sem acepção de pessoas. Amar a todos, sem exclusões e preconceitos! Essa é a regra de ouro do Cristianismo: acolher principalmente o que está mais longe de um caminho saudável, pois “são os doentes que precisam de médico, não os que têm boa saúde!” (Mt 9, 12).  

Padre Queimado articulista colunista

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